Ponto de vista da SerenaQuando eu passei pelas portas do escritório, mal tive um segundo para respirar antes de a Stevie me ver do outro lado da sala. Os olhos dela brilharam, e ela praticamente correu até mim, me puxando para um abraço tão apertado que parecia que ela queria tirar os últimos dias de preocupação de dentro de mim.— Serena! — Ela disse, se afastando um pouco, me olhando como se quisesse ter certeza de que eu estava inteira. — Onde diabos você estava? Me fez surtar!Eu tentei sorrir, tentando fazer a situação parecer mais simples.— Estou bem, Stevie. Só... Peguei um vírus. Precisei de alguns dias para descansar.Dei a ela um sorriso que eu esperava ser reconfortante, mas ela estreitou os olhos, sem parecer totalmente convencida.— Pegou um vírus, é? — Ela cruzou os braços, não deixando barato. — Tem certeza? Porque você parece ter passado por um verdadeiro sufoco, amiga.— Eu prometo! — Eu disse, tentando soar animada. — Só precisei de um tempo para descansar.Eu não q
Ponto de vista da SerenaQuando chegamos à casa do Bill, mal esperei o carro parar antes de sair correndo em direção à porta. Bill deve ter ficado nos observando, porque a porta se abriu assim que eu cheguei perto dela. Ele parecia tenso, com o maxilar rígido, e eu sabia que ele estava tão ansioso quanto eu.— Cheguei assim que vi a mensagem do James. — Ele disse, olhando de um para o outro.— Então vamos logo, não vamos perder tempo. — Respondeu James, passando por nós e indo para a sala de estar. Bill e eu o seguimos, e eu me acomodei na beirada do sofá, com as mãos apertadas no meu colo.James tirou o laptop da mochila, colocando-o na mesa de café, e respirou fundo antes de começar a falar.— Bom, depois de acompanhar algumas pistas, consegui focar no Harry O’ Donnell. — Começou ele, com um tom firme e baixo. — Acontece que ele não é exatamente o cara mais cuidadoso quando se trata de passar despercebido. Ele está em São Paulo, e tive sorte de encontrar ele em alguns feeds de vigilâ
Ponto de Vista do Bill— Eu vou com você. — Disse Serena, sua voz firme, sem dar espaço para discussão.Eu a encarei, e já sabia que não conseguiria mudar sua decisão. Mas tentei mesmo assim. — Serena, isso pode ser perigoso. Você não sabe no que estamos nos metendo.Ela balançou a cabeça, seu olhar inabalável.— Bill, aquele é meu filho. Eu não vou ficar sentada esperando você trazer ele de volta. Eu preciso ver ele. Preciso saber que ele está bem.Senti o peso de suas palavras e a força por trás delas. Ela era uma mãe que passou incontáveis dias temendo o pior e já estava pronta para fazer qualquer coisa. Suspirei, acenando com a cabeça, relutante.— Tudo bem. Mas você tem que ficar perto da gente, e se algo parecer errado, você se afasta. Promete?Ela assentiu, sua expressão suavizando por um momento antes que a determinação voltasse aos seus olhos.— Vamos logo.James estava esperando do lado de fora, braços cruzados, nos observando enquanto nos aproximávamos.— Todo mundo pronto?
Ponto de Vista do Bill— Eu não faço ideia do que você está falando. — Disse Harry em um tom cortante, a voz afiada e na defensiva. Os olhos dele corriam pelo cômodo como os de um animal encurralado, e o rosto pálido traía o medo que ele tentava esconder.— Não mente para mim. — Falei com a voz baixa, apesar da raiva fervendo por dentro. — Você sabe exatamente quem eu sou e por que eu estou aqui. Procurei meu filho em todo lugar. Não vou embora até você me dizer onde ele está.Os olhos de Harry se estreitaram, e ele soltou uma risada seca.— Seu filho? Eu nem te conheço. Isso é loucura.Ele tremia levemente, tentando manter o controle, mas estava claro que escondia alguma coisa. Apertei ainda mais o aperto nele, observando sua máscara começar a cair, revelando a culpa por trás. Sentia Serena ao meu lado, a respiração dela ficando mais curta, as emoções à flor da pele. A mão pairava perto da boca, como se ela estivesse se segurando com todas as forças.Por fim, ela deu um passo à frente
Ponto de Vista do BillO mundo parecia estar se fechando, tudo encolhendo até aquele momento. Minha mãe estava ali, parecendo tão menor do que eu lembrava, segurando Collin junto a si. Ela parecia frágil, quase irreconhecível.Seu rosto estava pálido, magro, com as maçãs do rosto salientes, os olhos fundos e cercados de sombras escuras. Seu cabelo, que sempre foi tão arrumado, caía solto, algumas mechas atravessando seu rosto. Ela o abraçava forte, mas sem nenhuma força real, como se estivesse... Vulnerável.Mas aquilo não importava. Nada daquilo apagava o que ela tinha feito.Minhas mãos tremiam. Eu sentia cada músculo tenso, meu corpo preso entre a raiva e a incredulidade. Minha mãe, a mulher que me criou, que deveria nos proteger, estava ali, guardando aquele segredo horrível. Como ela pôde? Como pôde fazer aquilo com a Serena, comigo, com o Collin?— Mãe... — A palavra mal saiu da minha boca. Estava forçada, quase estranha. Eu não sabia nem como olhar para ela naquele momento. — Is
Ponto de Vista do BillEu segurei o Collin com força, encarando minha mãe, mal conseguindo acreditar no que ela tinha acabado de dizer. Ela me olhou, os olhos marejados, implorando, mas eu simplesmente não conseguia confiar nela, não depois de tudo que ela tinha feito.— Câncer em estágio quatro? — Repeti, com a voz carregada de desconfiança. — Então agora você está morrendo e eu deveria... O quê? Te perdoar? Deixar tudo para lá? — Balancei a cabeça, sentindo a raiva crescer no peito. — Você mentiu para mim, tirou meu filho de mim, e agora eu deveria acreditar que, de repente, você virou essa mulher frágil e doente?Ela deixou os ombros caírem, e ela abaixou o olhar, o rosto pálido como se cada palavra que eu dizia a ferisse ainda mais.— É a verdade, Bill. — Ela sussurrou, a voz quase sumindo. — Eu não estou pedindo perdão. Só... Só queria ver ele mais uma vez. Por favor.Cerrei os dentes, lutando contra a vontade de gritar tudo o que eu queria jogar na cara dela. Mas uma partezinha i
Ponto de vista da SerenaJá tinham se passado alguns dias desde que trouxemos o Collin para casa, e a cada manhã parecia que acordávamos para um milagre. Eu e o Bill tínhamos liberado nossas agendas, tirado uma pausa de tudo só para ficar com ele, aproveitando cada pequeno momento que havíamos perdido. Havia algo mágico naqueles dias, silenciosos e simples, mas ao mesmo tempo, extraordinários.Collin estava ficando mais à vontade, começando a se adaptar ao novo ambiente. Suas mãozinhas agarravam tudo que conseguiam alcançar, e a sala se enchia de risadas toda vez que ele descobria algo novo. Naquela manhã, ele ficou fascinado com os brinquedos espalhados no tapete da sala, os olhos arregalados de tanta curiosidade enquanto pegava um por um.Bill e eu nos sentamos no chão ao lado dele, como se fôssemos uma família de verdade, como se aquela sempre tivesse sido a nossa vida, nossa rotina. Era estranho como tínhamos nos encaixado tão fácil naquilo, mas ao mesmo tempo... Parecia que estáva
Ponto de vista da SerenaCollin estava deitado de barriga para baixo, as perninhas chutando no ar enquanto se contorcia de um brinquedo para outro, determinado a pegar todos que estivessem ao seu alcance. Era uma cena tão feliz que me enchia de uma sensação de calor que eu nem sabia que estava faltando na minha vida.Bill e eu também estávamos no chão com ele, assistindo enquanto ele balbuciava na sua própria linguagem, agarrando blocos e bichinhos de pelúcia, examinando tudo como se fossem as coisas mais incríveis do mundo. De vez em quando, ele levantava o olhar para a gente com aqueles olhos grandes e curiosos, e eu jurava que sentia meu coração se expandir a cada vez que aquilo acontecia.— Olha só ele. — Disse Bill, rindo enquanto Collin engatinhava na direção de um dos seus brinquedos preferidos, um leão de pelúcia macio que ele simplesmente adorava. — Está parecendo um pequeno explorador.— Pois é, o Rei Colin fazendo uma ronda pelo reino. — Respondi, sorrindo enquanto Collin al