Capítulo 4
Eu sorri.

— Então vou te dar.

A expressão de Marcos mudou de repente, sua voz baixa repreendendo:

— Não seja tola. Este é o símbolo da Luna da alcateia.

Mariana já o havia tomado e colocado no dedo, erguendo a mão diante dos olhos dele:

— Irmão, combina comigo?

Marcos a olhou com uma ternura exagerada, assentindo imediatamente.

Só então pareceu lembrar-se da minha presença, voltando-se para acrescentar em tom abafado:

— Deixe Mariana usá-lo por um tempo... No dia da cerimônia de marcação, eu entrego a você.

Respondi sem me importar.

Esse tipo de situação havia acontecido inúmeras vezes na minha vida passada, e ele nunca devolveu nada para mim.

Chegamos ao shopping.

Mariana correu na frente para experimentar todos os modelos de anéis, e ainda puxou Marcos para ver outros adornos.

Quando finalmente chegou a minha vez de escolher, não importava o que eu pegasse, Mariana logo criticava em voz alta, listando defeitos.

A atendente, constrangida, disse:

— Desculpe, mas estes são todos os modelos que temos disponíveis.

Ri com desprezo em meu íntimo.

Um Alfa de alcateia trazendo sua própria Luna para comprar anel pronto em loja comum, em vez de mandar fazer sob encomenda... isso já mostrava o quanto ele era negligente.

Exteriormente, mantive a calma:

— Deixe para outro dia.

Ao sairmos do shopping, Marcos tirou um bilhete do bolso do sobretudo e me entregou — uma passagem de trem para O Território Sul, válida dali a quatro dias. Era uma passagem de pé.

— Não é que eu queira deixá-la para trás, — Explicou ele, — Para esta inspeção, só liberaram a passagem de um veículo. Eu e Mariana vamos primeiro para a cidade de Atlanta, ajeitamos tudo lá e depois esperamos você.

Olhei para aquele bilhete, e o sorriso em meus lábios foi desaparecendo, tornando-se frio.

Da alcateia Lua Negra até Atlanta eram três dias e três noites. Como ele podia achar que eu ficaria em pé o caminho inteiro? Um Alfa preparar para sua Luna apenas uma passagem de pé? Ridículo.

E além disso, a vaga garantida da Universidade Emory era única. Se ele já levava Mariana, o que eu iria fazer lá? Ser a babá?

A resposta era óbvia.

Ao ver-me aceitar o bilhete, Marcos pareceu aliviado.

— Mesmo que você nunca tivesse frequentado uma universidade, eu não a desprezaria. Você é minha única Luna. Só envelhecerei ao seu lado, dividindo alegrias e dificuldades. Com Mariana é apenas um laço fraterno.

Olhei para ele surpresa. Na vida passada, ele jamais havia dito tais palavras.

De repente, um veículo de transporte tribal surgiu em alta velocidade na esquina.

Marcos reagiu rápido como um raio, puxando Mariana para fora do caminho.

No movimento, pisou com força no meu pé — a dor me deixou imóvel por um instante.

Foi nesse momento que o carro fez uma curva brusca, colidindo diretamente comigo, que havia ficado parada.

Fui arrastada vários metros pelo chão, o corpo como se estivesse em pedaços, incapaz de me levantar.

O motorista saiu correndo, desesperado:

— Você está bem? Não foi de propósito! Vou levá-la ao hospital agora mesmo!

Enquanto alguns na multidão chamavam ajuda médica, ergui com esforço a cabeça e vi Marcos abraçando Mariana com expressão de terror, esquecendo completamente que eu existia.

Suas palavras sobre devoção para toda a vida soavam vazias e falsas.

O motorista me levou à clínica.

Felizmente, não houve ferimentos internos graves; o diagnóstico foi apenas de arranhões externos já em cicatrização. Por segurança, recomendaram-me passar a noite internada.

Deitada na cama, minha mente ficou em branco.

À noite, Marcos entrou com semblante pesado.

Ao ver-me acordada, sua expressão foi de choque:

— Rafaela, você está bem? Vou providenciar sua alta amanhã.

Mantive o olhar frio e sem expressão.

Ele ficou inquieto:

— Mariana ficou assustada... Eu estive a noite toda tentando acalmá-la...

Sua voz foi enfraquecendo:

— Foi tudo muito rápido, Mariana estava perto, e eu instintivamente... Não percebi que você seria atingida.

Interrompi, gelada:

— Quando você parte para Atlanta?

Ele respondeu baixo:

— Amanhã de manhã.

— Ótimo. Pode ir agora.

Virei-me de lado, fechando os olhos.

Ele ficou parado por um tempo, antes de sair.

Na manhã seguinte, a mãe de Marcos apareceu trazendo uma panela de caldo de ossos de cervo recém-preparado:

— Rafaela, querida, Marcos me contou o que aconteceu. Está melhor?

— Já recebi alta hoje. Obrigada pela preocupação.

Ela colocou a tigela sobre a mesa e começou a falar, tagarela:

— Marcos nunca cuidou de ninguém, e Mariana ficou tão assustada...

De repente percebeu que não devia continuar, e calou-se.

— Senhora, quem firmou o vínculo de companheiros com Marcos foi Mariana. — Disse eu.

Ela arregalou os olhos, surpresa:

— O quê?

— O nome que escrevi no registro da Luna foi o de Mariana.

O rosto dela se iluminou de alegria:

— Rafaela, obrigada por realizar isso... mas o seu conexão destinado com Marcos...

— Eu tenho outro modo de lidar com isso. Só não conte nada a Marcos nem a Mariana. — Respondi.

A mãe dele apertou minha mão com força:

— Eu entendi! Mas para onde pretende ir?

— Partirei em alguns dias. — Não mencionei o destino.

Ela ainda tentou perguntar mais, mas fechei os olhos, encerrando a conversa.

No dia da alta, não avisei ninguém. Antes de sair, enviei uma mensagem para Marcos:

— Marcos, já parti, estou no trem a caminho do Território Norte. Sei que é Mariana quem você ama, então deixo vocês ficarem juntos. Que a Deusa da Lua os abençoe.

Juntei ao recado a passagem de trem para Atlanta e uma cópia do registro da Luna, enviando-os para o endereço em Atlanta.

Em seguida, embarquei no trem com destino à cidade de Cambridge.
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