— Nós acreditamos que a orientação da Deusa da Lua não erra. — Foram essas palavras de Mariana que fizeram Marcos ceder.
Na verdade, ela apenas o mantinha preso.
Pois ele não passava de um Alfa de uma pequena alcateia sem renome, enquanto Mariana aguardava por um lobisomem mais poderoso, uma oportunidade de aliança melhor.
Às vésperas de deixar a alcateia, organizei os bens que meus pais haviam me deixado e depois bebi a poção de transferência de conexão que a bruxa me entregou.
Assim que voltei para a nova casa onde viveria com Marcos, ouvi a voz manhosa de Mariana:
— Irmão, você está prestes a firmar a conexão e ainda assim vai comigo à Floresta do Pôr do Sol... A Rafaela não vai gostar de mim.
— Ela não ousaria. — A voz de Marcos era suave. — Mariana, você é a pessoa que mais importa para mim. Ela nunca poderá se comparar a você.
— Se ela não te tratar bem, eu mesma romperei a nossa conexão de companheiros.
Minha loba rugiu dentro de mim. Minhas unhas quase se cravaram na palma da mão enquanto eu engolia as lágrimas de volta.
Embora já tivesse decidido partir, Marcos tinha sido meu companheiro por décadas na vida passada. Ouvi-lo falar com tanta crueldade ainda dilacerava o meu coração.
Enxuguei as lágrimas e empurrei a porta, como se não tivesse escutado nada.
Marcos afastou Mariana de repente, ele tocava no nariz enquanto tentava me dar uma explicação apressada:
— Eu... O espírito de loba de Mariana estava instável agora há pouco. Ao abraçá-la, dei a ela um pouco de segurança.
Respondi apenas com um "hum" e me virei para o meu quarto.
Na vida passada, eu os vi abraçados inúmeras vezes. De nada adiantaram as brigas e discussões.
Nesta vida, não pretendo mais desperdiçar energia.
Ele me chamou:
— Rafaela Duarte, os convites para a cerimônia de marcação já foram enviados? Preparei alguns presentes para os convidados, você poderia distribuí-los.
Não entendia de onde vinha tanto entusiasmo. Talvez fosse a culpa por eu tê-los flagrado juntos pela primeira vez e a vontade de compensar.
— Distribua como quiser. — Minha voz foi indiferente. — Não precisa me perguntar sobre isso.
Ele ficou atônito por um instante, talvez não esperasse a minha recusa.
Foi então que Mariana se levantou, encostando-se a Marcos com uma expressão cheia de mágoa:
— Rafaela, Marcos só veio mesmo para cuidar da minha saúde, não me interprete mal.
Em suas mãos estava o buquê que eu havia preparado para a cerimônia de marcação.
As sementes da flor-da-lua eram raras e ainda mais difíceis de cultivar. Na vida passada, gastei boa parte das minhas economias comprando-as de um lobo errante, cuidando delas dia e noite durante um ano inteiro até que florescessem.
Tudo porque eu acreditava que, ao levar flores abençoadas pela Deusa da Lua no dia da nossa cerimônia e firmar o conexão com Marcos, seríamos felizes até envelhecer.
Agora, todas estavam quebradas por ela antes da hora.
Quando notou meu olhar nas flores, a fisionomia de Mariana mudou:
— Rafaela, hoje minha loba voltou a se agitar... Ao passar pelo jardim, acabei pisando em algumas flores sem querer... por isso, trouxe-as comigo.
Seus olhos rapidamente se encheram de lágrimas, fitando Marcos através de uma névoa úmida.
Marcos afagou-lhe a cabeça e, franzindo a testa, olhou para mim:
— Rafaela, fui eu que...
Ergui a mão, interrompendo suas palavras:
— Coloque-as num vaso. Afinal, essas flores nasceram para serem colhidas.
Na vida passada, depois de firmarmos a conexão, eles se encontraram às escondidas no meu jardim de flores. Marcos chegou a bloquear minha percepção através da nossa conexão mental.
Foi numa noite de insônia que os descobri. Só de lembrar, sinto nojo.
Sem dizer mais nada, virei-me e tranquei a porta num só gesto, deixando do lado de fora dois rostos atônitos.
Peguei a carta de admissão em papel que havia retirado da caixa de correio naquela tarde e a acariciei com os dedos.
Na vida passada, eu já havia recebido a carta de aceitação da Universidade Harvard, mas nunca lhes contei.
Marcos presumiu que eu só havia sido aceita numa universidade comum e se queixou de que, após ele partir em visita, ninguém cuidaria de seu pai gravemente doente. Pediu-me que ficasse.
Eu concordei. Por ele, abandonei a vaga na melhor universidade do mundo e permaneci na alcateia para ser seu apoio.
Nesta vida, só desejo abraçar um futuro de luz.
Faltavam sete dias para o início do semestre, mas ainda havia muito a resolver antes de partir.
Coincidentemente, a poção da bruxa também precisava de sete dias para fazer efeito.
A voz de Marcos veio do lado de fora da porta e eu franzi a testa ao me levantar.
Logo em seguida, ouviram-se batidas abruptas. Torci o cenho mais uma vez e, contrariada, levantei-me para abrir a porta.
Marcos segurava uma caixa de joias. Abriu a tampa com uma expressão de ternura:
— Este rubi, que comprei no leilão anteontem, serve perfeitamente como a pedra principal da sua coroa.
Fiquei paralisada por um instante.
Depois de ter visto sua indiferença incontáveis vezes na vida passada, esse gesto repentino de me presentear com uma joia parecia-me estranho e difícil de aceitar.
— Leve de volta. Não preciso disso.
— Sua coroa ainda está vazia. Se não for esta, de onde tirará outra pedra preciosa?