Aurora Duarte Ricci
O quarto de hotel estava mergulhado em um silêncio reconfortante, interrompido apenas pelo som da minha respiração controlada. Eu estava sentada na beira da cama, encarando a mala semiaberta. As lembranças do passado voltavam a me atormentar, como se tivessem esperado o momento certo para me assombrar.
Então, a campainha tocou.
Meu coração acelerou. Nenhuma visita era esperada. Levantei-me hesitante e abri a porta.
E lá estava ela.
Isabela sorriu ao ver o pequeno no sofá e, sem cerimônia, disse:
— Sentiu minha falta, irmã?
Fechei os olhos por um segundo. Eu sabia que ela viria. Ester nunca guardava segredo por muito tempo.
— O que aconteceu? Quando chegou?
— Já tem dois dias. Achou que Ester não me contaria que você veio aqui novamente? Só que, dessa vez, cuidei pessoalmente do pedido que fez a Ester. — Sua voz carregava aquele tom autoritário que sempre teve.
Ela entrou e se acomodou no sofá, cruzando as pernas com a elegância de quem já sabia