*Ponto de vista de Scott*
Aquela garota estava me comparando com a pior espécie de homem… e, de repente, minha mente viajou para meu próprio passado. Lembrei do meu pai e de como seu temperamento artístico custava caro à minha mãe. Em segundos, me vi adolescente, no conservatório de música, tentando aumentar minha autoestima através das notas e das partituras. Eu era um jovem triste, e agora entendia que havia mais ali do que conseguia explicar na época.
Meus pais acreditavam naquele tipo de casamento que “deveria durar até a morte nos separar”, mesmo que a convivência fosse insuportável. Meu pai era horrível com minha mãe e um conquistador nas ruas; ela sabia de suas escapadas e engolia tudo, temendo o julgamento alheio. Um casamento arranjado, cheio de interesses familiares, onde o único verdadeiro elo era o amor que sentiam por mim. Mas amor de filho não preenchia o vazio do dia a dia: gritos, brigas, violência… eu me refugiava na música, nos fones de ouvido, no meu próprio mundo.