Capítulo 4
Eu olhei para Lydia, que estava parada na porta.

Ela me observava com aqueles olhos grandes e inocentes, o rosto tomado por uma expressão de preocupação.

— Irmã, vamos fazer as pazes, por favor? Como nos velhos tempos. — Sua voz era suave, e seus olhos brilhavam com lágrimas contidas, fazendo-a parecer completamente lamentável.

Essa era a sua especialidade.

— Você se lembra da coroa de flores do luar que você fez para mim? — Lydia continuou.

— Amanhã é o Festival da Lua Cheia. Poderia fazer outra para mim? Como um presente para celebrar minha promoção.

Um brilho de alívio cruzou o rosto de Sarah enquanto ela me apressava: — Isso não é a única coisa em que você realmente é boa? Lydia está lhe oferecendo um ramo de oliveira, Elena. Você deveria ser grata e simplesmente fazer isso.

Eu não me movi. A menção da coroa de flores de luar me levou de volta a sete anos atrás.

Lydia acabara de ser trazida para casa pelo meu pai.

Eu tinha feito uma coroa para ela, animadamente, escolhendo cuidadosamente as mais belas flores do luar.

Só porque ela disse uma vez que as amava, eu fiz uma coroa para ela, suportando as incontáveis queimaduras que a seiva da flor deixava em meus dedos.

Para uma loba fraca como eu, a seiva era como prata diluída, e cada toque era uma tortura.

Mas eu cerrei os dentes e persisti, criando uma coroa perfeita.

Mas quando Lydia a colocou, ela teve uma reação alérgica e desmaiou, com o corpo inteiro coberto por manchas vermelhas.

O curandeiro da alcateia disse que era o pólen.

Quando ela acordou, a primeira coisa que fez foi chorar nos braços de Caleb.

— Alfa, a coroa foi uma prova da boa vontade de Elena. Ela disse que ficaria tudo bem se eu a usasse por um tempinho. Por favor, não culpe Elena. A culpa é toda minha por ser tão teimosa!

Lembro-me perfeitamente de ficar parada, impotente, diante da enfermaria, murchando sob o olhar ressentido de Caleb.

— Eu não sabia que Lydia era alérgica a flores do luar. Ela nunca me disse... — Tentei explicar

Caleb não quis ouvir.

Ele me trancou nas celas da alcateia por três dias inteiros.

Foi um pesadelo vivo.

Sem comida, sem água, nem mesmo higiene básica.

Eu me encolhi em um canto escuro, ouvindo os sons de risadas e celebração vindos de fora, enquanto eles brindavam à "recuperação" de Lydia.

Quando finalmente me soltaram, eu estava tão fraca que mal conseguia ficar em pé.

— Você se esqueceu? — Eu disse agora, olhando para o rosto impecável de Lydia. — Você é alérgica a flores do luar.

Com a menção disso, o ar no quarto pareceu se enrijecer.

Nesse instante, Caleb abriu a porta com um empurrão e entrou.

Ele ouviu parte da conversa e parou no meio do caminho.

Na verdade, mesmo quando eu estava delirando naquela cela, eu senti através do nosso vínculo de companheiros.

Ele tinha vindo secretamente me ver no meio da noite.

Mas nada disso importava mais.

Agora, ele estava completamente ao lado de Lydia.

— Alérgica? — Lydia riu suavemente, mas percebi o leve tremor nervoso em sua voz. — Irmã, isso foi há tantos anos.

Ela se aproximou. — Estou muito mais forte agora. Já superei essa alergia há tempos. Meu treinamento como guerreira aumentou minha resistência.

Enquanto falava, estendeu a mão, como se quisesse provar o que dizia. — Viu? Não tenho medo de flores do luar agora.

Suas unhas cravaram na minha pele, a pressão aumentando.

Quando a dor me fez finalmente puxar o meu braço de volta, ela cambaleou e caiu no chão, como se eu a tivesse empurrado.

Ao cair, vi sua outra mão roçar discretamente em sua manga da blusa.

— Ah! — Ela caiu o chão com força, soltando um gemido de dor.

Quase ao mesmo tempo, manchas vermelhas começaram a aparecer em suas bochechas pálidas.

— Lydia! — Sarah gritou, correndo para o lado dela. — Deuses, ela está cheia de manchas!

As manchas se espalharam rapidamente, das bochechas para o pescoço e descendo pelos braços.

Certamente parecia uma reação alérgica grave.

John me lançou um olhar furioso, a voz trêmula de raiva: — Elena, o que você fez com ela?

Eu não tinha feito nada. Eu só tinha puxado meu braço para longe.

Mas eu não tinha como me defender.

Lydia se apoiou em Sarah, choramingando dolorosamente.

— Mãe, está coçando tanto... Irmã, eu não queria...

Mesmo em meio à "agonia", ela me defendeu, o que só alimentou a raiva deles.

Vendo a pele inchada de Lydia, John se virou e gritou: — Elena! Você foi longe demais!

— Eu... eu não... — As palavras morreram nos meus lábios, soando fracas e patéticas até mesmo para os meus próprios ouvidos.

— Não o quê? — Caleb se aproximou, seus olhos queimando de raiva. — De novo! Você a machucou de novo!

Ele levantou Lydia cuidadosamente em seus braços, seus movimentos estranhamente gentis.

— Eu disse que já tinha superado a alergia. — Lydia sussurrou fracamente contra o peito de Caleb, sua voz quase inaudível. — Pode ser... alguma outra razão...

Enquanto falava, seus olhos se encontraram com os meus, e neles, percebi um brilho de vitória.

Um olhar que só eu conseguia enxergar.
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