A casa estava silenciosa. A única evidência de que alguém estaria de pé era o cheiro de café que me fez chegar até a cozinha. De costas, com um coque bagunçado no alto da cabeça, vestindo calça jeans e um casaquinho de linha azul, estava ela, manuseando uma cafeteira. Ela não me ouviu chegar, pois não fez qualquer movimento que indicasse que tinha notado a minha presença. Ao invés disso, cantarolava algo baixinho. Repentinamente, ela se virou segurando uma xícara de café e abafou um grito.
- Sinto muito – disse – Não queria assustá-la.
- Não, tudo bem. Eu estava... distraída. Não ouvi você chegar. Café? – ofereceu.
- Eu adoraria.
Ela colocou a sua própria xícara sobre a bancada de mármore e pegou outra xícara no armário – Então você é um madrugador... – Não era uma pergunta. Mesmo assim, respondi.
- Sim. – Ela me entregou a xícara com o líquido fumegante e eu agradeci.
- Quase não o reconheci com essas roupas – olhei o que estava vestindo. Um par de jeans e um suéter cinza. – O senhor