Elena Bianchi levava uma vida tranquila até conhecer Giorgio, um CEO intrigante, enquanto trabalhava em um café. Porém, sua rotina muda drasticamente quando descobre que é herdeira de um império deixado por um pai que nunca conheceu. Agora, para reivindicar o que é seu, ela precisa enfrentar Riccardo, seu meio-irmão que está determinado a mantê-la afastada. Enquanto lida com essa nova realidade, a conexão com Giorgio se torna mais intensa, mas ele também traz uma proposta arriscada que pode mudar tudo. Em meio a segredos, desconfianças e uma atração irresistível, Elena deve decidir: proteger seu legado ou seguir o que o coração realmente deseja.
Ler maisHoje é um dia marcado no calendário, não apenas pelo sol que brilha lá fora, filtrando-se suavemente pelas cortinas do meu quarto, mas pela sombra que se instala no meu coração. Hoje completa um ano do desaparecimento da minha mãe.
Com um nó na garganta, rolo para o lado da cama e me levanto. Logo penso que é apenas mais um dia e que preciso seguir a minha rotina matinal. O cheiro do café fresco que preparo se mistura com o aroma da lavanda das roupas que lavei na noite anterior. Ouço o canto dos pássaros vindo do lado de fora da minha janela, ecoando suavemente pelas paredes do meu pequeno apartamento. Esse som, que normalmente me agrada nas manhãs, hoje traz uma sonoridade diferente, fazendo o espaço ao meu redor parecer ainda menor, como se as paredes se aproximassem. Termino meu café, ainda com a mente presa nas lembranças da minha mãe, e coloco a xícara na bancada da cozinha, que me serve de mesa.
Enquanto me arrumo, percebo que meu uniforme de barista ainda está úmido, e, naquele momento, não tenho muita escolha. Ele vai terminar de secar no meu corpo. A camisa branca, com a logo da cafeteria, se esfrega contra a minha pele, como se estivesse se recusando a me aceitar. Coloco o avental preto, que contrasta com a camisa, e, em sequência, um colar que minha mãe deixou, um pequeno amuleto de amor e saudade.
Me pego encarando o espelho, observando cada detalhe. Por um instante, vejo o reflexo de uma mulher forte, determinada, pronta para enfrentar o dia. No entanto, a saudade me envolve como um manto pesado e frio, trazendo à tona memórias de risadas e conselhos que ecoam em minha mente. É um lembrete constante de que, embora eu esteja sozinha, levo um pedaço dela comigo onde quer que eu vá.
Quando termino de me vestir, ouço um leve toque na porta que faz meu coração disparar. Com passos hesitantes, caminho até a entrada e encontro uma carta jogada no tapete, aparentemente sem remetente. A curiosidade me impulsiona a me agachar e pegar o envelope, notando que ele é feito de papel simples, mas a caligrafia elegante, escrita à mão, dá um toque especial à correspondência.
Minhas mãos tremem levemente enquanto abro o envelope, a expectativa se misturando com um frio na barriga. O cheiro do papel, levemente adocicado, me transporta a tempos passados, como se a carta carregasse consigo um fragmento de uma história esquecida. Ao puxar o papel para fora, sinto uma leveza e um peso ao mesmo tempo, como se soubesse que a mensagem poderia mudar meu dia. O que estará escrito ali?
O papel é de uma qualidade surpreendente, quase luxuosa, e por um instante me vejo confusa, admirando a textura suave sob meus dedos. À medida que desdobro a carta, meu coração acelera; reconheço a caligrafia que, embora familiar, me enche de um misto de emoção e medo. Cada letra parece vibrar com memórias antigas, como se a pessoa que a escreveu estivesse ali, diante de mim. Minha mãe. A revelação me atinge como um relâmpago, e, em um só pensamento, o passado e o presente se entrelaçam, trazendo à tona sentimentos enterrados. Uma onda de nostalgia e apreensão me envolve, enquanto me preparo para descobrir as palavras que ela deixou para mim.
“Querida Elena,
Se você está lendo isso, é porque o destino finalmente nos separou. Sempre esperei que, um dia, você pudesse compreender a verdade e que as respostas chegassem até você.
Fiz uma escolha difícil, uma decisão tomada com amor, para proteger você. Seu pai não era apenas um homem de negócios, como eu te contei quando era criança; ele era um homem que fez promessas que não poderiam ser cumpridas a menos que nos afastássemos.
Em breve, você receberá algo que é seu por direito: o legado de Hector Saratoneli, seu pai. Reconheço que isso pode ser uma surpresa e que, talvez, você sinta raiva de mim. Mas é fundamental que você não continue vivendo à sombra do desconhecido. A decisão de me afastar foi uma tentativa de garantir que você tivesse uma vida longe dos perigos que nos cercavam. No entanto, está chegando o momento de você encarar toda a verdade.
Sei que há muito a descobrir e que a jornada pode ser dolorosa. Peço que me perdoe por cada lágrima que essa revelação possa causar. Espero que, um dia, você possa olhar para trás e entender o que me levou a agir assim. Saiba que, mesmo de longe, estou sempre torcendo por você, com todo meu amor e esperança.
Andrea”
Li e reli as palavras, cada frase cortando meu coração como uma faca afiada. O peso da verdade me sufoca, uma pressão insuportável que parece me prender ao chão. Enquanto o passado se desdobra diante de mim, minha mente gira, lutando para processar a revelação sobre quem é meu pai. Hector Saratoneli é um homem poderoso e influente; como posso receber algo que é meu por direito, quando tudo o que conheço parece desmoronar? Muitas perguntas pairam na minha mente naquele momento, mas nenhuma delas é maior do que a angústia de saber que minha mãe escreveu essa carta e que nunca teve coragem de se encontrar comigo.
Com a carta ainda em mãos, sinto uma necessidade urgente de desabar no chão, de permitir que as lágrimas escorram livremente. Mas não posso me dar esse luxo agora. Olho para o relógio e percebo que está quase na hora de trabalhar. A rotina me chama, mesmo que meu coração ainda esteja em pedaços.
Ao chegar ao café, onde as memórias e a normalidade me aguardam, o barulho do lugar me envolve. O som dos risos e das conversas animadas, o aroma do café fresco e o movimento frenético de clientes se tornam um contraste vívido à tempestade que se desenrola em minha mente. Cada xícara que é servida parece um lembrete da vida que continua, mesmo que a minha esteja prestes a mudar para sempre. Com um suspiro profundo, tento me concentrar no que está à minha frente.
A manhã vai se estendendo, e um olhar familiar faz meu coração disparar. O cobiçado Giorgio Barollo, o CEO da Vértice Progetti, entra no café com a mesma confiança de sempre, seu charme irresistível iluminando o ambiente. Ele é um enigma que desperta minha curiosidade e, a cada encontro, sinto meu coração acelerar como se estivesse correndo uma maratona. Por uma fração de segundos, consigo esquecer a carta que recebi, mergulhando em sua presença magnética.
— Bom dia, Elena. Um caffè con panna, por favor — ele diz, seu tom caloroso envolvendo-me como um abraço, fazendo minha pele arrepiar. A forma como pronuncia meu nome é como música, e sinto uma onda de emoção ao perceber que ele se lembra de mim.
— Bom dia, Giorgio. Um momento, por favor, é só aguardar que já chamo seu nome — respondo, tentando disfarçar a turbulência interna que a carta trouxe. Sinto que a voz me trai, quase tremendo enquanto me esforço para manter a compostura.
Mas aquela manhã traz uma sensação estranha no ar. Enquanto preparo o café de Giorgio, a televisão acima da minha cabeça interrompe a rotina com uma notícia urgente. Uma tragédia se desdobra na tela: a morte de um CEO. Esforço-me para não olhar para a tela e me concentro em terminar o pedido de Giorgio.
— Giorgio — chamo seu nome, e ele aparece diante de mim, com o olhar fixo na televisão, perplexo. Sem dizer uma palavra, ele se aproxima para pegar o café.
Um impulso irresistível me leva a me virar e observar o que todos no café estão olhando. E ali, estampado na tela, está a notícia do falecimento de Hector Saratoneli, meu pai. As palavras parecem ecoar em um burburinho distante, enquanto minha mente mergulha em um silêncio ensurdecedor. Vejo Giorgio se despedindo, mas seus lábios se movem sem que eu consiga captar o que ele diz. Tento forçar um sorriso, apenas para não parecer rude ao me despedir. Mas, internamente, meu mundo começa a desabar.
Viro-me novamente para a televisão, e entendo a palavra "testamento" sendo mencionada. Uma única pergunta ecoa em minha mente: será que era isso que minha mãe queria me dizer? Algo de Hector Saratoneli; meu pai; seria meu por direito? O caos emocional me consome.
Conto os segundos até que o dia termine, cada minuto vai se arrastando como se quisesse me punir por não poder escapar da realidade. Tudo que desejo é voltar para casa, onde posso desabar sobre minhas emoções, sem a pressão das aparências, e permitir que as lágrimas caiam livremente. O peso da revelação e a confusão em meu coração tornam-se insuportáveis.
Tento disfarçar enquanto Giorgio abre a porta e vem até mim.— Meu amor, que bom que você veio até aqui. — Ele sorri, mas logo percebe minha expressão e tenta resolver a situação. — Antes de qualquer coisa, deixa eu te apresentar minha irmã. — Ele faz um gesto em direção à mulher. — Elena, essa é Samanta, minha irmã mais velha. Ela mora em Tóquio e veio passar uns dias na Itália.Irmã? Meu Deus, que vergonha de mim mesma. Me sinto uma completa boba, por um segundo, achar que era outra coisa. Tento disfarçar o alívio, mas não dá para negar: ver Giorgio com outra mulher mexeu comigo de um jeito que eu não esperava.Samanta é simp&aa
Tento me manter calma, mas é difícil respirar no meio de tanto barulho e luzes. Giorgio, sempre protetor, me guia com firmeza, abrindo espaço entre os fotógrafos.— Vamos, amor, ignore isso. — Ele diz baixinho no meu ouvido, e sinto sua mão apertar a minha.Finalmente, alcançamos o carro. Ele abre a porta para mim, e assim que estou dentro, solto o ar que nem percebi que estava prendendo. Giorgio entra logo em seguida, e enquanto ele dá partida, olho pela janela, observando o caos que deixamos para trás.— Acho que já podemos esperar mais uma manchete sobre a gente amanhã. — Comento, rindo de leve, mas sabendo que é a mais pura verdade.— Eles podem falar o que quiserem. — Ele responde, com um tom leve. — O que me importa é pensar no nosso próximo passo. Mas, antes de qualquer coisa, deixa eu te levar para tomar um bom café da manhã. Acho que você merece.A sugestão me arranca um sorriso, e aceno em concordância. Giorgio me leva até uma cafeteria charmosa, escondida em uma rua tranqui
O tom firme na voz dele me tranquiliza, mas ao mesmo tempo me deixa curiosa. Será que ele vai atrás daquele homem? O que será que ele está pensando em fazer? Tento afastar esses pensamentos, mas não consigo deixar de notar o brilho determinado em seus olhos. Ainda assim, o cansaço é mais forte. Fecho os olhos, desejando que esse dia termine logo.Na manhã seguinte, acordo mais cedo do que o normal. Tento afastar os pensamentos e o medo da noite passada e me concentrar no discurso que preciso fazer hoje. Vou até o espelho e começo a ensaiar o discurso, lendo as palavras em voz alta. Mas quanto mais tento, mais a minha voz treme.— Eu não consigo... — Sussurro, frustrada.Giorgio aparece na porta, e se aproxima. Ele coloca as m&at
Giorgio pega o tablet com calma e aproxima minha cadeira da dele. Ele desliza os dedos pela tela, lendo o esboço do discurso que fiz mais cedo. A expressão concentrada dele me deixa curiosa, mas antes que eu diga algo, ele comenta:— Está bom, mas dá pra deixar mais direto e claro. Vamos ajustar algumas coisas. — Ele posiciona o tablet de forma que possamos acompanhar juntos.Ele começa a reorganizar frases, sugerindo palavras mais impactantes e destacando os pontos principais. A cada explicação, ele mostra como simplificar ou reforçar as ideias, deixando tudo mais alinhado.— Aqui, por exemplo. Fale primeiro sobre sua visão para a empresa antes de entrar nos números. Isso ajuda a criar uma conexão com quem estiver ouvindo
Assim que entro no saguão da empresa, Alessandro aparece na minha frente com um tablet na mão, como sempre direto ao ponto. Ele me entrega o aparelho e já começa a falar enquanto seguimos para o elevador:— "Pedido de Casamento de CEO a Moça Anônima Choca Todos!" — Ele lê em voz alta. Meus olhos se fixam na imagem logo abaixo: Giorgio ajoelhado, colocando o anel no meu dedo.Eu travo por um segundo. Meu Deus, é inacreditável como a imprensa é rápida... e exagerada. Meu peito aperta de nervoso, porque, a essa altura, é quase certeza que todo mundo na empresa já sabe.— Elena, é questão de tempo até a imprensa ir atrás para saber quem é você. — A voz dele &eacu
Giorgio não diz nada. Apenas vai para o quarto, o que me deixa um pouco confusa. Talvez ele só precise de um momento sozinho, ou quem sabe queira organizar algo que está na cabeça dele. Tento não pensar muito nisso.Caminho até a cozinha e procuro por um jarro para colocar as flores. Quando finalmente encontro, arrumo o buquê com cuidado e coloco sobre a mesa da sala. As rosas vermelhas e vibrantes, dão vida ao ambiente, como se transformassem a energia do espaço.Estou admirando o buquê quando Giorgio aparece de repente. Ele me pega no colo, sem aviso, e me leva para o banheiro do quarto. Fico surpresa, mas não resisto. Quando ele abre a porta, me deparo com uma cena linda.A banheira está cheia, transbordando espuma, e o cheiro suave
Último capítulo