Aurora estava anestesiada, mas quando sentiu os beijos de Hunter descendo em direção à sua clavícula tomou coragem para dizer:
— Se me tomar à força, saiba que vou te odiar pelo resto de sua existência, e todas às vezes que você pensar que estou gostando gemerei bem alto pensando em qualquer outro homem que não seja você.Hunter se afastou imediatamente de Aurora, deixando que a moça respirasse aliviada por um segundo, mas quando ela viu que atiçou nele uma fera obscura, recuou um passo sentindo medo.— Saiba que se você gemer o nome de qualquer outro homem, eu vou torturá-lo e matá-lo na sua frente, tantos quantos forem precisos, até você aprender.Sem ele perceber, Aurora lhe acertou o rosto com tapa tão forte que imediatamente sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca.Aurora não teve tempo de se arrepender. Hunter pegou em seu pescoço e se aproximou de forma violenta e perigosa enquanto sussurrava:— Nunca mais faça isso ou vai se arrepender amargamente. Você é minha e eu posso ser legal, se você deixar, mas se continuar negando o que é meu enquanto queria dar a outro... tomarei à força.— Você é um monstro! Eu te odeio! — Aurora gritou e tentou se afastar dele, mas o homem era consideravelmente mais forte e segurou seu aperto.De repente, Hunter a jogou na cama. Aurora tentou sair, mas ele agarrou suas pernas. Ela o chutou, mas ele desviou habilmente e a puxou de novo.Aurora via apenas fúria nele. Os olhos, que outrora eram azuis, estavam negros e o semblante era como o de um assassino.— Se eu quiser lhe tomar à força, você não pode me impedir, querida. A única coisa que poderia fazer é gritar e espernear, algo que não me afastaria.As lágrimas banhavam o rosto de Aurora que lutava desesperadamente para sair daquela situação. Ela sentia que se fosse tomada a força por aquele homem diabólico, sua vida não teria mais sentido.Como se suas orações fossem ouvidas, o telefone de Hunter começou a tocar. Ele a observou respirar aliviada, então como se a compreensão de seus atos lhe pesasse, saiu de cima dela. Ainda a olhando furiosamente, pegou o telefone do bolso e atendeu.— Espero que seja importante, estou ocupado —, Hunter falou ríspido.— Proteja sua garota. O velho está procurando por ela na cidade inteira. Não aconselho que a deixe sair por esses dias.— Ok! — Hunter desligou o telefone e olhou para a jovem ainda chorando na cama. — Está com sorte. Tenho um compromisso agora, mas volto depois para continuarmos a nossa conversa, querida.O homem saiu da mesma forma que entrou, imponente e com a áurea fria, deixando Aurora ainda remoendo suas lágrimas em cima da cama.Seguindo o corredor, Hunter desceu as escadas e foi para seu escritório. Tinha uma reunião que não podia adiar e estava muito irritado para não descontar sua raiva em alguém.Abrindo a porta do escritório, viu James que o esperava de pé e sem pensar duas vezes lhe deu um murro no rosto, arrancando sangue de sua boca.James não revidou, antes deixou o outro lhe socar como queria e após cair no chão, ouviu a arma ser destravada.Com ódio gelado, Hunter descarregou sua pistola com 15 tiros seguidos, todos no chão ao lado do homem de cabelos compridos.— Vai me explicar o que foi que aconteceu? — ele perguntou assim que se acalmou, alguns minutos depois.James viu a pergunta como a deixa para se levantar. Estava todo dolorido, o rosto inchado e sangrando, mas se sentou na cadeira em frente à mesa do escritório e explicou:— Ela era minha. Namorávamos há seis meses e ela iria me apresentar à família no seu aniversário.Hunter passou a mão, ferida de socar, no rosto. De todos os problemas que ele imaginou que Aurora poderia lhe causar, não imaginava que brigar com James estaria na lista.— Acho que temos um problema então —, ele respondeu jogando um lenço para o amigo. — Tenho um acordo que me favorece, embora você tenha o coração dela.Hunter entregou um envelope para James. O loiro afastou o cabelo comprido espalhado do rosto e observou o conteúdo, seu semblante ficando cada vez mais fechado a cada informação que obtinha.— Então é isso. — Ele suspirou e jogou o envelope na mesa. — 15 milhões, é?— Mais 5 do meu carro e as multas que ela pegou enquanto dirigia feito uma louca pelas ruas de Nova York. Como pode ver, sou o único com o direito.— Entendi. — James respondeu seco. — Eu já vou.Hunter observou o loiro e viu nele o mesmo olhar que havia visto em Aurora, mas não acreditava que a vida poderia ser tão cruel em colocar, no meio de tantas, uma única mulher entre ele e seu melhor amigo.— Espere! — Parou James antes mesmo de ele se levantar. — Você foi imprudente essa noite e o fato de ser meu melhor amigo não quer dizer que pode desobedecer às regras sem ser punido.— Você me bateu por 5 minutos inteiros. Eu nem revidei.— Deduzirei a metade do seu salário por se pegar com minha noiva e... — Hunter pensou bem antes de perguntar com um sorriso diabólico: — me responda uma coisa, Aurora é virgem?James observou o sorriso maligno do amigo com cautela.— Sim.— Ótimo. Seu castigo por ser desaforado será cuidar de Aurora pessoalmente. Saberei que cumpriu direitinho com seu dever quando em nossa noite de núpcias eu a desflorar.— Mais alguma coisa? — James perguntou com o semblante fechado, estava se contendo para não dar um murro em Hunter.— Se você não estiver querendo me matar à noite, proponho dermos uma volta. Nossos amigos na boate da zona leste estão nos cobrando uma visita.James sorriu. Mesmo que estivesse odiando o amigo naquele momento, nunca o deixaria entrar em território inimigo sozinho. Se Hunter tivesse de morrer naquela noite, seria pelas suas próprias mãos.Aurora poderia ficar para depois, Hunter e James tinham muitos assuntos em comum e a jovem trancada em um dos quartos da mansão era apenas mais um inconveniente pelo qual a amizade deles havia de passar.O que nenhum dos homens sabia era que aquele inconveniente daria a eles mais dor de cabeça do que aqueles envelopes sugeriam e que os dois deveriam deixar de lado toda a arrogância e orgulho se quisessem manter a amizade após ter Aurora inserida em suas vidas.