Tasya Petrova um dia já foi uma garota feliz que tinha grandes planos para o seu futuro, mas ao perder a sua mãe, percebeu que o seu pai poderia ser o monstro que a perseguiria por toda a sua vida. Não levou muito tempo para ela notar que ele preferiria se desfazer dela para se livrar do peso que impunha em sua vida. Vendida, agredida e responsável por um bebê pequeno, percebeu que, se não se tornasse um novo tipo de caçadora, não sobreviveria. Resgatada e colocada em meio a um grupo de possíveis agentes, viu uma factível saída do inferno onde vivia caso se tornasse uma assassina. Porém, seus planos para o futuro bem estruturado, onde protegeria a sua irmã, ficam em risco quando é responsável pelos atos mais loucos de Egor Sokolov. Ele a quer e não medirá esforços para fazer com que ela note o quão bom juntos eles podem ser se Tasya se permitir ver novas opções para os seus dias póstumos.
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Egor
O silêncio entre nós é um daqueles confortáveis, o tipo que só se encontra entre irmãos. Estou sentado em uma cadeira, uma cerveja na mão, enquanto ele mexe em algo na cozinha. A TV está ligada, mas nenhum de nós presta atenção no que está passando.
— Você tá estranho, sabia? — Nikolai comenta de repente, sem me olhar.
— Obrigado, sempre bom ouvir isso — resmungo, tomando um gole da cerveja.
— Não, sério. — Ele aparece no batente da cozinha, com uma sobrancelha arqueada. —Desde quando você, o homem que praticamente faz fila de mulheres no telefone, está... quieto? — Essa não parece uma questão vinda de lugar nenhum.
— Estou cansado — digo, levantando os ombros em um gesto despreocupado.
— Cansado? Você? — Ele ri alto, como se a ideia fosse absurda. — Quem é você e o que fez com meu irmão?
— Não começa, Nik.
Ele cruza os braços, apoiando-se na parede. O sorriso brincalhão ainda está lá, mas há algo mais nos olhos dele: curiosidade. Como se ele estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que eu nem sabia ter criado.
— Isso tem a ver com alguém? — ele pergunta finalmente, o tom cuidadoso, mas cheio de intenção.
Não respondo de imediato, minha mente voltando à lembrança dela. Sua risada, que sempre parece um pouco sarcástica. O jeito que ela inclina a cabeça quando me olha, como se estivesse avaliando cada palavra que eu digo. E o modo como ela sempre, sempre, parece escapar antes que eu consiga segurá-la.
— Não é ninguém — minto, mas minha voz não soa convincente nem para mim.
— Ahá! — Nikolai exclama, vindo para o sofá e se jogando ao meu lado. — Eu sabia. Quem é ela?
— Não é nada disso, Nik — insisto, mas ele está se divertindo demais para ouvir.
— Você tá caidinho por alguém — ele me provoca, cutucando meu ombro.
— Não estou.
— Você está!
Respiro fundo, tentando afastar a irritação crescente. Nikolai sempre teve o talento de me tirar do sério, mas ele não está errado. O problema é que admitir isso em voz alta faz parecer... mais real.
— Ela é um pouco diferente — acabo confessando, a contragosto.
— Diferente como?
— Como uma m*****a borboleta.
Nikolai franze a testa, claramente não esperando essa resposta.
— Uma borboleta? — ele repete, como se o conceito fosse completamente alienígena.
Não acredito que estou falando de um caso de uma noite para o meu irmão.
— É isso mesmo — digo, sentindo a frustração crescer enquanto as palavras saem. — Ela aparece, fica por um momento e vai embora antes que eu consiga segurá-la. Não importa o que eu faça, ela sempre escapa.
— Você está falando de uma mulher ou de um inseto?
— De uma mulher, idiota — retruco, mas há um toque de humor na minha voz agora. — Ela... É complicada. Nós... tivemos algumas noites juntos, mas ela sempre encontra uma desculpa para evitar qualquer coisa que vá além disso. É como se ela estivesse determinada a não me deixar chegar perto de verdade.
Nikolai me olha por um longo momento, o sorriso desaparecendo enquanto ele percebe a seriedade na minha voz.
— E por que você ainda está atrás dela?
Essa é a pergunta que eu tenho me feito. Porque, com todo o esforço que estou colocando nisso, seria mais fácil simplesmente desistir. Mas algo dentro de mim se recusa a fazer isso.
— Porque eu preciso dela — admito, a verdade finalmente escapando. — Não sei por quê, mas preciso. É como se algo nela me puxasse, algo que eu não consigo ignorar.
— Você está ferrado — Nikolai comenta, mas há um leve sorriso no canto da boca dele.
— Não precisa me lembrar — resmungo, passando a mão pelo rosto.
— Você tem certeza de que ela vale todo esse esforço?
— Sim.
A resposta sai antes que eu possa sequer pensar nela, e Nikolai balança a cabeça, como se estivesse lidando com alguém completamente sem salvação. Talvez parte dele me entenda.
— Então acho que você vai ter que continuar caçando essa borboleta — ele diz finalmente, dando um tapa no meu ombro. — Boa sorte, irmão. Você vai precisar.
— Obrigado pela confiança — respondo, minha voz carregada de sarcasmo.
Mas, por mais que a frustração ainda esteja ali, há também algo mais: determinação. Porque, por mais difícil que ela seja, eu sei que não vou parar até tê-la em minhas mãos.
NataschaSomos a carne nova no evento, todos que podem ter ouvido falar sobre nós, querem ter a oportunidade de nos ver de perto agora. Acredito que por nos verem como uma porta que leva a vários caminhos, ainda que creia que não é necessário quando chegaram aqui por conta própria.Se não estivemos aqui antes, é porque alguém não nos queria por perto.Este não é um alerta vermelho sobre o que pode acontecer?Manter distância de nós deve ser mais benéfico do que se aproximar, correndo o risco de ser julgado como um provável inimigo que caçaremos, porque já temos pequenos lobos demaisà solta. Tudo o que precisamos agora é que apenas nos deixem fazer o que precisamos.Com um caminho livre, não há por que agir de outra forma.Não queremos matar ningu&e
Natascha— Oh, então você veio mesmo — proferiu Oleg como se desejasse que Pasha desaparecesse da sua frente antes que sua mente perceba que se não correr a sua chance de salvação acaba.Creio que não serve de muita coisa quando é nítido que não haverá um recuo da parte de Pasha, e ele é o único que está dando sinais de que algo está errado.Sendo assim, é aquele que tem que correr antes que o problema chegue a ele.Você não fica apenas parado esperando que um trem passe por cima de você.— Fui convidado, tenho todo o direito de estar aqui — fala Pasha e não foi sua intenção esconder que estava sendo mais grosseiro quando o colega não foi minimamente respeitoso com o que viu.Queria começar uma boa conversa desse jeito? Alguém precisa voltar para as aulas de relações sociais.— Claro que tem, eu não diria o contrário — diz Oleg, tenta arrumar o que começou a descarrilhar no momento em que abriu sua boca, não percebe que essa é a ocasião perfeita para sair e apenas esquecer o quanto seu
Natascha— Não pensei que esse seria o tipo de festa em que nos encontraríamos — fala Oleg, se aproxima apanhando minha mão com cuidado, deixando um beijo no meio das costas dela. Acha que tem o direito de se aproximar e apenas encostar em mim? — Não parece tão feliz hoje.— Não tem muito pelo que me alegrar aqui — digo, puxo minha mão da sua.Olha-me com braveza após verificar o que farei em seguida. Se espera um pedido de desculpas, é bom ir se sentar antes que suas pernas velhas cedam.— Também não sabia que estaria entre os convidados — revelo.— Sou uma presença confirmada todos os anos, gosto de ver aqueles pobres coitados correndo, mesmo que saibam que não podem escapar — esclarece e deveria saber que esse seria o tipo de entretenimento que alguém como ele procura. — Sempre me questionei o porquê de a mulher chefe de uma organização de assassinato não participar, mas imagino que estavam apenas esperando pelo mo
Natascha— Quero saber exatamente onde elas estão e o que querem fazer com elas lá — murmuro, verificando os visores.Elina está muito empenhada em me dar o que quero, não posso dizer o contrário, contudo, sei o quanto essas quatro podem ser inconsequentes em momentos que não deveriam.Entrar no jogo deles assim não é a melhor estratégia na minha visão, também não é na de Pasha, mas o que mais podemos fazer quando já foram levadas por contra própria? Se quisessem escapar teriam conseguido.Compreendo que essa não é a situação mais perigosa que enfrentaram, contudo, estamos falando de um ambiente cheio de assassinos enquanto uma delas está sendo controlada pelos desejos de outra pessoa. Aquela vaca vai me pagar assim que eu puser meus olhos nela.Vai se arrepender de tudo que foi feito e não haverá ninguém que possa dizer que estou errada, tenho certeza disso. Acham que podem apenas mexer onde querem sem que as consequências cheguem
Tasya— Que merda — digo após deixar que as travas de seguranças sejam soltas. Olho os arredores rapidamente tentando entender em que tipo de terreno estamos e como podemos fazer para que a nossa reunião seja mais ligeira.Verifico o mapa no pequeno relógio e no meu há o pequeno diferencial do contador indicando enquanto tempo preciso tomar a minha próxima dose do medicamento se não quiser que os sintomas da merda correndo no meu sangue se mostrem com muita vivacidade.Tinha certeza de que a minha vida não seria comum, mas é bem claro que não esperava por uma dessa. Ser caçada não é um problema, fui tratada como um animal por um bom tempo, mas sim como está sendo feito.Não estou aqui somente por mim, também servirei de entretenimento para um bando de gente rica que quer somente ver como indivíduos podem se ma
Tasya— O próximo — chama o outro sujeito. Não estão fazendo questão alguma de mostrar que estão nos separando, já que é uma boa estratégia, querem diversão garantida no final das contas.O homem que continua assustado mostra um semblante de alguém que tem o seu coração na goela, contudo, mesmo que não ande, vão o arrastar, e é o que começam a fazer após notar que está demorando demais para seguir a ordem dada,— Você é bem corajosa, ainda que não tenha mostrado o seu rosto — fala. Está tentando me persuadir a fazê-lo? Porque acabou com a pior pessoa possível, deveria ter outra estratégia em mente se é o que quer. — Roksana pediu para te dizer que não deve se esquecer de porque vai estar lá embaixo, seu corpo não vai r
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