Capítulo 115 — O depois do depois
Atlas Wilson
Acordei com o sol da manhã infiltrando-se pelas frestas das persianas, lançando faixas douradas sobre o chão de madeira escura do quarto. Meu corpo parecia pesado, mas não de cansaço, era o peso de um sono profundo, daqueles que curam feridas que nem sabíamos que carregávamos. Fazia anos que não dormia assim, sem sonhos interrompidos por fantasmas do passado. Virei a cabeça devagar e lá estava ela, aninhada no meu peito, o cabelo espalhado como uma cascata sobre o travesseiro. Seus lábios entreabertos, a respiração suave e ritmada, como uma melodia que só eu podia ouvir.
Meus olhos percorreram o corpo dela com uma ternura que eu reservava só para esses momentos. As marquinhas vermelhas nos pulsos, leves mas visíveis, eram provas da noite anterior. Marcas minhas. Não de dor, mas de entrega total, de confiança absoluta. Meu coração se apertou de um jeito bom, quase doloroso. Como eu merecia isso? Depois de tudo que contei, depois da caixa p