Eduardo James

A notícia caiu como chumbo: Valério preso.
Eu li duas vezes, a tela do celular suando na minha mão. Preso. O homem que bancava a ponte, que carimbava nota fria, que conhecia todos os atalhos. Minha última chance algemada, e o barulho das grades parecia tocar dentro do meu peito.

“Diz alguma coisa,” a Célia pediu, sentada na beira da cama do quarto barato. O ventilador rangia no teto como um relógio velho. “Qual é o plano agora, querido?”

“Plano? O plano era o Valério resolver.” Joguei o celular na colcha com flores desbotadas. “Agora é sumir.”

“Sumir pra onde?” Ela