235. Fugir?
Lúcia Donovan
Samuel dormia no berço, com o rostinho tranquilo e as mãozinhas fechadas. Eu ajeitei o cobertor e fiquei ali parada, só observando. Às vezes ainda era difícil acreditar que ele estava aqui, que tinha vencido tudo o que enfrentamos.
Passei os dedos devagar no cabelo dele e sussurrei:
“Se a sua avó estivesse aqui, ela ia ficar toda boba com você.”
Fechei os olhos por um segundo. Queria poder ver o sorriso da minha mãe, ouvir ela dizendo que tudo valeria a pena. Ela teria feito bolo, enfeitado a casa, colocado música e feito Eliza rir até chorar.
“Tá tudo bem, mamãe,” falei baixo, mais pra mim mesma. “Ele tá bem. A gente tá bem.”
Ouvi passos atrás de mim.
“Mamãe Lúcia, posso ajudar a trocar ele da próxima vez?” Eliza perguntou, encostando na porta com um sorriso.
“Pode sim, meu amor. Mas tem que lavar bem as mãos antes, combinado?”
“Combinado!” Ela correu pro banheiro, e eu ouvi o barulho da torneira. Moira apareceu logo em seguida, com um pacote de fraldas e um sorriso can