[…]
Chelsea chegou em casa tarde da noite. A rua estava silenciosa, iluminada somente pelas lâmpadas amareladas dos postes e pelo brilho distante das janelas vizinhas. Destrancou a porta com a chave fria entre os dedos; o rangido da fechadura soou alto no silêncio.
Entrou devagar, sentindo o peso do dia em cada passo. A casa pequena parecia ainda mais vazia naquele horário. Largou a bolsa sobre a mesa da cozinha, cujo tampo já exibia marcas do tempo, e acendeu a luz tênue do abajur.
Sentou-se no sofá gasto, apoiando a cabeça nas mãos, exausta. Olhou ao redor: paredes descascadas, cortinas costuradas pela mãe, a fotografia antiga dos pais no corredor, lembranças silenciosas que preenchiam o espaço.
Todavia, mais do que o ambiente, o que ocupava sua mente eram os olhos âmbar de Enzo. A intensidade daquele olhar parecia perscrutar sua força e seu cansaço ocultos. Por mais que tentasse afastar, ele invadia seus pensamentos, desafiando seu silêncio.
— Sinto falta de vocês, mãe e pai.