~ MAITÊ ~
O carro deslizava pelas ruas de São Paulo em um silêncio tenso que parecia pressionar contra meu peito como uma mão invisível. Olhei pela janela, observando a cidade passar como um filme em que eu era apenas espectadora.
Lívia estava sentada ao meu lado, seus punhos cerrados sobre o colo, claramente fazendo um esforço hercúleo para manter a compostura. Podia sentir a raiva irradiando dela como calor. No banco do passageiro, minha mãe verificava obsessivamente a bolsa, retirando e guardando os mesmos papéis repetidas vezes, enquanto meu pai dirigia com a mandíbula contraída, evitando me olhar pelo retrovisor.
— Para onde estamos indo? — perguntei, quebrando finalmente o silêncio sufocante.
Minha mãe nem se virou para me olhar.
— Para um lugar onde você possa