Acordei com o calor do sol toscano em meu rosto, um contraste com a brisa fresca da manhã. Por um momento, permaneci de olhos fechados, absorvendo a sensação de paz que me envolvia. O corpo de Christian estava junto ao meu, seu calor reconfortante contra minha pele. Então, percebi algo estranho – vozes. Várias vozes, falando em italiano rápido, a uma curta distância.Meus olhos se abriram de súbito, o pânico me atingindo como um balde de água fria. Estávamos ainda entre as vinhas, completamente expostos! Um movimento rápido ao meu lado me fez perceber que Christian já estava acordado. Ele havia jogado sua camisa rasgada sobre mim, cobrindo-me precariamente.— Bom dia — disse ele, parecendo irritantemente calmo para alguém que acabara de ser pego dormindo nu em meio a seus trabalhadores.— Christian! — sibilei, puxando a camisa para cobrir mais de mim. — Tem gente aqui!Ele sorriu, um meio sorriso divertido que, em qualquer outra situação, teria feito meu coração derreter.— Sim, perce
O vestido azul-marinho que encontrei no armário da suíte era impressionante – um modelo elegante da maison Valentino, com corte assimétrico que caía perfeitamente sobre meu corpo. Cristian havia providenciado um guarda-roupa completo para mim, prevendo qualquer eventualidade social. Apenas não previra que sua própria mãe seria a eventualidade a temer.Ajustei o colar delicado em meu pescoço, tentando controlar o tremor das minhas mãos. De vendedora de vestidos de noiva a anfitriã de um jantar para a elite vinícola italiana.Christian entrou no quarto, impecável em seu terno escuro. Algo em seu olhar ao me ver me aqueceu por dentro, momentaneamente afastando o nervosismo.— Você está deslumbrante — disse ele, aproximando-se para depositar um beijo suave em meus lábios.— Estou apavorada — confessei, ajustando seu lenço de bolso. — Aprendi o básico sobre vinhos trabalhando na Vale do Sol, mas isso foi mais marketing e relações públicas. Não sei se é suficiente para impressionar tantos p
Estava tentando recuperar um pouco da compostura na varanda quando percebi uma presença familiar se aproximando. A voz de Francesca cortou o ar antes mesmo que eu a visse.— Nossa, Zoey, que espetáculo constrangedor — comentou ela, materializando-se das sombras como uma aparição indesejada. — Arruinar uma garrafa de Brunello de 1985? Isso é quase criminoso nos padrões da família Bellucci.Virei-me lentamente, tentando não demonstrar o quanto suas palavras me afetavam. Francesca estava impecável, como sempre, vestida de vermelho escuro que ressaltava sua pele mediterrânea. Seus olhos brilhavam com malícia.— Foi um acidente — respondi, mantendo a voz firme. — Rolhas antigas são frágeis.— Ah, querida. — Francesca riu, um som zombeteiro. — Qualquer criança da nossa família saberia manusear aquela garrafa. Mas você... — ela acentuou as palavras com desdém. — Como poderia saber? Não faz parte do nosso mundo.O sangue subiu imediatamente ao meu rosto. Antes que pudesse formular uma respos
— E esta é a história por trás do Vinhedo Dourado — explicava Bianca, guiando-me por uma seção especial da adega onde garrafas mais antigas repousavam em nichos de pedra. — Começou quando meu bisavô Giuseppe Senior perdeu uma aposta para um produtor francês e, por orgulho ferido, decidiu criar um vinho que superasse os melhores Bordeaux.Já estávamos no quarto dia de minhas "aulas" com Bianca, e diferente do que imaginei, não passávamos o tempo todo provando vinhos. Em vez disso, ela estava me introduzindo à rica história da família Bellucci, revelando detalhes que Christian nunca mencionara.— E ele conseguiu? — perguntei, passando os dedos delicadamente pelo rótulo amarelado de uma garrafa dos anos 50.— Seis anos depois, em uma degustação às cegas em Paris, o Vinhedo Dourado ficou em primeiro lugar. O francês teve que admitir a derrota publicamente. — Bianca sorriu com orgulho ancestral. — Desde então, reservamos as melhores encostas para esta linha específica.Inspecionei a garraf
Eu estava mesmo fazendo isso.Andava de um lado para o outro na antessala do salão de festas do Hotel Milani, um dos lugares mais luxuosos da cidade, tentando convencer a mim mesma de que aquilo era uma boa ideia. Contratar um gigolô para fingir ser meu noivo? Deus me perdoe, mas eu não tinha escolha.Meu ex-noivo estava prestes a se casar. E não com qualquer pessoa, mas com a minha ex-melhor amiga. Sim, eu fui duplamente traída, num pacote "compre um, leve outro" que eu nem sabia que estava assinando. Se existisse um programa de fidelidade para otárias, eu já teria acumulado pontos suficientes para resgatar um tapa na cara e uma passagem só de ida para o fundo do poço.Ignorar o casamento? Era o que eu queria. Mas Elise fez questão de me ligar pessoalmente! Claramente ela estava querendo rir de mim, me humilhar. Mas eu não podia perder aquela briga. Então disse que iria. Mas pior: eu disse que iria acompanhada pelo meu noivo incrivelmente gato e rico!— Rico? — Ela riu, parecendo não
Meu coração congelou, ao ver Elise novamente, olhando diretamente para mim como se estivesse pronta para me desvendar, me desmascarar, me humilhar. Mas para meu alívio, ela logo foi puxada para os preparativos finais. A cerimônia estava prestes a começar.— Vinícola Bellucci? De onde ela tirou isso? — perguntei.Ele apontou para um dos garçons passando pela sala de recepção servindo bebidas. Christian tirou logo uma garrafa e exibiu o rótulo para mim. Bellucci.— Do que vai ser o nosso melhor amigo essa noite — ele serviu duas taças completamente cheias. — Acho que você está precisando disso, para começar.— Perspicaz escolher um nome que é uma marca consolidada. Mas você entende algo de vinhos?— Entendo que vinhos são como pessoas — respondeu com um sorriso malicioso, aproximando-se tanto que pude sentir o calor de seu corpo. — Os melhores precisam ser degustados lentamente... primeiro você sente o aroma... — seus olhos desceram brevemente para meus lábios — depois você prova apenas
Se eu achava que a festa de casamento era luxuosa, então o que dizer do lugar para onde Christian me levou depois?Uma penthouse absurda, no topo do Hotel Milani, com uma vista panorâmica da cidade, piscina privativa e uma decoração que gritava "eu sou rico e não preciso nem olhar os preços no cardápio".E eu… bem, eu estava completamente deslumbrada. Mas também atordoada, como se a noite inteira tivesse sido um filme em que eu não pertencia ao elenco principal.— Céus… — soltei, girando no meio da sala, absorvendo cada detalhe do ambiente. Um minibar gigantesco, um sofá maior do que meu quarto inteiro, um lustre que provavelmente valia mais que meu carro. Bem, eu não tinha um carro. Mas valeria menos que aquele lustre, se eu tivesse.E, claro, uma piscina iluminada de borda infinita que parecia ter saído de um filme.— Isso aqui é insano! Como você pode bancar uma coisa dessas? Se você gasta essa grana toda com cada cliente, tá saindo é no prejuízo, viu?Christian riu, aquele riso gr
Meu coração bateu mais forte.Ele soltou o cinto, abriu a calça e a deixou cair, revelando a cueca preta colada ao corpo. E eu juro que quase esqueci de respirar. Cada músculo, cada linha do corpo dele parecia esculpida para o pecado. Ele sabia disso.Ele nadou até mim com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Mas seus olhos diziam outra coisa. Ele estava com fome. De mim.Por um instante, hesitei. Um estranho que fingia ser rico durante o dia e que agora me olhava como se eu fosse especial. O que eu estava fazendo? Mas então lembrei de Alex, da forma como ele olhou para mim na festa, do jeito como Elise sorriu com pena, como se eu fosse patética demais para encontrar alguém como Christian por conta própria. Precisava disso. Precisava me sentir desejada novamente, mesmo que fosse por um homem que eu estava pagando.Quando ele chegou perto o suficiente, suas mãos deslizaram pela minha cintura sob a água, os dedos traçando um caminho lento pela minha pele arrepiada.— Você está