Capítulo 05

Continua...

— Michele?

— Ainda estou aqui Lyon!

— Que caralho mata rindo faz na sala de parto? Pergunto nervoso.

— Quem é mata rindo? Ela pergunta confusa.

— O cara que está ao lado dela acariciando a cabeça dela, porra!

— Sandro?

— Sandro? Esse é o nome do filho da puta? Ok... Preciso respirar! Digo, eu estou quase infartando. — O que Majú tem com esse cara? Pergunto tentando controlar minha respiração.

— Pelo que sei, nada! Parece que se conheceram nesse dia no mercado quando a bolsa dela estourou... Ele trouxe ela para o hospital.

— E que porra de intimidade é essa dele com ela de estar assistindo o parto do meu filho?

— Eu não sei Lyon, de verdade! Só sei que foi ele que insistiu para uma enfermeira pedir autorização a ela, talvez por gratidão ela tenha deixado.

— O que tú sabe sobre ele?

— Sei que é um playboyzinho aqui da cidade, veio daí do rio de janeiro, o pai é prefeito aqui... É só o que comentam, não sei mais nada.

— Eu não sei o que vou fazer, ele sabe quem é ela, mais tenho certeza que ela não sabe quem é ele... Fica de olho neles, qualquer novidade liga pro Fael!

— Se ele é perigoso, minha vida não estará em risco se ele descobrir que estou tendo contato com você? Ela está apavorada.

— Então não deixe que ele saiba!!! Desligo o telefone.

Ligo na mesma hora para Fael...

— Quero que ligue agora para Ramon, diga que quero saber tudo sobre mata rindo, até a 5° geração dele...

— Qual foi do interesse nele agora?!

— De alguma forma ele está sondando Majú, o vídeo do parto, ele estava lá ao lado dele!

—Porra!! Como?

— Longa história Fael! Só faz o que estou mandando e eles estão em um tal de Rodolfo, Atolfo, Adolfo... Algum coisa assim, lá em São Paulo.

— Ok... Vou falar com ele e amanhã já teremos alguma coisa.

Me despeço dele e finalizo a ligação. Agora mais do que nunca vou ter que agilizar minha fuga!

**

Hoje é dia de minha consulta com a Dra Hellen, um agente chega para me buscar.

— Pode entrar Daniel. Ouço a voz dela do outro lado da porta. — E aí? Como foi a semana?

— Não tão boa quanto está sendo agora! Digo a encarando e vendo que a mesma ficou vermelha.

— A mão Daniel! Ela chama minha atenção, eu sei que ela estava interessada em saber como minha mão ficou durante a semana, mas eu não ia perder a oportunidade de vê-la  constrangida.

Estendo minha mão em sua direção e com ajuda de uma tesoura especial ela corta o gesso e me direciona até a sala de RX.

— Está tudo ok, Daniel. A fratura está calcificando e acho que muito em breve você estará livre disso. Ela diz enquanto coloca outro gesso em minha mão.

— Mesma recomendação de sempre?

— Claro! Sem esforço com essa mão e até semana que vem.

— Não vejo a hora! Respondo vendo mais uma vez ela ficar sem graça e confesso que estou amando vê-la assim. Quando me preparo para sair do consultório dela, ela pergunta.

— Qual foi seu crime, Daniel?

Paro de frente a porta e com a mão preparada para abri-la, me viro para ela a encarando.

— Muitos!

— Muitos, quais? Ela queria saber mais.

— Tráfico, assalto, lavagem de dinheiro e assassinato!

— Então você é um assassino perigoso? Não sei aonde essa conversa está nos levando, mais estou gostando do fato dela estar puxando assunto.

— Depende!

— Depende de que?

— Não mato a toa, todos que já matei até hoje me deviam de algum forma.

— O que a moça que você matou aqui no presídio te devia? Então ela andou fazendo o dever de casa? Leu meu relatório da prisão!

Caminho calmamente até ela e a mesma dá dois passos para trás, com certeza ela estava com medo de mim.

— Medo de mim dra? Pergunto já muito próximo dela.

— Você não me respondeu, Daniel.

— Por que a curiosidade?

— Só curiosidade!

— Digamos que ela atrapalhou um lance meu, armou pra mim e acabei perdendo algo muito valioso.

Nesse momento ela está encostada em uma parede e eu estou com meu corpo muito próximo ao dela, posso sentir a respiração dela ofegante chocando-se no meu peito.

— Perdeu algo material ou sentimental Daniel?

— Por que o interesse. Pergunto mais uma vez.

— Me responde!

— Não antes de me dizer o motivo de tantas perguntas.

— Então nossa conversa acabou aqui, pode se retirar. Ela diz saindo do meu encurralamento e voltando pra sua mesa.

Fico um tempo parado na mesma posição encarado a janela que tinha ali, respiro fundo e sem olha-la saio da sala dela.

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