ANA
— Você faz o pior café do mundo. — Franzi o nariz com nojo, encarando a xícara de café fumegante entre minhas mãos.
— Você nem provou ainda. — Rafael deu de ombros e veio ficar ao meu lado na varanda, seu olhar fixo nas residências da alcateia que podíamos ver à distância.
Suspirei, virando-me e contemplando a mesma vista que ele. A noite estava silenciosa, com uma calma pairando sobre toda a alcateia. Eles organizaram suas casas e aceitaram os lugares que lhes foram designados, mas não acredito que fosse apenas sobre a moradia. Era muito mais do que isso. As regras da hierarquia dos lobisomens estavam gravadas em suas mentes.
Ninguém consegue apagar essa mentalidade.
Nem eu. Nem Rafael. Nem ninguém mais.
Suspirando mais uma vez, olhei de relance para o perfil de Rafael. A marca em seu pescoço estava exposta. Eu podia ver a adorável saliência rosada contra sua pele dura. Isso só me lembrou do que ele disse quando partiu. Dizer que estou deliberadamente evitando falar sobre isso ser