A voz de Tony chega a fraquejar e ele espreme os olhos, tentando ignorar seus pensamentos ofensivos que reverberam dentro da sua cabeça atordoada. Por outro lado, Vivien encolhe os ombros, recuando lentamente. Seu olhar cai por alguns segundos enquanto ela reorganiza os pensamentos e então ela ergue a cabeça em direção á sua filha, sentada ao seu lado.Violet exibe um olhar aterrorizado.A incerteza.A devoção caindo por terra pouco a pouco.Ele não é um pai que ela ama, mas... Ainda era seu pai. E quanto a Tyler, ele não faria algo com seu pai, faria?—E-eu... preciso de um tempo, senhor Monron. Com licença. —Diz Violet num tom de voz fraco, embora tente se manter firme, e então se levanta, apoiando as mãos nos braços da poltrona. Vivien tenta chamá-la ou alcançá-la com a mão, mas a mesma atravessa o escritório á passos largos e sai, deixando Tony e Vivien para trás.Ela fecha a porta atrás de si e leva as mãos ao peito, andando pelo corredor como se cambaleasse de uma parede para
Violet entende a mensagem de texto que recebera de Vivien, e então guarda o celular novamente. Termina de atravessar o gigantesco quarto de Tyler e sai, deixando para trás a incógnita do rapaz.Ela anda pelo corredor extenso e desce as escadas, chegando ao andar do escritório de Tony. Para do lado de fora da porta e arruma os cabelos, jogando-os para trás. Arruma a postura para não parecer tão desleixada e então põe a mão na maçaneta, girando-a lentamente. Ao empurrar a porta, se depara com os adultos da mesma maneira como ela havia deixado antes de sair.—Com licença... —Diz num tom de voz baixo, expirando densamente após a conclusão do que presenciou no armário de Tyler. —Eu... estou pronta pra voltar e retomarmos a conversa.Tony e Vivien se entreolham enquanto Violet fecha a porta atrás de si. A jovem se aproxima da cadeira ao lado de sua mãe e se senta de frente para Tony, vendo-o ainda com ombros rígidos e pesados.—Tudo bem, Violet. É realmente uma história difícil de digerir e
Apesar da dor das mentiras e o vazio que sente no peito, o olhar de Violet é tomado por uma nuvem de determinação que a deixa completamente firme por dentro. E aquele olhar penetrante consegue invadir as necessidades de Tony, fazendo-o ceder quase que de imediato. No entanto, alguém não gosta dessa ideia: Vivien Jacobs.—Não. —Protesta num tom seco e claro. Ela se levanta bruscamente da cadeira, esticando as pernas sem pudor algum, enquanto a cadeira faz um som desagradável com o ato. Porém, ela não parece se importar com isso e fecha as mãos em punhos firmes. —Tony, você não pode aceitar uma condição descabida como essa!Tony engole em seco, também se levantando no outro lado da mesa oval. Sua estatura superando a estatura feminina e furiosa diante dele. De repente, um olhar furioso na face de Vivien é substituído por um olhar derrotado pouco a pouco. Apesar do silêncio do patriarca Monron, aquela expressão diz tudo: ele vai ceder.Vivien franze o cenho e balança a cabeça negativamen
[Consultório psiquiátrico do Dr. Kim]Dr. Kim arruma os papeis entre as mãos, em um fecho, e o olha por cima dos óculos redondos. —Você não pensa em como viveria se estivesse na companhia de alguém, Tyler?O silêncio faz um zumbido ensurdecedor no ouvido de Kim, que luta para se manter profissional.Um suspiro.A promessa de uma resposta.—Eu não preciso de alguém ao meu lado, mas gostaria de fazer isso outra vez.O profissional espreme os lábios, contendo os pensamentos. Mesmo estando em horário de trabalho, ele encontra dificuldades para manter aquela consulta por mais cinco minutos restantes.—E se você perdesse um filho, e esse filho fosse o seu único?Tyler sustenta um sorriso de canto de boca, e ergue os olhos para Kim, concentrando-se ali por longos segundos fixos.—Eu faço outro. Os dois se encaram fixamente. Kim pode sentir a gota de suor deslizar pela espinha, sumindo ao longo do tecido da camisa branca. O despertador toca, indicando que aquela consulta havia chegado ao f
[Residência dos Benson]Acordando na cama de Cassandra, Violet rebusca pelas memórias do celular.Eu podia jurar que ele estava na bolsa... Pensa.Não conseguindo encontrar o aparelho, ela tropeça pelas peças de roupa espalhadas no chão do quarto.O barulho de tropeços constantes faz Cassandra despertar abruptamente.—Qual é o seu problema, Violet? Amiga, você não dorme mais? Quando eu te conheci, você dormia-—Eu estou procurando o meu celular! A minha mãe vai me matar!A preocupação da garota era racional: Vivian não interpretaria corretamente a perda do aparelho.Mal sabia Violet, que mais tarde, ela teria o seu celular novamente, e aquilo mudaria tudo....Enquanto a dona surtava, seu aparelho viajava por Manhattan, no banco de carona de um Audi prata recém polido.Parado em frente à residência dos Jacobs, Tyler segura o celular com firmeza. Calmo, tranquilo, ele planeja exatamente como será o seu comportamento, garantindo que consiga ser convidado à entrar, obtendo confiança.Um
Com um olhar profundo sobre Violet, Tyler só consegue pensar em uma coisa: Uma profunda vontade de mostrá-la como ele era de verdade. —Bom, fica decidido! Tyler, querido, você toma café da manhã com a gente. —Vivien o convida novamente, reafirmando sua preferência. —Bom, eu vou terminar de preparar as coisas. Violet, minha filha, faça companhia para o seu amigo. Eu não demoro.Com a saída de sua mãe, Violet sente a pressão de ficar sozinha com Tyler. Ela solta seu braço, percebendo que ficou tempo demais agarrando aquele local.—M-Me desculpe...—Tudo bem. —Ele sorrir, se ajeitando. —Eu não sei se acertei na manteiga, viu...—Ah, para! Nem era pra ter trazido. Ela troca alguns passos curtos pelo sofá e escorrega a mochila de seu ombro sobre o assento. Sentado ao lado dela, Tyler passa uma perna por cima da outra e estica um braço por cima do encosto. O seu corpo falava, embora seus lábios não dissessem o que ele queria. Violet junta as mãos sobre as pernas e desvia o olhar, fugind
Após aquela visita, Tyler voltou para casa, encarando a solidão. Apesar da presença de seu pai, estar sozinho era uma sensação frequente da qual ele desfrutava. Ele remaneja seus pensamentos na direção de Violet, tentando se ludibriar. Planeja sua morte, mas nada lhe funciona tão bem ao ponto de lhe puxar para cima.Agarrado ao ferro frio, o rapaz bonito e solitário encara os degraus, descendo as escadas. O espaço em seu coração fica um pouco mais vazio, formando um abismo entre sua humanidade e a criatura letal sendo contida dentro de si aos poucos.Na sala, seu pai conversa com alguém ao telefone. Parece inconformado. Teme por algo.Não se importa.Não o percebe.Tyler troca passos leves na direção da cozinha, adentrando ao local. O cheiro de suas panquecas preferidas lhe invade o estômago, mas não há fome para consumí-las.—Senhor Tyler! Bom dia. Eu lhe fiz suas panquecas favoritas, não quer comer?A empregada percebe o suspiro. Os ombros caídos sustentando os cotovelos que despen
Tyler está focado. Focado demais para perceber que deixou seu pai sozinho por mais tempo do que deveria.Isso resulta em uma busca, do mesmo, pelo rapaz.A porta se abre, revelando Tonny. Ele arqueia as sobrancelhas analisando a cena. Seu filho está sentado olhando fixamente para um jovem garoto de pé, diante dele. Tyler mordendo a borda do copo de plástico enquanto mantém um olhar obsessor para o jovem desconhecido.O que seria isso?Tonny se pergunta, mas evita fazer de seus pensamentos uma frase.—Filho, eu estou indo embora. —Anuncia, trocando dois passos para dentro da sala do padre. Tyler se levanta sobre dois pés firmes, ainda mantendo os olhos fixos no garoto menor. Tira o copo da boca após secá-lo, e caminha lentamente na direção do lixeiro esquecido ao lado da janela.—Obrigado pela água. —Agradece sereno, mantendo o vazio dentro de si. —Obrigado por orar por eles. —Acena minimamente, e caminha de volta na direção de seu pai.O garoto fica sozinho com suas reflexões. Tyler