“Patrício”Mas a Melissa é muito abusada mesmo, ela nem sabe o que aconteceu e chega aqui fazendo esse escarcéu! Agora minha roupa está encharcada e eu estou debaixo dessa água gelada. Depois que ela saiu do banheiro, eu tirei as roupas encharcadas e tomei um banho. Dez minutos depois eu os encontrei na sala. Melissa, o Nando e o Rick, me olhavam como se eu tivesse cometido um pecado capital.- Muito bem, estou acordado. Agora vocês podem me explicar o que está acontecendo? – Encarei os três, Melissa se levantou, serviu uma xícara de café da bandeja que estava sobre a mesinha de centro e me entregou.- Bebe isso! – Ela era bem imperativa, mas quando estava com raiva ela era uma pequena tirana! Tomei um gole do café quente e quase o cuspi.- Hum... isso não tem um pingo de açúcar! – Reclamei.- E não é pra ter mesmo! É com banho frio e café amargo que se cura ressaca. – Melissa me encarava totalmente sem humor.Eu me sentei e me obriguei a tomar o resto daquele café, porque eu realment
“Lisandra”Eu já estava há três dias na casa dos meus pais. Não tinha saído de casa para absolutamente nada e só o meu pai e a minha mãe tinham me visto, além dos funcionários da casa. Para a minha sorte o meu irmão Raul e a esposa estavam viajando e só voltariam no dia seguinte, quando eu já estaria indo embora.Minha mãe e eu estávamos sentadas no jardim, num silêncio confortável. Desde que eu cheguei ela não fez perguntas, não foi invasiva e se percebesse que eu estava disposta a conversar, ela falava. Então me surpreendeu quando ela resolveu mudar de atitude.- Você anda muito calada desde que chegou e você não é uma pessoa muito silenciosa. – Minha mãe comentou e olhou pra mim com seus olhos atentos e experientes.- Eu só precisava descansar um pouco, mãe. – Sorri para tranquiliza-la.- Hum, sei! E como vão as coisas com o Patrício? – A sua pergunta me pegou desprevenida.- Com o-o... com o Patrício?... Bem, vão bem. O Raul só vai chegar amanhã à noite, mãe? – Tentei mudar de ass
“Lisandra”Era o último dia na casa dos meus pais, era domingo e eu iria embora logo depois do almoço, já tinha até comprado a passagem pela internet. No dia seguinte eu teria que encarar o Patrício no escritório. E não só ele, o Rick e a Mel também. Eu avisei ao Rick e a Mel onde estava no dia seguinte a minha chegada, enviei uma mensagem para eles do celular da minha mãe e pedi que não contassem para mais ninguém. Eu ainda estava pensando sobre tudo o que a minha mãe me disse no dia anterior, mas eu não havia tomado uma decisão. Na verdade, quanto mais eu pensava, mais eu sentia que deveria ir embora pra longe.- Ah, as mulheres da minha vida estão aqui! – Meu pai chegou do clube pouco antes do almoço e encontrou a minha mãe e eu colocando a mesa. Ele deu um beijo na testa da minha mãe e depois fez o mesmo comigo.Durante o almoço nós conversamos sobre os tempos em que meus irmãos e eu ainda morávamos naquela casa. Eu ri das coisas engraçadas que meu pai contava sobre os meus irmãos
“Patrício”Eu estava há muitos dias já sem notícias da Lisandra, eu precisava saber onde ela estava. Não sei como, mas o Rick e a Mel sabiam, no entanto, eles não me contaram, apenas me disseram que ela estava bem. Eu pensei muito, pensei demais, não tinha idéia de onde ela tinha se metido.Minha cabeça estava uma confusão, eu sentia falta dela, do cheiro dela. Eu já não tinha idéia do que fazer. Eu queria vê-la, me desculpar, queria ouvir dos lábios dela que eu era o cara por quem ela era apaixonada, eu queria ter certeza. Mas no meu coração eu ainda tinha medo. E se eu não fosse esse cara? E se essa paixão dela fosse só uma ilusão? Ilusões acabam muito depressa.Nos dias em que eu estive com ela eu me sentia tão bem, tão feliz. Eu estava tão encantado por ela que nem sei o que eu senti quando vi aquele tal de Thales perto dela, só sei que foi algo ruim, muito ruim, como se ele pudesse roubar o que era meu. Agora, desde que ela sumiu eu estou a beira do desespero, eu não penso em out
“Patrício”Depois que a Lisandra entrou naquele taxi no aeroporto eu fiquei parado lá, de pé, olhando na direção do taxi que já havia sumido no trânsito. Quando saí daquele torpor, meu primeiro instinto foi de ir atrás dela e arrombar a porta daquele apartamento se fosse necessário. Era o que eu faria se o meu celular não tivesse tocado antes que eu ligasse o carro.- Mãe! O que foi? – Atendi ao telefone apressado e minha mãe apareceu na tela em uma chamada de vídeo.- Patrício Guzman, eu quero saber agora, direitinho, o que está acontecendo entre você e a Lisandra. – Minha mãe era uma mulher determinada e quando queria alguma coisa, ela conseguia, mas eu não tinha tempo para falar com ela agora.- Mãe, agora não dá!- Que não dá? Claro que dá, garoto! Pode começar a falar.- Mãe, é complicado, eu vim para o aeroporto esperá-la, ela chegou e não quis falar comigo, entrou em um taxi e eu estou indo atrás dela. Eu te ligo amanhã e converso com você com calma.- Patrício, para! – Minha m
“Lisandra”Ao ver o Patrício ali no aeroporto, a minha vontade era de pular no pescoço dele e fazer de conta que nada tinha acontecido. Eu o queria mais do que tudo na vida, mas eu estava muito magoada e também não conseguia deixar de pensar que se ele saiu mesmo daquela boate com outra mulher, me deixando pra trás, ele poderia fazer isso de novo e eu não suportaria uma segunda vez.Então, eu não fiz o que eu queria, eu fiz o que devia, afinal, era preciso ter o mínimo de amor próprio. Entrei no primeiro taxi que pude e me afastei dele. No dia seguinte eu resolveria a minha situação na empresa, não conseguiria trabalhar com ele depois de tudo, porque se eu ficasse perto eu cederia todas as vezes que ele se aproximasse de mim.Fui para o meu apartamento e me tranquei lá, deixei tudo para o dia seguinte, inclusive falar com a Mel e o Rick. Assim como fiz quando cheguei na casa dos meus pais, eu simplesmente me joguei na cama e eu dormi. Mas foi um sono conturbado, meus pesadelos voltara
“Patrício”Não foi assim que eu imaginei começar o dia com ela hoje. Eu queria ter sido mais suave, mais tranquilo, mas ao ouvir que ela deixaria a empresa eu fiquei louco, isso não aconteceria mesmo! E sem pensar eu a carreguei para a minha sala e nos tranquei ali. Nós ficaríamos trancados juntos nessa sala até que ela me ouvisse e tirasse da cabeça essa idéia de ir embora.Mas ela começou a chorar e isso me pegou completamente desprevenido. As lágrimas dela eram de dor, as lágrimas de um coração partido e vê-la assim fazia com que eu sentisse tudo dentro de mim doer, era uma dor emocional que eu sentia fisicamente. Eu odiava vê-la chorando, sempre odiei, e nas muitas vezes que eu a fiz chorar eu sempre senti essa dor física além da emocional, sempre doeu em mim como se fosse me matar, uma dor lancinante e que não passava.Era essa dor que eu sentia enquanto ela chorava ali no meu peito. E quando eu me dei conta, eu também estava chorando, chorando com ela, chorando por ela. Eu odiav
“Patrício”Eu me perdi no olhar dela por um momento, aqueles olhos lindos e meigos. Mas eu precisava falar, falar do que aconteceu e do que eu senti, do que eu estava sentindo agora e o que eu queria.- Eu fui um estúpido com você aquele dia na boate, fui um idiota, mas não foi a primeira vez que eu me portei mal com você, e eu não me orgulho disso. Eu não deveria ter ido embora da boate daquele jeito.- Patrício, você não me deve explicações, nós éramos amigos, nada mais. Tudo bem você ter ido embora, só poderia ter avisado que estava indo, assim não ficaríamos preocupados com você. Está tudo bem, você encontrou uma mulher interessante e saiu de lá com ela... – Eu comecei a rir, ela estava com ciúme também, eu senti na sua voz. – Do que você está rindo?- Estou rindo porque você está com ciúmes de alguém que nem existe. – Ela me encarou séria. – Meu doce, eu saí da boate sozinho! Não tem outra mulher, não precisa ficar com ciúme. Eu fui embora porque eu vi o seu amigo te abraçar, com