Collin Blackwood
A presença dela era como uma sombra que eu não sabia se acolhia ou temia. Sophie Al-Fayez Blackwood tinha mais coragem do que qualquer dama que eu já conhecera. Não era apenas pela maneira como se portava — um misto de graça contida e determinação —, mas pela honestidade desarmante de suas palavras.
O comentário sobre os jardins ecoava em minha mente enquanto eu revisava os documentos acumulados sobre a administração das terras. “Falta vida.” Essas palavras, ditas com a delicadeza de quem entende as sutilezas da natureza, expuseram algo que eu vinha ignorando: a ordem impecável de Blackwood Hall era uma extensão da minha própria necessidade de controle.
Desde o acidente que deformou parte do meu rosto, controlar tudo ao meu redor tornou-se uma obsessão. Não era apenas sobre a propriedade, mas sobre proteger o que restava da minha dignidade, minha posição e, principalmente, minha autonomia. E agora havia Sophie, com seus olhos atentos e seus julgamentos diretos, forçan