Nuria
O cheiro dele ainda estava em mim.
Mesmo depois do banho demorado, mesmo depois de lavar cada centímetro da pele como se tentasse tirar algo que já não estava fora — e sim, dentro.
A água escorreu quente pelas costas, mas não me queimava tanto quanto as lembranças da manhã. Os olhos prateados dele. A voz rouca. As ordens. O meu corpo… obedecendo.
Respirei fundo.
Vesti a única roupa que ainda me fazia sentir invisível: o uniforme cinza de criada. Sem graça, apertado demais no peito, largo demais nos quadris. Quase como eu.