Ela caiu contra os lençóis e nem teve tempo de se recompor antes que ele estivesse sobre ela.
Kael afastou-se apenas o suficiente para olhar para baixo, os olhos percorrendo o corpo dela com uma fome intensa. O vestido ainda estava bastante amassado, pendurado nos ombros dela, a pele exposta em vários pontos. Camélia sentiu o corpo inteiro arrepiar com aquele olhar. Ele ajoelhou-se na cama, entre as pernas dela, e lentamente deslizou os dedos pelos ombros dela, puxando as alças do vestido. O tecido deslizou lentamente pela pele quente, descendo pelos seios, pela barriga, até ser completamente arrancado. A respiração dela acelerou quando percebeu que estava ali, vestindo apenas a lingerie preta rendada. Os olhos de Kael escureceram ainda mais.A escuridão ainda abraçava Serra dos Riachos quando Kael abriu os olhos. O quarto estava em penumbra, iluminado apenas pela luz fraca da lua filtrando-se pelas cortinas. O silêncio era absoluto, exceto pelo som suave da respiração de Camélia, ainda adormecida ao seu lado.Ele virou o rosto para observá-la. Os cachos espalhavam-se pelo travesseiro, e seus lábios entreabertos exalavam uma tranquilidade que contrastava com tudo o que acontecia ao redor deles.Kael deslizou a mão por sua cintura, sentindo o calor suave de sua pele sob seus dedos. Parte dele queria ficar ali, afundar-se no conforto daquela cama, no cheiro dela, no vínculo que os unia de forma irreversível. Mas o dever o chamava.Ele fechou os olhos por um momento, controlando o desejo de puxá-la para mais perto e esquecer do mundo lá fora. Mas então, com um suspiro baixo, deslizou para fora da cama com cuidado, puxando o lençol para cobri-la melhor.Vestiu-se rapidamente, pegou a jaque
O cheiro de café fresco preenchia a cozinha da casa dos Alencar, mas o gosto da manhã era outro. Havia urgência no ar. E silêncio.Camélia girava a caneca entre os dedos enquanto observava Kael encostado à janela, os olhos fixos na linha cinza do horizonte. O mundo parecia contido, como se soubesse que algo estava prestes a acontecer.Um a um, os poucos que sabiam a verdade foram chegando. Ricardo foi o primeiro. Sempre direto, sempre atento. Tânia entrou logo depois, cumprimentando Camélia com um aceno discreto. Cauã veio por último, com a expressão séria e os ombros tensos.Quando Aziria cruzou a porta, um frio sutil percorreu o ambiente.— Estamos todos — ela disse, parando junto à cabeceira da sala. — Podemos começar.Kael deixou a janela, cruzando os braços ao se posicionar à frente dos demais.— Davi está reunindo mais que força. Ele está organizando. E Carlina... está mais influente entre os humanos do que a ge
A tarde caía em Serra dos Riachos, tingindo o céu com tons de cobre e rosa desbotado. A casa dos Couto, de madeira antiga e janelas largas, exalava o cheiro de café recém-passado e terra molhada. Tânia estava na varanda quando viu o carro de Kael estacionar do outro lado da rua.Ela desceu os degraus devagar, o coração batendo um pouco mais forte. Sabia que aquele momento mudaria muita coisa — para a cidade, para seu pai, e talvez para ela também.Kael saiu do carro ao lado de Aziria. A guardiã caminhava com a calma de quem sabia exatamente o que estava por vir. Kael, por outro lado, tinha o olhar concentrado e a postura rígida de quem se preparava para mais do que uma conversa: uma escolha.Tânia os encontrou no portão, abrindo-o antes que precisassem tocar a campainha.— Meu pai tá esperando vocês na sala — disse a Kael, com o tom sereno, mas os olhos atentos. — Ele não é contra… mas também não está totalmente a favor.— E ele tem todo
O portão de ferro rangeu de novo às costas deles, engolido pela névoa que parecia mais densa agora. A rua silenciosa refletia o frio crescente da madrugada, mas Tânia nem sentia. Não quando os passos de Cauã soavam tão próximos atrás dela. Não quando o ar ainda carregava o cheiro de folhas e tensão.Cauã destravou o carro e abriu a porta para ela, sem dizer nada.— Educado, hein? — comentou Tânia, com um sorriso enviesado.— Só não quero que reclame depois que molhou o cabelo com essa neblina — retrucou ele, entrando logo em seguida.O motor ronronou e os faróis rasgaram o nevoeiro. Por um tempo, tudo que se ouvia era o som dos pneus sobre o asfalto úmido. Tânia, então, quebrou o silêncio com um tom quase displicente:— Por que você veio comigo hoje?Ele não respondeu de imediato. Os olhos fixos na estrada, o maxilar contraído.— Porque era importante — disse enfim.— Hm — ela inclinou a cabeça, observando a pai
O dia estava longe de terminar, mas a sensação era de que já haviam vivido uma eternidade nas últimas horas. Entre alianças costuradas em silêncio, revelações difíceis e o peso de escolhas que não podiam mais ser adiadas, os ventos de Serra dos Riachos carregavam uma tensão quase palpável. No gabinete do Alfa, o clima era mais ameno — não pela ausência de problemas, mas porque ali, entre paredes que já guardaram tantas decisões importantes, dois corações estavam prestes a se reencontrar com a verdade. Quando Tânia bateu na porta, sabia que não era só uma conversa que estava prestes a acontecer… era um acerto de contas com tudo o que sentia.Tânia bateu duas vezes na porta do gabinete antes de empurrá-la com suavidade. O espaço estava mergulhado em meia-luz, as cortinas filtrando o sol do final da tarde. Kael estava de pé perto da janela, braços cruzados, como se observasse o mundo tentando manter o equilíbrio que lhe escapava por entre os dedos.Mas quando sentiu o
O fim de tarde vestia o céu com tons de cobre e vinho, como se até ele pressentisse que algo importante estava prestes a acontecer. Camélia caminhava ao lado de Kael, o coração acelerado, um turbilhão de emoções queimando sob a pele. O calor do toque dele em sua mão era firme e presente, um porto seguro diante da ansiedade que a dominava. Kael seguia ao seu lado com passos decididos, mas os olhos entregavam algo mais profundo — como se cada batida do próprio coração dissesse: agora é a hora. Ele estava pronto. Eles estavam prontos.O som da porta batendo ecoou suave pela casa. Camélia entrou primeiro, com um sorriso contido, mas os olhos brilhando, inquietos. Kael veio logo atrás, mais sério, mas com o olhar calmo — o tipo de calma que vem depois de se escolher algo com o corpo inteiro.Madalena e Júlio estavam na sala, sentados lado a lado, como sempre. Gustavo levantou de imediato quando viu o Alfa Supremo cruzar a porta, o olhar instintivamente protetor. Flor su
Camélia despertou mais cedo do que o habitual, com o corpo mergulhado numa exaustão estranha. Os olhos ardiam, a garganta estava seca, e um calor inesperado pesava em sua nuca. Sentia-se febril, mas não havia suor — apenas uma inquietação que pulsava como um tambor em seu peito.Sentou-se na cama devagar, pressionando a mão contra o ventre como se algo lá dentro vibrasse diferente. “Deve ser só um mal-estar”, sussurrou para si mesma. Talvez fosse o novo ritmo de vida, as mudanças recentes, os treinos... ou talvez só estivesse ficando doente. Mas a sensação era mais profunda. Como se seu corpo tentasse falar com ela por dentro, por debaixo da pele.Levantou-se e foi até a varanda da frente. O ar da manhã beijava seu rosto com suavidade, trazendo o cheiro fresco da serra e uma tranquilidade que contrastava com a agitação dentro dela. Precisava respirar, encontrar algum equilíbrio. Mas, ao fechar os olhos, um nome ecoou com força: Kael.E então, a marca em se
Serra dos Riachos não era uma cidade qualquer, era viva e pulsava sob os pés dos que passavam, sussurrava através das árvores, escondia segredos no reflexo dos riachos, era uma cidade que respirava. Aqui, o mundo visível e o invisível se entrelaçavam. Aqui, lendas não eram apenas lendas. Safira foi a primeira a ouvir o aviso, nas águas calmas do Bosque da Névoa, onde as guardiãs buscavam refúgio para se centralizarem, criarem amuletos e discutirem o destino da cidade. Em um desses momentos, a profecia veio até ela como um sussurro no vento, como se a própria Serra dos Riachos se materializasse. A noite estava densa, o ar carregado com o peso de algo que não podia ser visto, apenas sentido. A lua cheia pairava alta no céu, derramando sua luz prateada sobre a floresta silenciosa, que servia como testemunha de segredos antigos. No centro da clareira, um círculo de guardiãs permanecia imóvel, como se aguardassem algo. No meio delas, Safira ergueu o rosto, seu olhar intenso refletindo o