CAPÍTULO 0006
Quando Lívia acordou novamente, estava deitada em sua própria cama. Ao lado, com o rosto gelado como gelo, estava Artur.

— Depois do que você fez, era para ter ficado trancada por três dias e três noites. Mas foi a Luana que, com o coração mole, pediu para eu te soltar.

— Eu já sabia que você ainda não tinha desistido de mim. Mas preste atenção, Lívia, eu nunca vou gostar de uma garotinha doze anos mais nova. Entre nós dois... nunca vai existir nada.

Assim que terminou de falar, a porta se fechou com força na frente dela. O estrondo abafou completamente qualquer explicação que ela pensava em dar.

Lívia encostou-se na cabeceira, fechou os olhos e soltou um longo suspiro.

Murmurou:

— Artur Vasques… eu juro, não gosto mais de você.

Nos dias seguintes, a mansão Vasques estava em plena agitação.

Todos se mobilizavam para os preparativos do casamento de Artur com Luana.

Luana, animada, comandava tudo, e ainda fazia questão de puxar Lívia para participar, como se nada de desagradável tivesse acontecido entre elas.

— Já está quase tudo pronto, só falta a madrinha. Eu acho que a Lívia seria perfeita. Atrairia bons ventos! Quem sabe até arruma um padrinho de casamento?

Ela disse com um sorriso travesso, em tom de brincadeira.

Lívia, que não conseguia disfarçar como Luana, retirou o braço de seu cotovelo e já ia recusar quando uma voz fria os interrompeu.

— Ela não pode ser madrinha.

As duas se viraram ao mesmo tempo e viram Artur parado atrás.

— Por que não? — Luana parecia surpresa com a negativa.

Artur não respondeu de imediato. Seu olhar recaiu sobre Lívia.

Ela andava mais quieta ultimamente, não o procurava mais.

Mas só de imaginar ela com outro homem... sentia-se sufocado. Incômodo.

Mas se perguntassem o motivo, ele não saberia responder.

Ele abaixou o olhar. Estava prestes a inventar uma desculpa qualquer quando ouviu Lívia dizer:

— Sou da geração mais nova, não é apropriado eu ser madrinha.

Na verdade, era porque ela logo partiria para o exterior.

Aquele casamento… ela estava destinada a não comparecer.

Artur assentiu com a cabeça diante da justificativa, e Luana pareceu finalmente desistir da ideia.

Lívia estava prestes a se retirar quando ouviu Luana dizer, casualmente:

— Já que a Lívia não pode ser minha madrinha, que tal me dar aquele vestido de noiva que você desenhou? Eu adoro aquele modelo.

Lívia imediatamente olhou para Artur.

Aquele vestido, ela desenhou aos dezoito anos. Chegou a ganhar um prêmio com ele.

Inúmeras jovens da alta sociedade cobiçaram aquele vestido de noiva, todas querendo usá-lo no dia do casamento, mas foram todas recusadas por Lívia.

Porque ela o havia criado… para si mesma. Para se casar com Artur.

Ele sabia o significado do vestido. Mas não queria desapontar Luana. Então, falou:

— Lívia, se você vender esse vestido para mim, eu aceito qualquer condição que quiser.

Lívia forçou um sorriso:

— Não precisa. A Luana está certa. Eu também deveria lhes desejar felicidades. Então, que esse vestido seja meu presente de casamento antecipado.

Em seguida, ligou para a loja de vestidos de noiva.

Logo, funcionários chegaram trazendo o vestido cuidadosamente embalado e o entregaram nas mãos de Luana.

Luana Costa conseguiu o vestido de noiva que tanto queria e, sem tempo nem interesse para implicar com Lívia, correu animada para o provador.

Lívia observou sua figura sumindo, depois, sem expressão, virou-se e voltou para o quarto.

Mas Artur permaneceu parado, encarando suas costas. Pensativo.

De madrugada, Lívia estava no quarto, terminando de arrumar suas malas.

Já tinha quase tudo pronto. Os documentos estavam quase finalizados. Em breve, poderia partir.

Escondeu a mala no canto e se preparava para dormir quando a porta foi escancarada com violência.

Sem tempo para reagir, Artur entrou como um furacão e agarrou seu pulso, despejando acusações com raiva:

— O que você fez com o vestido?!

— A Luana mal experimentou e já ficou com coceira, cheia de manchas vermelhas! Lívia, está tentando matá-la?!

À luz fraca do abajur, os olhos de Artur estavam cheios de ódio, como lâminas afiadas prestes a despedaçá-la.

Lívia balançou a cabeça desesperadamente:

— Eu nunca mexi no vestido! Jamais faria algo assim! Eu não tenho motivos para machucá-la!

A expressão dele se endureceu. De repente, jogou-a na cama com força. Os olhos, frios como gelo, transbordavam indignação.

— Não importa a desculpa. Eu sei que você nunca desistiu de mim. Mas uma coisa é me amar. Outra é ferir a Luana. Reze para que não aconteça nada com ela. Se não…

Antes que pudesse terminar a frase, a governanta entrou correndo.

— Sr. Vasques! A senhorita Luana… ela desmaiou!

— Fique de olho nela. Não deixe que fuja! — O rosto de Artur mudou na hora. Após dizer isso, ele se virou e saiu apressado pela porta.
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