CAPÍTULO 0004
As palavras que Artur Vasques disse naquele dia não ficaram na mente de Lívia Prado.

Ela apenas esperava, em silêncio, que os trâmites da imigração fossem logo aprovados para poder ir embora.

Mas Luana Costa não estava disposta a deixá-la em paz.

Nesse dia, Luana insistiu, com um entusiasmo forçado, para levá-la às compras. Porém, mal haviam entrado no carro, Lívia desmaiou.

Quando voltou a abrir os olhos, percebeu que estava amarrada em um penhasco à beira-mar.

Do outro lado, Luana também estava presa da mesma forma.

Ela se debatia, tentando perguntar o que estava acontecendo, mas o som morria abafado sob a fita adesiva que cobria sua boca.

Luana notou seu olhar confuso e soltou uma risada fria.

— Lívia, eu também não queria te sequestrar.

— Mas aquelas palavras do Artur naquele dia não saem da minha cabeça. Eu só quero saber quem é mais importante para ele.

Ao ouvir aquilo, uma tristeza amarga cresceu dentro de Lívia.

O que havia para provar? A resposta não era óbvia?

Logo, Artur chegou apressado, carregando duas malas cheias de dinheiro.

Jogou as malas à frente e gritou com firmeza:

— Já trouxe o dinheiro, soltem as duas!

Mas os sequestradores, que já haviam recebido ordens de Luana, não se moveram. Um deles falou devagar:

— Sr. Vasques, não as sequestrei por dinheiro.

A expressão de Artur mudou na hora, sua voz ficou mais fria:

— O que você quer dizer com isso?

O homem apoiou uma mão nos ombros de cada mulher e sorriu com crueldade:

— Dizem que uma é filha do seu amigo. A outra, sua noiva. Só pode salvar uma. A outra… vai ser jogada no mar para servir de comida para os tubarões. Faça sua escolha.

Ao terminar, afrouxou levemente as cordas. As duas mulheres, presas à beira do penhasco, quase caíram direto no mar.

Luana empalideceu, a voz trêmula de puro medo:

— Artur! Me salva! Eu não quero morrer!

O coração de Artur disparou.

— Não mexa na Luana!

A escolha estava feita.

O sequestrador sorriu satisfeito. Até Luana, que fingia estar assustada, finalmente relaxou.

Ela olhou para Artur com olhos emocionados, mas ele, sem perceber, virou o rosto e olhou para o outro lado, para Lívia.

Ele esperava que ela estivesse desesperada, arrasada. Mas em seu rosto só havia calma.

Sem saber o motivo, ao encarar aquele semblante calmo, Artur sentiu uma inquietação inexplicável.

Antes que pudesse dizer algo, sentiu um peso repentino sobre o corpo. Luana, já liberta, pulou em seus braços, emocionada.

Instintivamente, ele a segurou com força.

— Luana…

Mas, no instante seguinte, as pupilas de Artur se contraíram.

A corda de Lívia também fora cortada, e ela caiu direto no abismo!

Splash!

As águas violentas a engoliram por completo. Forças invisíveis puxavam-na cada vez mais fundo.

Lívia tentou nadar para cima, mas o cansaço foi tomando conta.

Seus olhos foram se fechando até que tudo escureceu…

Quando Lívia abriu os olhos no hospital, viu Artur sentado ao lado da cama.

Seus olhos estavam vermelhos, o rosto coberto por uma barba por fazer. Estava claro que ele estava ali há dias.

Mas agora, ela já não precisava mais da presença dele.

Os dois se encararam por muito tempo, sem dizer uma palavra.

Por fim, Lívia quebrou o silêncio:

— Tio Artur, não precisa ficar aqui. Vá cuidar da Luana. Ela é quem precisa de você agora.

Achando que tinha sido dura demais, acrescentou:

— Eu sei cuidar de mim.

Artur ficou surpreso. Seu olhar, agora cheio de confusão, permaneceu nela por um longo tempo antes de finalmente se levantar e sair.

O dia da alta de Lívia coincidia com o aniversário de Luana.

Era o primeiro aniversário das duas como namorados, então Artur organizou uma festa grandiosa.

Cem mil rosas, trazidas diretamente da França, decoravam todo o local. Presentes caríssimos se empilhavam pelos cantos como se fossem nada.

Fotos românticas do casal enfeitavam desde a entrada até o salão principal.

Quando os fogos coloriram o céu, a festa atingiu seu auge. Artur envolveu Luana pela cintura e dançaram lentamente ao som de uma valsa elegante.

No telão atrás deles, um vídeo com momentos felizes dos dois passava em looping.

Os convidados se emocionavam com aquele amor, até que a tela escureceu de repente.

Logo depois, cartas infantis e desenhos surgiram na tela.

O amor profundo de Lívia por Artur foi exposto diante de todos!

O salão entrou em alvoroço.

Lívia encarava a tela, o rosto completamente pálido.

Ela havia rasgado tudo… como aquilo foi parar ali?

Tentou correr para desligar o telão, mas suas pernas pareciam presas ao chão. Apenas deixava que o barulho das vozes a empurrasse cada vez mais para o abismo.

— O Sr. Vasques está prestes a se casar e essa filha da família Prado ainda não desistiu? Que vergonha!

— Hoje é o aniversário da Srta. Luana! Isso é uma provocação pública!

— Que tristeza... Mesmo casando, ela vai ter que lidar com mulheres de olho no marido.

Os comentários logo chamaram atenção do casal no centro do salão. Quando Luana viu o que aparecia na tela, ficou lívida.

Tremendo da cabeça aos pés, lançou um olhar de puro ódio a Lívia, e saiu correndo com os olhos marejados.

— Luana!

Artur ficou nervoso e tentou ir atrás.

Mas, ao passar por Lívia, que permanecia imóvel, parou de repente, e estapeou o rosto dela com força!

PÁ!

O salão inteiro caiu em silêncio.

— Lívia! Agora eu entendi por que andava tão comportada… Afinal, estava esperando por esse momento!
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