Irina Smith
A sala virtual estava montada. Tudo milimetricamente controlado. O cenário era suave, tons quentes de âmbar nas luzes indiretas, o fundo limpo, e eu, Afrodite, posicionada diante da câmera, com o microfone já ligado e o batimento cardíaco soando como tambor nas minhas orelhas.
Os minutos que antecedem o primeiro encontro com o Candidato Alfa escorriam como mel frio sobre minha pele, lentos, espessos, incômodos. O estúdio estava silencioso, perfumado por uma vela de âmbar acesa no canto. A luz azulada do refletor preenchia o ambiente com sombras sensuais. O robe preto deslizava sobre meu corpo como uma segunda pele. Cada detalhe estava no lugar. Quase perfeito.
Quase.
Não era a primeira vez que eu me apresentava. Mas tudo naquela noite era inédito. Hoje não era só mais uma sessão. Hoje era o início do leilão.
O começo de algo que eu planejei com cuidado e coragem. Uma experiência em que ofereceria o que nunca entreguei a ninguém, não como moeda, mas como escolha. Como art