109. A Verdade Queima
Gregório
Volto meu olhar para Carmen, que bebe seu café tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo. Aproximo-me da sua mesa e me sento na poltrona à sua frente. Sem pensar duas vezes, disparo a pergunta que está entalada na minha garganta desde que ela começou a mostrar quem realmente é.
— Jorge e Durval já se entenderam?
— Sim. Eles se encontraram há poucos dias no hospital. Ambos estavam internados em estado grave, mas, por um milagre — ou ironia do destino —, sobreviveram... para a minha desgraça.
— Como assim, para a sua desgraça? Não está feliz por seu irmão e seu sobrinho estarem recuperados? — pergunto, boquiaberto com sua frieza.
— Não! Eles vivos, e ainda por cima unidos, representam um grande problema tanto pra mim quanto pros meus planos com seu padrinho Estêvão — ela fala do meu padrinho como se ele ainda estivesse vivo.
Mas, por mim, que continue pensando assim. É melhor que ninguém descubra tudo o que aconteceu na ilha — e, principalmente, que deixamos dois corp