MAITÊ
O corredor estava mais silencioso do que o resto da mansão . Os passos dos meus saltos pareciam ecoar alto demais para um local tão refinado . Havia algo de solene naquele caminho , como se eu estivesse prestes a cruzar uma linha que não permitiria volta.
Quarto 5. Agora.
As palavras da mensagem de Valentina ainda vibravam na minha cabeça como um alarme mudo. Sabia que ela nunca dava ordens à toa – cada movimento dela era uma peça colocada no tabuleiro com o objetivo de encurralar , desestabilizar , expor.
Quando parei diante da porta escura , hesitei por dois segundos.
Depois , respirei fundo e entrei.
O ambiente estava limpo, organizado . Um cômodo transformado temporariamente em consultório . Equipamentos portáteis estavam sobre uma bancada de madeira discreta, e na poltrona ao canto , ereto e sereno , o Doutor Enrico Maillard.
-Boa noite , Maitê - disse ele , com aquele mesmo tom clínico que conheci meses antes – Fico feliz que tenha vindo.
-Fui convocada – corrigi ,