MAITÊ
O cerco havia se fechado , me sentia gelada diante dos últimos acontecimentos.
O carro deslizou pela avenida como um fantasma – silencioso , invisível , rápido demais para ser notado. Encostei a cabeça no vidro e deixei o frio da madrugada apagar o calor que ainda queimava dentro de mim. Meus dedos tremiam no colo, e por um instante , pensei em pedir que Carlos parasse . Que me deixasse sair. Que eu desaparecesse dali, sumisse sem deixar vestígio.
Mas era tarde demais para desaparecer.
Arthur sabia
Valentina suspeitava e por isso armou esse circo todo.
E eu ? Estava no centro do furacão com um segredo pulsando dentro de mim como uma bomba-relógio.
Carlos o motorista não falou nada . Era discreto , treinado para ignorar o medo dos passageiros . A cidade passava pelas janelas como um borrão - vitrines apagadas , ruas molhadas , faróis distantes. E eu pensava no que havia deixado para trás no triplex. O quarto. O médico. O rosto impassível de Valentina quando me recebeu em