Uma jovem de vinte anos retorna à sua cidade natal, Portevecchio, após descobrir a traição de seu namorado com sua prima. Em busca de paz, ela se depara com um homem implacável de trinta e oito anos que governa a cidade com crueldade. Ele vê o amor como uma fraqueza, mas algo na jovem garota desperta emoções há muito adormecidas nele. Ela, por sua vez, sente uma atração irresistível pelo perigoso mafioso. Pode o amor florescer em um coração tão árido? Ou será que ela conseguirá aceitar a verdadeira e aterrorizante natureza deste homem? Mergulhe nesta história sombria e descubra os segredos que se escondem nas sombras de Portevecchio.
Ler mais18:00 — Nova Jérsei. — EUA.
Isabella Conti.
Já faz uma semana que estou aqui, em Nova Jérsei. Vim visitar a minha tia, e também o meu namorado. Nós estamos juntos desde quando eu tinha apenas quinze anos, hoje estou com dezoito, faz três anos que estamos juntos, e ele tem sido um homem maravilhoso. Mas tem um problema, eu sinto que está acontecendo alguma coisa com o Thiago. Como faz uma semana que cheguei aqui, ele mal tem tempo para mim, sempre dizendo que está ocupado, que tem trabalhado demais e que precisa descansar.
Sinto que ele não é o mesmo de antigamente, Thiago é dois anos mais velho, trabalha como segurança numa empresa famosa de Nova Jérsei. Estou tentando não desconfiar dele, porque nem avisei que iria passar as minhas férias aqui, queria ter feito uma surpresa para ele. Implorei muito aos meus pais para permitirem que eu viesse aqui, mesmo que eu seja de maior, meus pais são bem protetores e rígidos.
Neste exato momento estou na porta da casa dele, tenho a chave reserva que ele me entregou no nosso primeiro aniversário. Quero conversar sério com ele, desejo compreender o porquê dele está me evitando tanto assim.
Destranco a porta observando a sua sala de estar.
— Thiago? — Chamei, mas o silêncio foi a única resposta.
Já passa das seis e dez. Decido esperá-lo no andar de cima. Subo os degraus lentamente. Quando cheguei perto de seu quarto, ouvi os ruídos. Não... Não podia ser. Gemidos? Meu coração acelerou descontroladamente, uma dor aguda me apertou o peito, sufocando-me. Uma falta de ar começou a se instaurar.
Estendi a mão trêmula até a maçaneta e girei, o que vi me fez duvidar da realidade.
— Ahh! Thiago.. Assim mesmo! — A voz da minha prima ecoava pelo quarto, perfurando minha alma. Os dois estavam em um momento íntimo. A dor era tão intensa que parecia sufocar cada centímetro do meu ser, lágrimas incontroláveis escorriam pelo meu rosto, meu soluço era um grito de agonia.
— Isabella? — Ele se afastou dela rapidamente. — Não é o que você está pensando... Eu...
— Chega!! Não precisa dizer mais nada! Não estou apenas pensando, Thiago! Estou vendo! C-Como... Como você pode fazer isso comigo? — Minhas palavras saíam entrecortadas pelo choro, minha voz embargada pela dor. — Eu tentei ser uma boa pessoa para você... Estudei tanto para tirar boas notas... Para que meus pais sempre permitissem que eu te visse... Me esforcei, dei tudo por você... E você faz isso... Justo com minha prima.
— Isa... — Ele tentou me tocar.
— Não ouse encostar em mim!! — Encarei minha prima, com o coração em frangalhos. — Como você pôde fazer isso comigo? Eu confiava em você... Te considerava como uma irmã. Por quê? Por que fizeram isso comigo?
Sua expressão de culpa e arrependimento não significava nada para mim.
— E-Eu sinto muito, Isa... Eu... Como você nunca quis se entregar para mim... Eu fiquei com desejo, acabei ficando com a sua prima... Me perdoa. — Suas palavras foram como um soco no estômago.
— V-Você... Você fez isso com ela só porque eu não me entreguei para você? É isso mesmo? — Mal podia acreditar no que estava ouvindo.
— Por favor... Me desculpa. — Desferi uma bofetada em sua bochecha, deixando-o em choque.
— Vá para o inferno! Os dois! — Virei as costas e saí do quarto.
— Isabella! — Ignorando seu chamado, continuei caminhando.
Saí da casa dele com o coração em frangalhos, dilacerado pela dor da traição. A chuva, antes despercebida, agora caía incessante, misturando-se às lágrimas que inundavam meu rosto. Meus passos cambaleantes mal conseguiam acompanhar o ritmo dos soluços que escapavam de minha garganta.
Por que ele fez isso comigo? Por que minha própria prima me traiu assim? A sensação de traição me cortava como lâminas afiadas, dilacerando cada pedacinho de confiança que restava em mim. Eu os considerava tanto, confiava neles com todo o meu ser. Por quê? Por quê?
A dor no meu peito era insuportável, uma agonia que parecia nunca ter fim. Eu só queria que essa dor fosse embora, que Deus me concedesse um alívio, um sopro de conforto em meio ao desespero.
Não deveria ter concordado com esse namoro à distância, uma ilusão que agora se desfazia diante dos meus olhos. E no final, a culpa recaía sobre mim, como se eu fosse a culpada por não me entregar completamente a ele. Desgraçado! Escrota!
— O que eu vou fazer? — Sussurrei para mim mesma, as palavras se perdendo no vento e na chuva.
Decidi então que iria embora, voltar para minha cidade, deixar para trás essa província de traição e desilusão. Ergui-me do chão encharcado, a lama grudando em minhas roupas como um lembrete viscoso da minha própria miséria. Minha mente estava exausta, meu corpo pesado de dor e decepção. Só queria desabar em lágrimas, mas não permitiria que a traição e a dor me consumissem por completo. Não sou uma garota fraca.
Que eles se danem, que me esqueçam para sempre. Jurava a mim mesma que nunca mais colocaria meus pés nesse lugar amaldiçoado, nunca mais.
Aviso de Gatilho:
Este livro é uma obra de ficção. A cidade mencionada foi criada pelo autor e não tem relação com lugares ou eventos da vida real. Este livro contém representações de violência extrema, drogas ilícitas, coerção e outros temas intensos. Trata-se de um romance dark, onde as sombras da alma humana são exploradas de forma profunda e intensa. As cenas descritas podem ser perturbadoras e desencadear respostas emocionais fortes em algumas pessoas. Devido à sua natureza extremamente pesada, recomenda-se discrição ao ler. Esteja ciente de que o conteúdo deste livro pode ser difícil de digerir e pode não ser adequado para todos os leitores. Se você estiver desconfortável com esses temas, por favor, considere sua leitura com cautela ou opte por um material alternativo.
Alessio Vecchio. 20:40 — Restaurante. — Portevecchio. Enquanto brindávamos, o restaurante parece desaparecer, e tudo o que importa está na minha frente: minha rainha e meus dois pequenos príncipes. Estamos imersos em nossa bolha de felicidade e amor, quando, de repente, a harmonia é interrompida. Um homem meio bêbado levanta-se de uma mesa próxima, acompanhado por seus amigos, cambaleando em nossa direção. Antes que eu possa reagir, ele esbarra no braço de Isabella, fazendo com que ela derrame seu suco no vestido vermelho. — Oh, desculpe, moça. — Diz o bêbado, com um sorriso idiota no rosto. A expressão de Isabella fica tensa, mas ela tenta manter a calma. — Está tudo bem, Alessio. Não foi nada. — Diz ela, tentando aliviar a tensão. — Não está tudo bem. — Murmuro, levantando-me rapidamente e segurando o braço do homem para afastá-lo de Isabella. O bêbado tenta se desculpar, com medo visível nos olhos ao ver minha fúria. Enquanto isso, um dos amigos do bêbado olha para Isabella
Alessio Vecchio.Dez anos depois. Depois de dez anos, posso dizer que minha vida mudou de maneiras que eu jamais imaginei. Tenho agora quarenta e oito anos, enquanto minha linda rainha tem trinta anos. Orion, nosso filho, cresceu bem e tem agora dez anos. É impressionante como ele desenvolveu uma personalidade tão parecida com a minha. Ele é extremamente ciumento com a mãe e, para ser honesto, fico feliz com isso. Enquanto trabalho, ele fica de olho na sua mãe, e sempre me conta se alguém tentou alguma coisa com ela.Orion é um garoto muito inteligente. Na escola, sempre tem as melhores notas da sala. Há dois anos, ele me surpreendeu ao pedir para treiná-lo, dizendo que, quando eu morresse, ele assumiria o meu lugar e protegeria a mãe. Poderia ter interpretado isso como uma ofensa, mas, na verdade, eu me senti bem ao ouvir isso. Saber que minha rainha seria protegida caso algo acontecesse comigo me traz uma certa paz. No começo, Isabella não gostou da ideia, mas Orion conseguiu sua p
Alessio Vecchio.Quatro dias depois. Passaram-se quatro dias e Isabella e nosso filho finalmente estão voltando para casa. Durante esses dias, mal saí do lado deles. Isabella estava exausta, então aprendi a cuidar do nosso filho com a ajuda das enfermeiras. Elas me ensinaram a trocar fraldas, a dar banho, e eu estava determinado a ser o melhor pai possível, mesmo sendo completamente inexperiente.Foram momentos assustadores e, ao mesmo tempo, maravilhosos. Assustadores porque eu nunca imaginei que estaria trocando fraldas de alguém. Pensava que, se tivesse filhos, uma babá cuidaria de tudo. Mas agora, com nosso filho, não me importo de fazer essas coisas. Cada erro que cometi foi uma lição aprendida e cada acerto, uma pequena vitória.Além de cuidar do nosso filho, também ajudei Isabella. O parto foi difícil e ela continua se recuperando. Isabella precisava de ajuda para ir ao banheiro e tomar banho. Devido ao parto, ela estava usando fraldas, algo que inicialmente a deixou constrang
Isabella Conti.Quatro meses depois.A cada dia que passa, parece que o tempo voa. Já se passaram quatro meses desde que descobrimos que o nosso bebê é um garoto. Esses meses têm sido mágicos, como um sonho encantado que eu nunca quero que termine.Alessio tem sido incrível, cuidando de mim com um carinho e dedicação que ultrapassaram tudo o que eu poderia imaginar. Sempre pronto para atender a qualquer exigência que tivesse, seja grande ou pequena, ele é o pilar que sustenta toda a nossa pequena família. Durante a gravidez, meus hormônios estiveram em alta, e a nossa intimidade não só se manteve, como se intensificou.Meu amor por Alessio cresceu a cada dia, assim como o amor que sinto por nosso filho. Cada semana, ele se tornou mais presente, mostrando sua preocupação e seu carinho com cada detalhe. Ele contratou uma equipe para organizar o quarto do nosso bebê, decorando-o exatamente do jeito que sonhamos. A dedicação dele em preparar tudo para a chegada do nosso filho é uma prova
Alessio Vecchio.10:40 — Hospital. — Portevecchio.Chegando ao hospital, Dante estaciona o carro com precisão. Ele desce para abrir a porta, e eu saio primeiro. Com um gesto cuidadoso, seguro a mão de Isabella, ajudando-a a sair do carro e a se equilibrar.Seguimos para dentro do hospital e caminhamos em direção ao consultório de Taylor.Ao chegarmos à porta do consultório, dou uma pequena batida e a abro sem esperar permissão. Taylor, que está organizando alguns papéis em sua mesa, levanta-se rapidamente e faz uma reverência respeitosa.— Seja bem-vindo, meu senhor. — Diz ele, com formalidade e simpatia evidentes em sua voz.— Estamos aqui para o ultrassom. — Anuncio, minha voz firme, mas carregada de expectativa.Taylor acena com a cabeça, mantendo um sorriso acolhedor.— Por favor, deite-se na maca. — Ele pede suavemente, seu tom tranquilo. — Vamos começar o exame.Isabella se acomoda na maca, seu olhar alternando entre ansiedade e expectativa. Sento-me ao seu lado, segurando sua m
Alessio Vecchio.Quatro meses depois.Quatro meses se passaram desde aquela noite infernal. A tortura de Salvatore ainda ecoa em minha mente, mas agora meus pensamentos estão voltados para Isabella e nosso bebê. Ao voltar para casa naquela noite e vê-la dormir tranquilamente, senti que havia feito a coisa certa. Desde então, minha vida se concentrou em cuidar dela e do nosso filho.Cada manhã começava com a mesma rotina: ajudá-la a tomar banho, trocar seus curativos e garantir seu conforto. A ferida de Salvatore cicatrizou bem, e ver o brilho voltar aos seus olhos era uma recompensa indescritível. As mãos que antes causavam dor agora ofereciam carinho e conforto.Acompanhava Isabella em check-ups regulares para assegurar que ela e o bebê estavam bem. Taylor sempre nos dava boas notícias, o que trazia um alívio imenso. Havia deixado as obrigações da máfia para Dante e Saulo, permitindo-me focar completamente em minha família. Esse tempo longe dos negócios me fizeram valorizar o que rea
Último capítulo