Capítulo 4

Capítulo 4

Um homem alto, aparentemente forte, muito bem vestido, passa ao lado deles, no corredor.

Cíntia não viu seu rosto, mas o cheiro que ele deixou no ar, a fez olhar para trás, com um certo interesse, fazendo seu coração acelerar descompassado.

O cheiro é tão bom, que a fez se sentir estranha, seu corpo fica em transe observando o homem pelas costas, o andar, o porte de macho, o jeito como passou as mãos pelos cabelos negros, os dedos longos das mãos, a pele bronzeada.

Envergonhada com sua atitude, olha para frente, parece que o namorado não percebeu. Ficou até calada de tão envergonhada por gostar tanto do cheiro do homem e não apenas do cheiro. Se pegou perguntando para si mesma, quem seria ele?

Ashtar entra na recepção, um cheiro doce, inebriante, tomou conta de suas narinas há alguns metros, estava tão preocupado com uns problemas que aparecem no sistema novo, que não olhou para o ser que exalava o odor, que agora está impregnado em suas narinas. A pele dessa pessoa só pode ser macia e sedosa, o cheiro dos cabelos também o pegou de jeito.

- Que cheiro é esse? Por todas as constelações! - Ashtar pergunta para si mesmo com ar de prazer.

Mosha vem logo atrás escutando o seu comentário.

- De que cheiro está falando? - Mosha pergunta.

- Um cheiro doce, como mel. Os cabelos cheiram a flores, como jasmim. - diz num tom de voz cheio de luxúria.

- Eu não vi nenhuma Pluptoriana por perto. Só tem nós dois de extraterrestres a quilômetros.

- Eu sei, é o cheiro de uma humana.

- Se eu não te conhecesse, ia pensar que encontrou sua fêmea. - diz soltando uma gargalhada.

Ashtar puxa o ar novamente, seus olhos ficam vermelhos, a boca fica levemente aberta.

- Ei... Você está com tesão? Não creio nisso. - Mosha fala boquiaberto, não acreditando em seus olhos.

Ashtar olha para o amigo, seus olhos ainda estão vermelhos, tenta disfarçar seu crescente interesse no cheiro da humana.

- Deixa de besteira, Mosha.

Fecha o paletó para o amigo não ver seu estado de prontidão. Vai até à recepção, pergunta sobre as pessoas que acabaram de passar por ele no corredor.

- As pessoas que acabaram de sair daqui. Vão embora ou acabaram de chegar?

- Acabaram de chegar, senhor. - fala a recepcionista com um sorriso insinuante com seus lábios pintados de vermelho, toda feliz que o patrão está lhe dando atenção.

- Vão ficar até quando? - pergunta sem.reparar na recepcionista.

- Irão embora no domingo, senhor.

Apressado agradece educadamente.

- Obrigado. Venha Mosha ou vamos nos atrasar.

Segue até o heliporto, tem que ir com urgência até Brasília e de helicóptero é muito mais rápido.

- Porque quer saber da moça, se você não curte humanas? - Mosha pergunta sem entender o amigo.

- Quero só tirar uma dúvida.

Não diz toda a verdade para Mosha, pois nem ele mesmo acredita no interesse repentino que começou a ter pela humana que nunca a viu, apenas sentiu seu cheiro. "E que cheiro." Ashtar suspira exasperado, mal acredita no que está acontecendo com sua mente. Como o cheiro de uma humana pode deixá-lo aceso desse jeito?

- Que dúvida? Pensa que não vi seu menino balançando de felicidade? - diz Mosha sorrindo.

Envergonhado por Mosha ter reparado, Ashtar comenta:

- Você me mata de vergonha às vezes. Está bem, eu confesso. - fala a contragosto. - O cheiro dela, seja lá quem for, me deixou louco de desejo. Se estivesse perto dela quando reparei, tirei lhe arrancado as roupas e a feito minha ali mesmo, mas, graças aos céus que isso não aconteceu. Ela é humana, tem o corpo muito delicado, a teria machucado se o tivesse feito.

- Cara, tu tá pior do que eu pensei. Não se preocupe, ela vai gostar de você. - fala com um sorriso de lado. - A gente dá um jeitinho sobre a sua força em excesso, te ensino uns macetes.

- Já disse que não quero humanas. Isso que está acontecendo comigo é uma loucura, vai passar de um momento para o outro. - diz tentando enganar a si mesmo.

- As pluptorianas não te deixam tão excitado como acabou de ficar. E só sentiu o cheiro dos cabelos e da pele exposta. Imagina quando estiver perto dela e a tocar, sentir o cheiro de sua pele completamente nua?

Novamente Ashtar fica excitado, a imaginar nua não está ajudando em nada. Não faz a mínima ideia de como ela seja.

- É um absurdo o que diz. Deve ter sido um engano, só quero tirar essa dúvida quando voltarmos.

- O que vamos fazer em Brasília? – Mosha pergunta olhando a vista.

- Tenho uma reunião com o meu advogado agora à tarde, e à noite, um jantar.

- Jantar? É com uma gatinha?

- Você só pensa em mulher? Agora entendo porque minha irmã não te quer.

- Cara, isso doeu. Vigia o que tu vai falar. - Mosha fala apontando o dedo para o amigo. - Escuta aqui, se sua irmã e eu estivéssemos juntos, nunca e jamais teria olhos para outra, que fique bem claro. Me casaria com ela. Mas só eu a amo, e não posso passar o resto dos meus dias prostrado por aí chorando pelos cantos por amor. Então eu vivo e pronto.

- Tá bom. Me desculpa, me irritei sem necessidade.

Após o almoço, os casais vão fazer trilha, duas horas de caminhada e chegam em um lago grande, onde tem uma tirolesa.

- Vou na tirolesa, vem comigo amor? – fala Rodrigo empolgado.

- Eu tenho medo de altura.

- Sabe nadar?

- Não, fico sempre no raso. Pode ir, eu te espero aqui.

- Está bem, vou sozinho. Assim que te ensinar a nadar, você desce na tirolesa.

- E se demorar muito tempo? – pergunta sorridente.

- A gente volta aqui só pra isso, RS. Combinado?

- Combinado… - sorri o vendo seguir pela trilha.

Ele sobe a montanha com a equipe para descer na tirolesa. Ela entra na parte mais rasa do lago com os pais, observa os peixinhos passar por seus pés, fazem cócegas.

Ela olha o namorado, ele se afasta cada vez mais, antes dele entrar na mata, uma mulher vai atrás. Cíntia a reconhece, a mulher sentada na recepção lendo uma revista.

- Algo de errado, querida? Não está se divertindo?

- Sim, estou mamãe. Às vezes minha cabeça ainda pensa coisas desconexas. Mas estou bem, obrigada.

- Acha que está piorando? Temos que avisar urgente ao médico. – o pai comenta preocupado.

- Não papai. Estou bem. Foi uma besteira,nada demais, já passou.

- Qualquer coisa, não exite em nos dizer. Sua saúde depende de ser sincera o máximo possível com todos nós.

- Sim, eu sei pai.

Eles vêem as pessoas descendo na tirolesa, não demora o namorado desce gritando de felicidade. Ela sorri alto achando graça do jeito brincalhão e feliz dele.

- Há anos não éramos tão felizes, nós três.

- Agora somos quatro, querido.

- Sim, esse rapaz é de ouro. – O pai comenta despreocupado.

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