6
Estela levantou a cabeça num sobressalto.

Lorenzo estava parado na porta, sabe-se lá há quanto tempo.

Na hora, ela entendeu tudo.

— Foi você que colocou alguma coisa no meu suco? — Disse, indignada. — Lorenzo, o que você tá tentando fazer?!

Ele soltou uma risada fria, avançou até ela e apertou seu queixo com força.

— Eu é que devia perguntar o que você tá tentando fazer. Por que você drogou a Helena? Só porque ela quebrou a obra da sua mãe sem querer? Você queria que ela passasse vergonha, fosse humilhada, talvez até perdesse a honra?

A voz dele transbordava raiva.

— Ela ainda é só uma garota, Estela! Como você pode ser tão cruel?

Estela ficou estática.

— O quê? Quando foi que eu... eu nunca dei nada pra Helena!

Lorenzo a empurrou com brutalidade.

— Não mente! Eu perguntei a ela. Hoje ela só tomou a água que você deu. Se não foi você, foi quem?!

Naquele instante, Estela entendeu o que era a verdadeira parcialidade.

Helena dizia uma palavra, e para Lorenzo, já bastava para condená-la.

— Louco... — Sussurrou ela, com uma risada amarga.

Tentou pegar o celular para ligar para uma ambulância, mas Lorenzo foi mais rápido e arrancou o aparelho da mão dela.

— Lorenzo, o que você tá fazendo?!

Ele a olhou de cima, os olhos frios como gelo.

— Esse remédio é forte. Chamar ambulância não vai resolver nada. A única saída é me pedir ajuda.

— Pedir...? — Estela ainda não tinha compreendido.

— Claro. Pedir que eu resolva... isso pra você. — Disse Lorenzo com um sorriso cruel. — Mas eu não faço nada de graça. Vai ter que se ajoelhar diante da Helena e pedir desculpas. Aí sim, eu penso no seu caso.

Estela o encarou, em choque.

Ele tinha acabado de fazer amor com Helena dentro de um carro... e agora queria dormir com ela? E exigia que ela se ajoelhasse para conseguir isso?

Um nojo profundo tomou conta do seu corpo.

Mas Lorenzo já se curvava sobre ela, se aproximando.

— Para de fingir. Não é isso que você sempre quis? — Disse em tom gélido. — Naquela vez, você usou esse mesmo tipo de truque pra me obrigar a casar. Agora só estou pedindo que arque com as consequências dos seus atos. Qual o problema?

Estela, enfim, chegou ao limite.

Com um movimento seco, empurrou Lorenzo com força, pegou a tesoura em cima da mesa e disse com a voz firme e gelada:

— Ajoelhar pra Helena? Nem nos seus sonhos.

E sem hesitar, enfiou a lâmina com força na própria coxa.
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