Estela levantou a cabeça num sobressalto.
Lorenzo estava parado na porta, sabe-se lá há quanto tempo.
Na hora, ela entendeu tudo.
— Foi você que colocou alguma coisa no meu suco? — Disse, indignada. — Lorenzo, o que você tá tentando fazer?!
Ele soltou uma risada fria, avançou até ela e apertou seu queixo com força.
— Eu é que devia perguntar o que você tá tentando fazer. Por que você drogou a Helena? Só porque ela quebrou a obra da sua mãe sem querer? Você queria que ela passasse vergonha, fosse humilhada, talvez até perdesse a honra?
A voz dele transbordava raiva.
— Ela ainda é só uma garota, Estela! Como você pode ser tão cruel?
Estela ficou estática.
— O quê? Quando foi que eu... eu nunca dei nada pra Helena!
Lorenzo a empurrou com brutalidade.
— Não mente! Eu perguntei a ela. Hoje ela só tomou a água que você deu. Se não foi você, foi quem?!
Naquele instante, Estela entendeu o que era a verdadeira parcialidade.
Helena dizia uma palavra, e para Lorenzo, já bastava para condená-la.
— Louco... — Sussurrou ela, com uma risada amarga.
Tentou pegar o celular para ligar para uma ambulância, mas Lorenzo foi mais rápido e arrancou o aparelho da mão dela.
— Lorenzo, o que você tá fazendo?!
Ele a olhou de cima, os olhos frios como gelo.
— Esse remédio é forte. Chamar ambulância não vai resolver nada. A única saída é me pedir ajuda.
— Pedir...? — Estela ainda não tinha compreendido.
— Claro. Pedir que eu resolva... isso pra você. — Disse Lorenzo com um sorriso cruel. — Mas eu não faço nada de graça. Vai ter que se ajoelhar diante da Helena e pedir desculpas. Aí sim, eu penso no seu caso.
Estela o encarou, em choque.
Ele tinha acabado de fazer amor com Helena dentro de um carro... e agora queria dormir com ela? E exigia que ela se ajoelhasse para conseguir isso?
Um nojo profundo tomou conta do seu corpo.
Mas Lorenzo já se curvava sobre ela, se aproximando.
— Para de fingir. Não é isso que você sempre quis? — Disse em tom gélido. — Naquela vez, você usou esse mesmo tipo de truque pra me obrigar a casar. Agora só estou pedindo que arque com as consequências dos seus atos. Qual o problema?
Estela, enfim, chegou ao limite.
Com um movimento seco, empurrou Lorenzo com força, pegou a tesoura em cima da mesa e disse com a voz firme e gelada:
— Ajoelhar pra Helena? Nem nos seus sonhos.
E sem hesitar, enfiou a lâmina com força na própria coxa.