No instante em que acordou, Lorenzo sentiu uma alegria absurda.
Estela ainda estava viva naquele mundo. Ela não tinha sido esfaqueada até a morte por causa dele.
Mas, um segundo depois, a realidade caiu sobre ele como uma marreta.
Estela estava viva, sim… Mas tinha ido embora para um lugar onde ele jamais conseguiria alcançar ela.
O peito dele apertou de um jeito insuportável.
No sonho, por pior que fosse, ele ao menos teve Estela por mais de vinte anos.
Na vida real, ele a perdeu por completo. Irremediavelmente.
Só de pensar nisso, a dor tomou conta de todo o corpo.
Levantou as mãos e apertou a cabeça, como se quisesse sufocar a angústia. Cada respiração parecia uma batalha.
Beatriz se assustou ao ver ela naquele estado.
— Lorenzo, meu filho! O que está acontecendo? Está sentindo alguma coisa? Quer que eu chame o médico?
Lorenzo levantou os olhos. Estavam vermelhos, úmidos.
A voz dele saiu arranhada, rouca, como se as palavras tivessem que ser arrancadas à força da garganta:
— Mãe...