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Isso significava que, não importava quanto alguém ofertasse, Lorenzo aumentaria sempre mais um milhão.

Ele estava realmente disposto a pagar qualquer preço para levar 'Amor'.

O rosto de Estela empalideceu por completo.

— Lorenzo. — Disse, a voz trêmula. — Precisa mesmo fazer isso? Desde criança, nunca te pedi nada. Mas dessa vez, por favor. É a obra da minha mãe. Me deixa levar ela pra casa, tá bem?

Ela lembrava bem, sua mãe mencionara aquela peça várias vezes. Era a que mais queria recuperar.

— Desculpa. Helena gostou disso. — Respondeu Lorenzo, sem emoção.

A mão de Estela, ainda erguida com a placa, caiu lentamente.

Mesmo com a herança deixada pelos pais, ela sabia que seu dinheiro em mãos não podia competir com o poder de Lorenzo.

No fim, Amor foi parar nas mãos de Helena.

— Lorenzo, obrigada! Eu amei demais! — Disse ela, radiante.

Mas, de repente, seus dedos falharam.

A escultura caiu no chão e se despedaçou.

A obra favorita da mãe... destruída.

De olhos vermelhos, Estela recolheu cada caco com cuidado e os levou para casa. Tentou colá-los, pedaço por pedaço.

Mas ainda estava no começo do trabalho quando uma das funcionárias da casa entrou apressada.

— Senhorita, a Srta. Helena está ajoelhada na porta da mansão. Disse que quer te pedir desculpas. Falou que não vai se levantar até você sair pessoalmente e dizer que a perdoa.

Estela nem levantou os olhos.

— Não vou.

Pouco depois, a chuva começou a cair forte.

E então Lorenzo entrou furioso na mansão dos Navarro.

— Estela, você passou dos limites!

O homem que sempre fora frio agora tinha raiva no olhar.

— A Helena tá ajoelhada lá fora há uma hora! É só sair e dizer que a perdoa! É tão difícil assim?

As mãos de Estela, colando os cacos, pararam.

— Foi ela que quis ajoelhar. — Disse com frieza. — Ela que quebrou a obra da minha mãe. E agora quer que eu vá consolar?

— Você...!

Lorenzo tremia de raiva, mas antes que dissesse algo mais, o assistente dele entrou correndo.

— Senhor Lorenzo! A Srta. Helena desmaiou!

— O quê?

O rosto de Lorenzo mudou completamente.

Ergueu os olhos e viu Estela ainda colando os cacos com calma. Perdeu o controle.

Com um só movimento, jogou a peça quase recomposta no chão.

— Estela, você não tem coração!

Sem olhar pra trás, saiu correndo, foi até a chuva e pegou Helena nos braços.

Estela olhou para o que restou da escultura. Desta vez, quebrada de forma irreparável.

As lágrimas, até então contidas, finalmente rolaram.

Ela, sem coração?

Todos esses anos correndo atrás de um olhar, de um gesto de carinho.

E no fim... o que recebeu?

Na vida passada, uma morte cruel.

Nessa, frieza e desprezo.

Quem era mesmo o sem coração?

Estela secou o rosto, respirou fundo, e começou a catar os pedaços pela última vez.

Lorenzo.

Não vou mais te amar.

Nem mesmo um pouco.

...

Decidida a romper qualquer laço, Estela juntou todos os presentes que Lorenzo lhe dera ao longo dos anos e mandou de volta para a família Bastos.

Mas ela sabia, tudo comprado por obrigação, por ordem dos pais dele. O próprio Lorenzo raramente escolhia algo, e quem cuidava era o assistente.

Só havia uma exceção, o pingente de jade, joia de família dos Bastos. Valioso demais. Ela pretendia devolvê-lo pessoalmente.

Mas, chegando ao hospital, ainda no corredor do quarto de Helena, Estela ouviu uma voz familiar.

— Lorenzo, não precisa ser tão bom comigo. Tenho medo de me acostumar com isso. Quando você se casar, não vou saber lidar…

Estela olhou pela porta de vidro.

Lá dentro, Lorenzo fitava Helena com um olhar cheio de ternura.

Ergueu lentamente a mão, por um segundo, parecia que ia abraçar ela.

Mas se conteve.

Apenas pousou a mão sobre a cabeça da menina, num gesto suave, contido.

— Que bobagem é essa. Mesmo depois de casado, vou continuar cuidando de você. — Disse.

Os olhos de Helena brilharam. Mas logo vieram as palavras que a fizeram desviar o olhar.

— Eu já te disse, pode me considerar como um irmão de verdade. Alguém que vai cuidar de você pra sempre.

Helena abaixou a cabeça, a decepção estampada no rosto.

— Só irmão, né… Mas depois que você tiver filhos, o que eu vou ser?

— Não vou ter filhos. — A resposta dele veio na hora.

— Eu e Estela não vamos ter filhos. — Continuou Lorenzo. — Já mandei preparar anticoncepcionais de uso contínuo. Depois do casamento, ela vai tomar todo dia.

Lorenzo disse com sorriso gentil:

— Helena. Tudo o que eu tenho vai ser seu um dia. Então não se preocupe com nada. Tá bem?
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