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Mas Estela não tinha ninguém de quem se despedir.

Seus pais tinham morrido quando ela tinha quinze anos. Desde então, a família Navarro se resumia apenas a ela.

Ligou para os pais de Lorenzo, comunicando a decisão de romper o noivado. Assim que desligou, seguiu direto para a casa de leilões.

Sua mãe, em vida, fora uma renomada ceramista. Desde sua morte, Estela vinha colecionando suas obras como lembrança.

Entre todas, havia uma peça chamada "Amor", feita enquanto a mãe ainda a carregava no ventre. Estela passou anos procurando por ela.

Teve sorte, justo antes de partir para o instituto no noroeste, soube que a peça seria leiloada.

Ao chegar no leilão, não esperava dar de cara com Lorenzo e Helena.

— Estela, já deu esse show todo? — Disse Lorenzo, com frieza.

— O quê? — Perguntou Estela sem entender.

O olhar de Lorenzo ficou ainda mais impaciente.

— Você ligou pros meus pais dizendo que quer romper o noivado, só porque não gostou da pressa com que marcamos o casamento? Pois bem, aumentei o orçamento da cerimônia em dez vezes. Agora está satisfeita?

Estela então percebeu, eles ainda não acreditavam que ela queria mesmo cancelar o noivado.

— Você entendeu errado, eu realmente...

Tentou explicar, mas ele a cortou de novo.

— Estela, já deu. Chega.

Diante do olhar gélido dele, ela simplesmente perdeu a vontade de continuar.

Tudo bem. Daqui a quatro dias seria o casamento. Quando não vissem a noiva, eles entenderiam que era sério.

O leilão logo começou.

— Helena, seu aniversário está chegando. Se gostar de algo aqui, me diga. Eu compro pra você. — Disse Lorenzo, com um sorriso gentil.

Helena abaixou a cabeça, tímida, apertando o tecido do vestido entre os dedos.

— Lorenzo, você já fez muito por mim. Tudo aqui é caro demais, eu não mereço...

— Que bobagem. — Lorenzo franziu a testa. — Minha Helena merece o que há de melhor nesse mundo.

O pai de Helena havia sido subordinado de Lorenzo, morto doze anos atrás ao salvá-lo num acidente. Desde então, Lorenzo a adotara. Ela passou a chamá-lo de Lorenzo.

Naquela época, ela tinha apenas dez anos. Ele, vinte e um.

Mas doze anos se passaram. A garotinha virou uma jovem linda e delicada.

Vendo o carinho estampado no rosto de Lorenzo, Estela finalmente entendeu o quanto tinha sido cega na vida passada. Como não percebeu que ele já era apaixonado por Helena?

A voz do apresentador soou no salão:

— A próxima peça é a famosa escultura de porcelana intitulada “Amor”!

Sobre o palco, uma escultura branca como neve: uma elefanta abraçando seu filhote.

Helena ergueu o olhar.

— Você gostou dessa peça? — Perguntou Lorenzo, atento.

— Sim... — Respondeu com as bochechas vermelhas. — Me lembrou da minha mãe.

Ao mesmo tempo, Estela já havia levantado a placa.

— Cinco milhões de reais. — Disse com firmeza.

Era o dobro do preço de mercado. Ela queria aquela peça. Precisava dela.

Mas Lorenzo também levantou a placa.

— Dez milhões.

Estela virou bruscamente para ele.

— Essa é uma obra da minha mãe! — Disse, com raiva nos olhos.

Lorenzo se assustou, só então notando o nome da artista. Sua mão caiu, hesitante.

Mas Helena, ao lado, falou com a voz embargada:

— Tudo bem, Lorenzo, eu já sabia que nunca mereci coisas tão boas.

Os olhos dela ficaram úmidos. Lorenzo sentiu o coração apertar. Sem pensar duas vezes, se virou para o funcionário:

— Não importa o preço. Eu vou levar essa peça. Custe o que custar!
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