Lucca
Merda, isso não devia estar acontecendo, não comigo. Alice é apenas uma pirralha e eu sou a droga de um homem feito. Então por que essa atitude tão infantil mexeu tanto comigo?
Porque essa porra não tem nada de infantil, Lucca!
— Lucca? — A voz do Cris Ávila me desperta do meu tormento e eu solto uma respiração que estava presa dentro dos meus pulmões. Relutante, tiro os meus olhos de cima da menina atrevida que está dando um belo mergulho na piscina agora e olho para o meu amigo sorridente, em pé na varanda da casa.
— Cris, oi! — digo tentando manter o meu tom de voz norma. — Eu trouxe algumas cervejas — falo, erguendo as sacolas e quando fecho a porta traseira, ele vem ao meu encontro para ajudar a carregá-las para dentro. — Como foi de viagem?
— Cansativa, mas valeu a pena. Estava morrendo de saudades de casa. — Ele diz passando pela porta. Contudo, antes de entrar no elegante hall, me pego olhando direto para a área de lazer, onde Alice dá mais um mergulho.
Meu coração b**e errado e eu puxo mais uma respiração, adentrando a casa em seguida.
— O jogo já vai começar. — Meu amigo avisa e imediatamente procuro manter a minha cabeça bem aqui, concentrada em um jogo de futebol.
***
Dias atuais...
— Ali, Joe! — grito, apontando a direção do foco. Logo um jato forte de água inicia a sua guerra contra as chamas incandescentes. Uma batalha árdua entre o calor excessivo e o frio água que tenta a todo custo salvar um armazém de tecidos do fogo devorador.
— Mais água! — Alguém grita do outro lado, completamente tomado pelas chamas. E mesmo vendo o empenho da equipe, temo que não sobrará muito desse lugar. Para a nossa felicidade, o armazém estava fechado e não havia funcionários lá dentro. Uma hora e meia depois o incêndio já está controlado e como imaginei, quase nada foi salvo. Com a sensação de dever cumprido vamos para o caminhão. Estamos exaustos e o plantão só está começando.
— Estou ansiosa para tomar um banho e me aconchegar naquele dormitório. — Sam resmunga, encostando-se no banco de trás. — Topa dividir uma cama comigo? — Ela pergunta, lançando-me um olhar sugestivo.
Em resposta apenas suspiro. Já faz uma semana que não rola nada entre a gente e o pior é que eu perdi todo o tesão por ela.
— Ah… eu tenho que preencher alguns formulários. — Dou uma desculpa qualquer, porém, ela não desiste. Samantha vem para mais perto e enlaça o meu pescoço, deixando um selo na minha boca.
— Você está distante esses dias.
Ela percebeu.
Puxo a respiração.
Então por que simplesmente não se toca?
— Claro que não. Eu só estou cheio de trabalho, só isso.
— Tem certeza? — Beijo rapidamente a sua boca.
Porra, até o beijo dela perdeu a graça para mim. O que está acontecendo comigo?
— Tenho. — Ela assente, o caminhão para. Ela volta a me beijar e sai direto para o alojamento. No entanto, v eu vou direto para o escritório.
Tenho que dar um jeito nessa situação ou vou pirar quando as cobranças vierem. Um toque na porta me faz olhar na sua direção e vejo Joe adentrar a apertada sala.
— Trouxe um café.
— Obrigado, Joe!
— O que tá pegando entre você e Sam?
— Por que acha que algo está pegando?
Ele dá de ombros.
— Vi você saindo daqui algumas vezes, mas hoje parece que a coisa toda esfriou.
Solto uma respiração alta.
— Não aconteceu nada.
— Tem certeza?
— Saímos algumas vezes e isso é tudo.
— Bom, você precisa dizer isso para ela.
— É, eu sei.
Joe me olha com mais atenção.
— Tem alguma coisa o perturbando?
Ah sim, a minha prima inconveniente anda invadindo os meus sonhos e isso é perturbador.
Tenho vontade responder.
— Não, está tudo exatamente como deveria estar.
— Tem certeza?
— Você não tem nada pra fazer? — O ataco, perdendo a paciência e ele ergue as mãos em redenção.
— Calma, só estou tentando ajudar!
— E eu estou tentando fazer o relatório dessa noite.
— Ok, quando quiser conversar sabe onde me encontrar.
Joe parece desapontado e eu sei que ele está certo. Ele é o meu melhor amigo aqui e fora da corporação e sempre que tenho algum problema é a ele que recorro. Mas como falar que tem uma garotinha perturbando o meu juízo e… me incendiando por dentro?
Que grande merda!