Capítulo 38 Mariana Bazzi Eu respirei fundo, tentando me acalmar, enquanto o barulho da água preenchia o banheiro. Ele estava ali, tão perto... e agora, sem camisa... sem nada. Minhas mãos tremiam levemente quando entreguei o kit de higiene para Ezequiel. Queria desviar o olhar, mas parecia impossível. O corpo dele era absurdo. Ombros largos, peito definido, aquele abdômen com linhas fundas, como se tivesse sido esculpido em pedra. Nem parecia real. Fiquei ali, parada, até que ele apontou para a poltrona no canto do banheiro com a voz rouca, sem tirar os olhos de mim, para que eu sentasse. Sentei, rígida, sem saber direito onde enfiar as mãos ou como controlar a batida acelerada do meu coração. Quase desejei que ele pedisse outra coisa. Qualquer coisa. Porque isso... isso parecia tortura. Acompanhei sem querer, cada movimento dele. O jeito que passava o sabonete sobre o próprio corpo, os músculos contraindo, os respingos de água deslizando por ele... Foi ficando cad
Capítulo 39 Mariana Bazzi Acordei no meio da madrugada, o quarto bem claro, a luz acesa. Meu coração ainda batia acelerado, como se eu tivesse sonhado com algo proibido — ou como se o próprio quarto estivesse impregnado daquele calor sufocante que eu tentei ignorar antes de dormir. Virei o rosto devagar sobre o travesseiro... e o vi. Ezequiel estava deitado de costas, o lençol enrolado apenas na metade das pernas, deixando o resto do corpo totalmente exposto. A toalha? Tinha sumido. Meu peito apertou. Ele dormia com uma expressão tranquila, quase inocente, o que parecia uma contradição absurda com aquele corpo esculpido que agora eu podia ver sem nenhuma barreira. O peito subia e descia devagar, e a linha do abdômen — aquele "V" hipnótico que sumia para onde eu não devia olhar — parecia ainda mais definida sob a luz suave. Senti meu corpo inteiro reagir. A pele formigando, o pijama leve roçando no lugar errado, despertando sensações que eu mal sabia nomear, mas
Capítulo 40 Ezequiel Costa Júnior Ela era o próprio pecado enrolado nos meus braços. E eu estava perdendo o juízo. Cada tremor do corpo da Mariana, cada suspiro rouco que escapava da garganta dela, era como uma corrente elétrica me atravessando. Eu sentia meu autocontrole sendo esmagado a cada segundo, mas sabia que não podia — não devia — ultrapassar o que ela estava disposta a dar. A palma da minha mão deslizava devagar pela pele quente dela, respeitando cada limite invisível. Não toquei seus seios, mesmo com o desejo pulsando ferozmente dentro de mim. Sabia que podia ser perigoso, sabia do que ela já enfrentou. E eu preferia morrer a quebrar a confiança que ela, mesmo tremendo, estava me oferecendo. Me concentrei em acariciar seus cabelos macios, em deslizar meus dedos pela nuca dela, sentindo os pequenos arrepios que eu provocava sem forçar nada. Mantive meu corpo ali, firme, como uma âncora segura onde ela podia se apoiar. E ela se ancorava — oh, se ancorava. D
Capítulo 41 Ezequiel Costa Júnior Ela não me respondeu. Senti uma impotência absurda. Acariciei seus cabelos com delicadeza, puxando uma mecha para trás da orelha, tentando mostrar com cada gesto que ela estava segura aqui comigo. — Isso que falou, não é verdade... — comecei, escolhendo bem as palavras — Isso é coisa que colocaram na sua cabeça. Você não é suja, nem errada. Não sei o que fizeram ou o que disseram, mas não está suja e eu não vou te machucar. Eu prometo. Ela desviou o olhar, mas segurei o rosto dela com as duas mãos, forçando suavemente para que me encarasse. — Você é uma mulher, bonequinha — continuei, a voz firme, mas cheia de ternura. — Linda, jovem. Merece sentir prazer. Merece muito mais do que isso. Merece ser amada, cuidada...Acariciei sua bochecha com o dorso dos dedos. Ela fechou os olhos um segundo, como se absorvesse minhas palavras. — Merece um homem que trate você como mulher de verdade. Que cuide de você... que te proteja. — dei um s
Capítulo 42 Mariana Bazzi Acordei com a voz da doutora Samira me chamando, o tom apavorado. Pisquei devagar, tentando entender onde estava, quando ela se aproximou da cama num impulso, segurando meus ombros com carinho, mas com os olhos marejados de preocupação. — Mariana, você tá bem? Ele te machucou? — a voz dela saiu abafada, com o coração na boca. Respirei fundo. Me sentei devagar, puxando o lençol até os ombros. Abaixei os olhos, sentindo o peso da vergonha e da confusão. Mesmo assim, falei: — Doutora... eu estou bem. — Mas está no quarto dele. Ele te obrigou? — Não, eu fiz um combinado com ele, e... deixei o Ezequiel me tocar. Ela arregalou os olhos. Sentou-se na beirada da cama, tentando controlar a expressão, mas não escondeu o susto. — Como assim? Ele... ele não te forçou? Balancei a cabeça. — Não. Na verdade, eu... eu fiquei excitada ao vê-lo no banho, depois dormindo ao meu lado. Foi estranho. Senti medo..., mas também desejo. Eu mesma comecei
Capítulo 1 Mariana Bazzi — Nem acredito que é real... ainda hoje estarei livre desse lugar — sussurrei para mim mesma, com os olhos marejados ao encarar os papéis impressos e assinados sobre a mesa do escritório. Agarrei os documentos contra o peito como se minha vida dependesse disso — e, de certa forma, dependia. Saí quase saltitando entre as mulheres do cassino, com um sorriso no rosto, levando a pequena sacola com minhas poucas coisas. Guardei os papéis lá dentro com o cuidado de quem carrega um tesouro. Lágrimas escorriam, mas dessa vez eram de alívio. O presente de aniversário de vinte anos mais precioso que eu poderia receber: a minha liberdade. Hoje faz exatamente dez anos que fui vendida para esse cassino. Um acordo nojento de covardia, por quem deveria me proteger: meu pai. Mas não... hoje eu não queria pensar nisso. Hoje, eu voltaria pra casa. Veria o rosto da minha mãezinha de novo. Sentiria o abraço das minhas irmãs mais velhas. Subi as escadas desse infer
Capítulo 2 Mariana Bazzi Não tive tempo para pensar, um dos guardas apontou para o carro e desci uma pequena escada de cabeça erguida. Meu pai estava caído, gemendo de dor, incapacitado. Ele sentiu na pele um pouco da violência que sempre infligiu a mim e à minha mãe. Mas meu coração batia contra o peito. Entrei num dos veículos de luxo. Uma limusine. Meus olhos ainda estavam embaçados pelas lágrimas. Observei o outro lado da porta aberta enquanto os homens conversavam do lado de fora. Se eu descesse por ali e corresse na direção da escada me daria segundos extras. Abri com cuidado e discretamente movi meu corpo. Escorreguei pelo acento de couro, mas fui surpreendida pelo homem que me comprou. Imediatamente dei um salto pra trás, batendo as costas na porta contrária. O mesmo homem de óculos escuros entrou e sentou-se ao meu lado, cruzando as pernas com elegância. Me afastei como um animalzinho enjaulado. O olhar desse homem era diferente, talvez terno... Ou eu esta
Capítulo 3 Mariana Sentei na beirada da cama e demorei para conseguir levantar. Havia um banheiro, vi que dava para trancar, então entrei, fechei e fiquei ali por bastante tempo, olhando para tantas marcas roxas no meu corpo que eu tanto gostaria de apagar. Não havia janela ali, nada útil nas gavetas que eu pudesse usar para soltar a janela do quarto. Liguei o chuveiro, tomei um banho. Quando saí segurei a roupa que estava separada. Era um vestido bonito, diferente do que meu pai me fazia usar. Discreto, elegante e sem vulgaridade. Ele lembra um que ganhei do único homem que já confiei, junto com uma agenda. Tudo porque era o papai Noel de uma noite de natal há quase dois anos. Mas estava naquela sacolinha que perdi no caminho até aqui. — Com licença... — Alguém abriu a porta do quarto pelo lado de fora — Sou Luciana. Vim avisar que o senhor Ezequiel está esperando. — Me encolhi na toalha. — Ele só quer conversar e explicar o que está acontecendo. Depo