Capítulo III: Magia

20:00

  Puta que pariu, ainda faltavam três horas e meia, naquele ponto a ansiedade já me consumia a tal nivel que quase não comi a Lasanha que havia sido preparada pelas cozinheiras do orfanato. Mas quando comecei a comer, não parei mais.

21:45

  Tá, ali eu já estava um pouco mais calmo, por mais que, não conseguia parar de pensar nela. Lúcia. Aquela menina linda e de voz doce, ela sabia oque era a coisa no lago, se bem que...

Não. Não, não, não, isso não faz nem sentido.

  Quer saber, não importa. Oque quer que seja àquilo, eu vou descobrir hoje.

22:50

  Finalmente, todo mundo no Orfanato dormiu -ao menos era oque eu pensava- peguei meu pingente da sorte (longa história) e um canivete que eu mantinha secretamente debaixo da cama, sei lá, talvez eu precisasse me proteger de alguma coisa que pudesse talvez querer me matar. Era do meu pai. A única coisa dele que eu consegui levar pro orfanato além do sobrenome.

  Peguei uma lanterna e abri a janela, fui surpreendido pela grossa voz de Carlos, o filho da puta estava acordado.

  -Beto, que porra é essa? -disse ele num tom moderadamente auto- Onde você está indo?

  -Você ainda não dormiu não pilantra?

  -Não, agora responde a minha pergunta.

  -Eu tô indo pro lago, quer ir junto?

  -Não e você também não deveria ir, ainda mais a essa hora.

  -Para de ser cagão Carlos, eu vou sim, eu sei me cuidar.

  -Tudo bem então, depois não fala que eu não avisei.

  Após Carlos finalmente me deixar em paz e voltar a dormir, terminei de pular a janela e corri rapidamente para floresta, já em direção ao lago, não havia mais tempo a se perder.

  Lúcia já estava lá, iluminada pela luz fraca da lua minguante, aguardava-me sentada numa grande rocha, à beira do lago. Vestida apenas com um vestido de um tecido fino e azul claro, teus cabelos vermelhos pareciam chama ascendente sob aquela luz, com sua mão, brincava com a água do lago até que percebeu minha presença.

  Fui tirado de meus devaneios por sua ação rápida. Ao me ver, ela se levantou e veio ao meu encontro.

  -Olá Beto.- sua voz ecoou por meu ouvido, até atingir por inteiro meu coração- Ainda posso te chamar assim?

  -C-Claro que pode.-minha voz falhou- Não tem problema.

  -Eu... -ela refletiu por um momento- não sei como começar..

  -Não precisa ter pressa -não queria assustá-la -  temos tempo.

  -Eu sei mas... Eu preciso fazer isso agora -disse começando a tirar o vestido- observe.

  -Ou Ou Ou -exclamei espantado- Oque você está fazendo?

  -Shhhh, -ela voltou a tirar o vestido- isso é importante.

  -Olha Lúcia, Você é muito legal, mesmo. Bonita também, puta que pariu você é um sonho. Mas não é assim que a vida funciona.

A gente acabou de se conhecer.

   -Tenha calma. -falou quando finalmente estava completamente nua (nossa, ela era realmente linda)- Tudo vai acabar bem.

  Naquele ponto eu já não estava entendendo mais nada. Mas oque quer que estivesse acontecendo, eu estava gostando. Muito. Ela se aproximou de mim e falou num tom quase inaudível:

  -É melhor dar um passo pra trás.

  Sua voz baixa estremeceu meu corpo inteiro, obedeci ao seu comando e a vi tomar uma certa distância. Ela se virou bruscamente, seus olhos emanavam uma forte luz azul-esverdeada, era mágico, ela começou a correr em direção ao lago, a cada passo que dava, suas pernas desnudas se envolviam sob uma luz de cor semelhante àquela que lhe saía dos olhos, ao chegar a certo ponto, ela deu o salto mais alto, belo e impressionante que eu já havia presenciado.

  Ainda no ar, pude ver ela se transformar da cintura pra baixo, foi extremamente rápido, quando vi, ela já estava no lago.

  Corri para a beira do lago e não a encontrei. Será que foi tudo coisa da minha cabeça -pensei- foi tudo tão... real.

 

  Fui pego de surpresa pela imagem da "nova" Lúcia saindo de repente da água. Seu corpo havia realmente mudado, da cintura pra baixo, seu corpo assumira uma aparência escamosa e longa, similar a um peixe.

Eu não podia acreditar em meus olhos, ela era uma

  -Sereia, Meu Deus. Você é uma sereia.

  -Não -a fala foi seguida por uma risada curta e meiga- Quer dizer, ainda não.

  -Eu não posso acreditar nisso, e-eu. Não. Velho. Como?

  -Eu sei que pode parecer estranho mas--

  -Estranho? Pra mim isso não era nem possível.

  -Pois então, acontece que é né.

  Me sentei, quer dizer, caí pra trás e fiquei ali, a observando. Como era possível? Era assustador e lindo ao mesmo tempo. Haha, eu conheci uma sereia. Tipo, Uma sereia de verdade. Aquilo pra mim era um mix de emoções sem igual.

  -Vai ficar aí parado? -Lúcia quebrou o silêncio que eu não fazia idéia que havia se instalado entre nós.

  -O que?

  -Eu ainda não terminei, tenho mais pra te mostrar.

  -O que? Como o que?

  -Minha casa, quero te explicar como e porquê eu estou aqui.

  -Er... Claro. Porque não?

  -Então é isso, Tira a roupa e entra no lago.

  -Desculpa, como?

  -Tira a roupa e en--

  -Não, não. Isso eu entendi, mas... Porque?

  -No meu lar, vestes humanas não são permitidas.

  -Mas... Sei la. É que tá frio.

  -Tá com vergonha?

  -Também e com um pouco de medo. As histórias sobre sereias não costumam terminar bem para os homens.

  -É realmente, mas como eu já disse, eu não sou sereia ainda.

  -Isso aí eu ainda não entendi.

  -Eu te explico no caminho pra minha casa, Vamos?

  -Acho que sim né. Não tenho nada a perder mesmo.

  Tirei toda minha roupa, toda mesmo, ela havia dito que nem a cueca podia ficar, pode isso?

  Adentrei na água absurdamente fria do lago e me aproximei dela. Lembrei do porque de eu não gostar nem um pouco de nadar pelado.

  -Antes de nós irmos, -disse Lúcia- preciso de dar uma coisa.

-Oque se--

  Não consegui terminar a fala, ela me calou com um beijo.

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