POV Amara
O silêncio é diferente aqui. Não é o tipo que pesa, nem o que grita lembranças. É o tipo que abraça.
O apartamento de Dominic é amplo, elegante… mas de um jeito mais humano que a mansão de Killian. Tem cheiro de café e madeira, e a vista da sacada dá para um mar de prédios iluminados que parecem respirar com a cidade.
Eu seguro a xícara de chocolate nas mãos, já fria. Meus dedos ainda tremem. Dominic se move pela sala com calma, arrumando pequenas coisas como se o caos pudesse ser reorganizado em linhas retas.
Ele me observa às vezes, mas não diz nada. E eu… também não sei o que dizer. Ainda estou tentando processar o que aconteceu.
O som do desmaio. O barulho do corpo dele caindo. O desespero. A voz de Beatriz gritando.
O toque das mãos de Marta me puxando pra longe. O gosto de medo e ferro na boca.
Tudo se embaralha. Só lembro de uma coisa com clareza: o medo de perdê-lo.
— Amara? — a voz de Dominic me tira do transe.
Levanto os olhos. Ele está na porta, sorrindo de leve.