O dia se transformou em noite, e Miguel estava novamente com Lília. Desta vez, ele estava na casa dela, enquanto Catherine permanecia alheia a tudo.
Lília, deslumbrante em um vestido curto vermelho, botas pretas e uma bolsa brilhante, irradiava confiança e charme. A tensão no ar era palpável, e cada movimento dela parecia cuidadosamente calculado para seduzir. Miguel, por sua vez, não conseguia desviar o olhar, completamente enfeitiçado pela presença magnética de Lília
Lília começou a seduzir Miguel, levando ele para o quarto. Miguel esqueceu do mundo e se entregou ao erro novamente. Ele começou a acariciar o pescoço de Lília, a qual já estava na cama.
A noite passou, e Miguel acordou ao lado de Lília. Ele olhou para o relógio e percebeu que já estava atrasado para o encontro com Catherine. Com o coração acelerado, vestiu suas roupas rapidamente e saiu do quarto, deixando Lília ainda adormecida.
Descendo as escadas apressadamente, Miguel abriu a porta da sala e, para sua surpresa, encontrou Catherine parada ali, com uma expressão de dor e desconfiança. De alguma forma, ela sabia onde ele estava e veio confirmar suas suspeitas com os próprios olhos.
Miguel ficou paralisado, incapaz de articular uma palavra. O silêncio entre eles era pesado, carregado de emoções não ditas. Finalmente, ele deu um passo à frente, tentando encontrar as palavras certas.
— Catherine, eu... — começou ele, a voz trêmula, quase gaguejando. — Eu posso explicar.
Catherine ergueu a mão, interrompendo-o. Seu olhar estava sério e frio, e sua voz era firme.
— Miguel, eu só quero saber uma coisa — disse ela, com um tom de voz que misturava paciência e raiva. — Por quê?
Miguel sentiu um nó na garganta. Ele sabia que qualquer coisa que dissesse poderia não ser suficiente, mas precisava tentar.
— Eu não queria...
Catherine encarou Miguel e gritou:
— Cale a sua boca! Pare de mentir! — Catherine se aproximou dele. — Seu idiota cafajeste!
— Catherine... Vamos conversar! — Disse Miguel, tentando pegar no braço dela.
— Sim! Vamos conversar. Vamos conversar sobre o divórcio! — Disse ela, determinada.
— Catherine! Pensa direito.
— Por que você está tão preocupado? — perguntou ela, seu rosto quase tocando o dele. — Você quase não tem tempo para mim, porque está com a vagabunda da Lília! — continuou ela, sua voz crescendo em intensidade. — Não fique dando uma de bom marido agora! Todos os dias é a mesma coisa: você sai, vai trabalhar, e depois vai encontrar a Lília.
— Não sei o que está acontecendo com você, Catherine. Eu sempre te dei tudo do bom e do melhor, e agora você diz que eu não me importo com você?
— Para, Miguel! Acabou.
A jovem moça estava cada vez mais furiosa. Sua respiração pesada, braços cruzados e expressão de desgosto fizeram Miguel sentir a raiva crescendo dentro de si.
Ela olhou para ele com repulsa e disse:
— A única coisa que você me dá é dinheiro! Mas um casamento é feito de carinho e amor! E isso... isso você nunca me deu! — exclamou ela. — Você deu todo o seu amor para a Lília, então vá e fique com ela!
— Cale a boca, sua ingrata — gritou ele, segurando o braço dela com força.
— Me solta, Miguel, você está me machucando!
— Sempre me preocupei com você, Catherine! — disse ele, tentando controlar a situação. — É melhor irmos para casa agora. Chega de discussão por hoje.
— Não, Miguel! Por que você não aceita que acabou? — disse ela, sorrindo ironicamente. — Eu quero me separar de você, Miguel. Eu quero o divórcio! — afirmou ela, sua postura firme e decidida.
— Você está ficando louca? Qual é o seu problema?
Catherine olhou para Miguel, tirou o anel de aliança e o jogou no chão.
— O meu problema é que eu quero o divórcio o quanto antes!
— Você não pode estar falando sério. Vai mesmo jogar nosso casamento fora?
— Sim! — gritou ela. — Na verdade, nosso relacionamento já está no lixo!
— Vamos conversar, Catherine! — Miguel abaixou o tom de voz, estendendo a mão para ela. Catherine olhou para a mão dele, depois para o rosto.
— Não! Não tenho mais nada para conversar com você — exclamou ela, virando-se e saindo, deixando Miguel sozinho com seus pensamentos.
Catherine entrou no carro, sentiu o frio do volante em suas mãos e acelerou. A tristeza pesava em seu peito, mas sua decisão estava tomada: era hora de acabar com aquela dor. Ela sabia que a decepção só aumentaria se continuasse adiando.
Ao chegar ao hotel, cumprimentou os funcionários com um sorriso forçado. Por dentro, estava em pedaços. Mas, ao olhar para o lado, viu Vitor sentado em uma das mesas. Por um breve momento, todas as lembranças ruins desapareceram.
Vitor estava concentrado no pequeno papel com o endereço do hotel, conferindo se estava no lugar certo. Quando seus olhos encontraram os de Catherine, ele soube que não havia dúvidas: aquele era o lugar certo.
Vitor acenou para ela, e Catherine caminhou até ele, tentando equilibrar a tristeza que sentia.
— Você está linda — disse Vitor, com um sorriso sincero. — Aceita tomar um café comigo?
— Você aqui, rapaz misterioso. Eu disse para você aparecer para um jantar, não para um café da manhã — respondeu Catherine, com um sorriso no rosto.
Ela se sentou em uma das cadeiras, ainda sorrindo.
— Não sou tão misterioso assim... É que...
— Não precisa se explicar. Não há necessidade — interrompeu ela, com um sorriso acolhedor. — Estou feliz que você veio.
— Hum! Mas... Você está bem? — perguntou o rapaz. — Você parece um pouco aérea.
— Eu... tive uns problemas sérios hoje.
Quando ela disse isso, viu Miguel entrando pela porta do estabelecimento. Catherine rapidamente desviou o olhar, fingindo não tê-lo visto. Seu coração acelerou, mas ela manteve a compostura.
— Problemas? — ele perguntou, preocupado. — Quer conversar sobre isso?
Catherine hesitou, seus olhos traindo a calma que tentava manter. — Talvez mais tarde. Agora, vamos aproveitar o café.
Miguel, do outro lado da sala, observava a cena com um olhar indecifrável. Ele sabia que algo estava errado, mas não queria causar uma cena. Lentamente, ele se aproximou, tentando decidir se deveria intervir ou esperar.