Ao deixar o hospital, Ademir se apressou em retornar para Berlengas.
Durante todo o caminho, ele não disse uma palavra.
Mas Bruno podia sentir que Ademir estava imensamente triste...
Ademir guardava uma dor que não conseguia expressar.
Fechou os olhos, e em sua mente surgiram lembranças da infância, quando seu pai o abandonou.
Ele se lembrava do pai partindo de carro, deixando a Mansão da família Barbosa para trás. Na época, ainda criança, ele correu atrás, chorando e gritando:
— Papai, por favor, não vá!
Mas o pai não olhou para trás e foi embora sem hesitar.
Logo depois, sua mãe também se foi...
Mais tarde, Ademir tentou encontrar o pai, mas, em um inverno frio, o pai mandou que os empregados o expulsassem, se recusando a vê-lo.
Embora fossem de sangue, o pai lhe demonstrava uma frieza que superava até a de um estranho.
Era uma frieza que parecia congelar todo o sangue em suas veias.
Depois de tantos anos, Ademir sentia novamente essa mesma sensação.
Frio, um frio intenso. El