Capítulo 5

— Elara! Pare imediatamente!

Kael rugiu com força, rasgando a noite, e seus olhos, vermelhos de raiva, se fixaram em mim enquanto ele avançava como uma fera ferida.

Logo, o poder de Alfa, que pertencia a Kael e que eu não sentia havia cinco anos, explodiu com brutalidade.

Na mesma hora, o ar se tornou pesado, levando Finn a soltar um grunhido de puro pavor.

Alina, por sua vez, em choque, levou a mão à boca, enquanto Susan desabava em lágrimas nos braços dela.

— Você não tem o direito de me dar ordens! — Minha voz soou tão fria quanto o aço quando ergui a Lâmina Corta-Almas, refletindo o brilho sombrio da Lua de Sangue.

— Meu vínculo com Kael simplesmente acabou. Isso não tem nada a ver com você, Ronan.

— Nosso vínculo! — Kael rugiu, tentando arrancar o punhal da minha mão. — Você não tem o direito de fazer o que pretende fazer!

Seus dedos quase tocaram meu pulso.

No entanto, girei o corpo de volta, minhas garras se projetaram e arranhei seu braço com força.

— Kael traiu primeiro! — As palavras saíram afiadas como gelo. — Ele caiu em combate, deixando para trás a mim e a Finn. Sendo assim, tenho todo o direito de procurar outro companheiro e romper de vez com ele.

Kael não teve tempo de se esquivar. O corte abriu seu braço, e ele permaneceu paralisado ao encarar a ferocidade estranha que encontrou em meu olhar.

— Ele fez isso por... — Tentou justificar, com a voz rouca.

— Por Ronan? Ou por Alina? — Interrompi, sarcástica, enquanto o desprezo escorria de cada palavra.

Ao lado, Alina empalideceu diante da acusação.

De repente, Finn se lançou à minha frente, com os bracinhos abertos, soltando um rosnado pequeno, mas feroz, para Kael.

— Não machuque minha mamãe!

Foi como um golpe direto no coração de Kael, que desviou o olhar para Finn com os olhos transbordando uma dor insuportável.

Aproveitei aquele segundo de hesitação e ergui o punhal mais uma vez. Sem vacilar, cortei minha palma.

Com isso, o sangue escorreu lentamente, pingando sobre as pedras geladas das Cataratas da Sombra da Lua.

— Ó Deusa da Lua, rogo que sejas minha testemunha! — Exclamei, elevando a voz acima do estrondo da queda d’água. — Eu, Elara, desfaço neste momento o vínculo de companheirismo que me ligava a Kael. Que tudo entre nós se encerre aqui. Que nossas almas, a partir de agora, sigam destinos distintos!

— Não! — Kael uivou, desesperado, e avançou.

A aura de Alfa dele escapou de qualquer controle, devastadora como um furacão que arrasava tudo em volta.

Senti uma dor violenta atravessar a minha alma, e a visão escureceu, fazendo-me cambalear.

Ainda assim, percebi que o ritual havia sido interrompido.

Ou melhor, ele fora estilhaçado no momento mais crítico, atingido por uma força brutal.

A dor lancinante quase me fez cair de joelhos.

Foi então que senti as mãos de Kael prenderem meus ombros com tamanha força que pareciam prestes a esmagar meus ossos.

— O que foi que você fez, Elara? Como teve coragem? — Berrou ele, com os olhos vermelhos e a mente tomada por pura fúria.

— Me solta! — Empurrei-o com toda a força que me restava.

Embora a dor na alma drenasse minhas forças, foi o instinto de loba-mãe que me impediu de cair.

Nesse momento, Finn se lançou à frente e mordeu com força o braço de Kael, fincando os pequenos dentes com fúria.

— Afaste-se! Não machuque minha mamãe!

Kael urrou de dor e, num gesto impulsivo, lançou Finn com força, fazendo o pequeno corpo bater contra uma rocha próxima, produzindo um som abafado.

E ao presenciar a situação, minha fúria explodiu.

— Como você se atreve a machucar Finn?

Com as garras prontas para ferir, avancei contra Kael, mirando sua garganta. Ele tentou se defender, e logo estávamos envolvidos em uma luta selvagem e descontrolada.

Ao lado, Alina gritou, desesperada, tentando nos afastar, mas foi repelida pela aura em fúria que explodiu de Kael.

Assim, o caos acabou tomando conta das Cataratas da Sombra da Lua.

E eu sabia que não podia permanecer ali por mais um segundo.

Logo, girei o corpo, agarrei Finn e corri, sem me importar com mais nada, nem mesmo com a chance de expor a farsa patética de Kael.

— Estamos indo embora!

Então, ignorando a dor cortante na alma e o cansaço que pesava no corpo, disparei rumo ao território da Lua de Prata.

— Elara! Não vá! — Kael rugiu, correndo atrás de mim.

Ele se aproximou com uma rapidez avassaladora, diminuindo a distância entre nós em questão de segundos.

Logo, fui tomada por um desespero sufocante. “Seria hoje o meu fracasso?” Mas eu não podia ceder.

Foi nesse momento que várias figuras esguias, com o brilho prateado da cinza-luz, dispararam da floresta como raios.

Todas traziam consigo o cheiro inconfundível do Alfa Lucian.

E à frente deles corria Leon, meu primo, o Beta-Chefe da Alcateia da Lua de Prata.

— Protejam a Luna! — A ordem de Leon veio num rosnado baixo.

Imediatamente, os guerreiros da Lua de Prata formaram um círculo protetor ao redor de mim e de Finn.

Diante da situação, Kael foi forçado a parar, encarando Leon e seus soldados.

— “Ronan”, da Alcateia da Nascente de Pedra. — A voz de Leon soou gélida. — Você está invadindo nosso território. E está perseguindo nossa futura Luna.

Ofegante, Kael alternou o olhar entre mim e Leon, até que sua atenção recaiu sobre Finn, ainda trêmulo sob minha proteção.

Em seguida, fixou os olhos no meu rosto pálido, onde o sangue escorria pelos lábios, revelando toda a violência do que acabara de acontecer.

Assim, a loucura que antes tomava seus olhos foi cedendo espaço, pouco a pouco, a um desespero ainda mais profundo e irreversível.

— Elara, eu... — Murmurou, com a voz cheia de dor e impotência.

No entanto, Leon não lhe deu tempo.

— Levem a Luna e o Jovem Mestre de volta ao território da Lua de Prata!

Com isso, os guerreiros da Lua de Prata nos escoltaram, desaparecendo rapidamente na noite.

Deixando Kael sozinho, diante das Cataratas manchadas de sangue, como uma estátua de pedra esquecida.
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