Helena ficou surpresa, vendo a imagem de Antônio refletida em seus olhos. Ele estava enrolando as mangas e lavando a louça, e a pia estava cheia de espuma de detergente.
O único contato que Helena teve com Antônio havia sido uma ligação telefônica cinco anos atrás. Nessa ligação, Helena implorou a Antônio para cuidar bem de Francisca. Mas Antônio estava particularmente frio, e Helena ainda se lembrava das palavras que ele disse:
- O que Francisca se tornou não é problema meu. Ela colheu o que plantou!
Pensando no passado, Helena nem um pouco sentia pena de Antônio. Nas palavras dele, tudo era culpa dele mesmo.
Helena, que vinha enfrentando altos e baixos de saúde por causa de uma sombra no pulmão e sabia que não lhe restava muito tempo, só queria aproveitar os últimos momentos ao lado de Francisca. Cambaleando, ela foi até a cozinha e disse com frieza:
- Seu Antônio, se você se sente incomodado, pode ir embora. Gente simples como nós, você deve ter dificuldade de se acostumar.
Ao ouvir