Capítulo 02

As margens do Rio, estava Júlio Valência ensanguentado com sua cabeça apoiada às pernas de Daniel que chorava acariciando seu rosto. Entretanto Afonso estava a metros de distância com a arma em suas mãos apontando a terra molhada a baixo de seus pés. Do peito de Júlio jorava sangue que escorria nas águas do rio e com isso sendo levada pela correnteza, seus olhos estavam entre abertos deixando escorrer resquícios de lágrimas, porém, seus lábios haviam formado um lindo sorriso por ter salvo seu amado Daniel da morte.

_ Porquê você fez isso?_ Questionou Daniel deixando que lágrimas escorresem.____ Porquê!.…Eu deveria estar em seu lugar agora….eu deveria ter tomado este tiro.

___ Não me arrependo do que tenha feito.____ Afirmou Júlio. ____ Se o tempo voltasse para trás, no momento em que seu pai puxou o gatilho da arma, ainda sim teria me colocado em seu lugar.

_ Isto não é justo__ Vociferou._ A Morte não te pode levar de mim, és meu amor, meu refúgio, minha força. O que será de mim sem vosmicê ao meu lado?

Júlio sorriu serenamente, e de seguida colocou sua mão sobre à mão de Daniel em seu rosto e disse.

____ Você será tudo aquilo que sonhamos que seriamos juntos.

____ Como?….Sem vosmicê nada disso será possível.___ Afirmou fungando o nariz.

____ Será sim. Quero que sejas feliz com a promessa que um dia estaremos juntos, não sei quando,mas sei que este dia há de chegar. Me prometa Daniel.

____ Eu não Posso.

_ Me prometa, é tudo que lhe peço._ insistiu Júlio valência.

Por alguns minutos Daniel nada respondeu, apenas olhava-o enquanto deixava que suas lágrimas ainda mais intensas caíssem. Até que o mesmo ganhou coragem para dizer o quê não acreditava, mais que serviria de conforto para Júlio.

____ Eu prometo.

Após escutar essa frase, Júlio sorriu e disse em tom baixo que amava Daniel e ao fim da última sílaba de sua frase o mesmo deixou que sua mão que até então segurava a mão de Daniel,caisse . Seus olhos permaneceram abertos mais ele já estava morto, Júlio Valência havia partido deste mundo. Naquele momento Daniel gritou tanto,a ponto de fazer sua voz ecoar por todos os cantos, os pássaros começaram a voar para longe dali, pois o cheiro da morte pairava por todos os cantos daquele lugar.

                                   * * *

Algum tempo depois Daniel estava em frente a seu pai Afonso encarando-o com ódio e em silêncio, o corpo de Júlio agora estava as margens do rio e seu pai Amadeu ajoelhado diante do mesmo aos prantos, pois lhe custava acreditar que seu único filho havia morrido.

     ____ Assassino. ___ afirmou Daniel. Como pode fazer isso com Júlio .___ completou iniciando uma onda intensa de choro.

____ Retire o que disse.____ Esbravejou Afonso.____ Limpei a honra que vosmicê haveis jogado à lama… A honra de meu nome. Agradeça por não seres tu a margem deste rio,pois a morte é o mínimo que mereces pela imundice de ser que representas para mim.

____ Quer dizer que o senhor preferia ver-me morto?___ indagou incrédulo.

____ Sim.

____ Eu sou seu filhooo!….o senhor queira ou não.____ Rebateu aos gritos.____ Mas agora quem o renega sou eu___ Afirmou limpando suas lágrimas._____Não sou mas seu filho o odeio e tudo que lhe desejo agora é a morte. Pagará por este crime .

____ O que vosmicê quer dizer com isso?

____ Que à morte de Júlio Valência será vingada….disto tenha à certeza Afonso Azarova.

                                     * * *

      Lentamente Eva caminhava pela sala deixando que lágrimas caíssem de seus olhos até pingarem ao chão.  Até que à mesma travou seus passos em um aparador que tinha um porta retrato preto e branco de Daniel, o que a fez levá-lo de imediato, colocando pressionado ao seu peito, Eva fechou seus olhos e de seguida começou a orar.

    ____ Santa Maria mãe de Deus, a senhora é mãe e sabe o que sinto neste momento.___ Suspirou___lhe suplico, traga à salvo meu filho de volta para casa, que nada de ruim aconteça a ele e Júlio Valência .___ afirmou em tom de súplica,enquanto fungava o nariz.____

_____ Ó, Mãe de Deus e nossa,

rosto materno da ternura de Deus Pai,

tua simplicidade é para nós uma escola,

e nela tua disponibilidade

à grande lição que queremos aprender

Para assentar nosso mundo

na solidariedade fraterna.

Mãe amorosa no silêncio,

resistente nas lutas pelo bem,

ensina-nos sempre a

semear a boa semente da vida

Amém .

   Naquele instante pela porta adentrava sua única e mais velha irmã, Constância Maria, a mesma trazia em seu corpo um vestido preto de seda até ao joelho, um chapéu de renda da mesma cor, bem como luvas também da mesma cor. Os cabelos de constância eram loiros platinados, dando contraste aos seus olhos em tons acastanhados.

[ imagem ilustrativa]

Constância Maria sorriu sinicamente após presenciar à cena de sua irmã rezando em tom suplicante, pois ao chegar a fazenda, à mesma já havia escutado com os empregados e camponeses murmúrios acerca do ocorrido. Constância respirou fundo e de seguida mudou a feição do seu rosto para tristeza, o que era mera falsidade de sua parte.

_ Tenho fé que ela há-de ouvir suas pareces . Disse abrindo seus braços com feição de tristeza, o que despertou a atenção de Eva, fezendo-à virar-se para trás.

Constância Maria, minha irmã. disse Eva exalando tristeza em seu tom. _ Eva querida, à pouco cheguei a fazenda com meu filho Rhodolfo, ele está lá fora…no que acabei ouvindo pelos empregados todo o ocorrido, Deus queira que Daniel esteja bem. Constância Maria suspirou e de seguida caminhou em direção de Eva à passos largos, pegando suas mãos após alcança-lá,isto depôs de Eva devolver o porta retrato ao aparador._ sinto muito minha irmã, tudo isto há de se resolver. ___ concluiu intensificando o falso sentimento de tristeza evidente na feição de seu rosto.

    ____ É tão bom ouvir isso minha irmã…. Ainda bem que está aqui.

Eva suspirou e de seguida deu meia volta caminhando rumo ao sofá de cor castanha,prontamente Constância Maria a seguiu, minutos depois ambas estavam sentadas lado à lado, olhando uma para à outra em silêncio total, até que constância quebrou o gelo e disse.

_ É o Afonso não é? indagou.

Eva tomou sua atenção e de seguida disse.

  ____ Arrependo-me do dia em casei-me com Afonso…se não fosse para tirar nossa família do fundo do poço causado pelas dívidas feitas por nosso pai, com certeza aquele casamento jamais teria ocorrido.

____ Se você não tivesse se casado com Afonso, nos teríamos perdido tudo, inclusive esta fazenda, sem o dinheiro dele o papai não teria como pagar a dívida feita ao banco em troca da Fazenda.

____ Mas do que tudo isso adiantou Constância?____ indagou Eva exaltada. ____ Afonso passou para seu nome todos os bens de nossa família após a morte de nossos pais naquele incêndio horroroso….Sabe lá Deus como ele conseguiu convencer nosso pai de assinar aqueles documentos.

Constância Maria levatou-se do sofá ficando de costas viradas, a feição em seu rosto era de reflexão e inquietação.

____ Sempre suspeitei de Afonso. ___ Sussurrou Constância.___ Contive-me estes anos por medo de perder a mísera pensão que me é dada por seu marido, principalmente depois da morte de meu marido que dependia do emprego na processadora de açúcar Azarova.

Eva ao sofá também levatou-se rapidamente incrédula .

____ Suspeitas que Afonso tenha forjado os documentos assinados por papai passando para seu nome todos os bens de nossa família?

Constância virou-se rapidamente para trás e disse.

____ Não só suspeito….Como também tenho à certeza…Graças à ele vivo de migalhas com meus filhos…Um dia provarei toda à verdade e Afonso seu marido há-de me pagar muito caro.

Terminando sua frase, Eva arregalou seus olhos, pois nunca havia visto tamanho ódio e raiva nos olhos de constância Maria .

  _____ Apesar de tudo Afonso é pai dos meus filhos...e isso nada pode mudar. ___ Afirmou.

Constância aproximou-se a passos lentos, cessou os passos e disse.

Disto tens razão minha irmã…porém a morte pode ser um concerto sem volta.

O que quer dizer com isto constância?___ perguntou com feição de incredulidade.

_____ Que o dinheiro de papai voltará para minhas mãos, disso tenha à certeza, Eva.

                                       * * *

No dia seguinte, Daniel estava vestido de preto em frente a janela de seu quarto,olhando o horizonte enquanto lágrimas escorriam de seus olhos. A lembrança de todas às vezes em que Júlio Valência ali esteve a baixo para chama-lo, tomou conta de seus pensamentos por completo, nada daquilo voltaria a acontecer novamente,a morte havia lhe abraçado e isso não tinha volta muito menos um concerto.

Enquanto isso acontecia,Eva surgiu na fresta da porta do quarto e logo viu seu filho Daniel de costas olhando olhando o horizonte. Lentamente Eva impurou a porta entrando a passos lentos e silenciosos naquele espaço, por intuição Daniel virou-se para trás no que deparou-se com ela.

____ Meu filho.…Estou preocupada, desde que voltou ontem do Rio trancou-se neste quarto, você precisa descer e comer alguma coisa.

____ E a senhora acha que tenho apetite?_ Questionou limpando às lágrimas que insistiam em cair.__ Sinto um vazio em mim, como se uma parte de mim tivesse ido juntamente a Júlio.

__ Eu lhe entendo meu. Rapidamente Daniel cortou-lhe e esbravejou. Não, vosmicê não me entende, não é a senhora que terá que ir enterrar em algumas horas o amor da sua vida._ pausa.____ Como acha que me sinto ao saber que Júlio agora está dentro de um caixão imóvel e sem vida? __ Indagou abrindo seus braços aos berros. ____ Como acha que me sinto ao saber que todos os meus sonhos com ele, jamais irão se concretizar. Como?

Às lágrimas nos olhos de Eva já caiam,e sua respiração estava ofegante a ponto de fazê-la revelar o que estava enterrado em seu passado.

_ Eu sei sim._ Esbravejou aos prantos. eu já já senti o mesmo que vosmicê e essa dor continua me acompanhado até hoje,é uma dor que não acaba, uma ferida que não cicatriza.

Do que a senhora está falando?

__ Que no passado eu enterrei o amor da minha vida e não foi porquê eu quiz_ Gritou em prantos no que deixou Daniel atônito.____ Nós tínhamos sonhos como você também tinha com Júlio, mais nada aconteceu e mesmo assim eu continuei viva….vivaaaa! E você também vai continuar vivo,mesmo que essa dor te acompanhe pelo resto da tua vida, você vai aprender a conviver com ela.

Eva aproximou-se colocando suas mãos sobre o rosto Daniel, em tom de murmúrio e menos Exaltada a mesma disse.

____ Não se entregue a essa dor, por mais que ela continue te rasgando, a vida não pode parar, a sua vida não pode parar por isso.

_ Mas não é justo.__ murmurou Daniel.

Nada acontece por acaso,portanto não questione os desígnios de Deus.

Rapidamente Daniel abraçou-lhe,e despejou sem medo suas lágrimas no ombro de sua mãe enquanto está acariciava seus cabelos. Por longos minutos ambos ficaram assim, abraçados no centro daquele quarto, até que Afonso surgiu na porta no que fez com que Daniel tomasse sua atenção, se desvencilhando de Eva de seguida.

Afonso adentrou lentamente ao quarto, a essa altura Daniel estava estático bem como Eva.

_ O que faz aqui?
_ Questionou Daniel em tom apático.

Se dependesse de mim, não estaria aqui olhando para vosmicê.

Bom saber que temos alguma coisa em comum, senhor Afonso.

Limpe suas lágrimas, não sou obrigado a vê-lo chorar pelo seu macho morto.

Sim.Esbravejou. por meu macho, meu homem, Pelo Júlio Valência, o homem que você matou a sangue frio,Assassinoooo!

_ Cale-se.
 Esbravejou Afonso dando-lhe uma bofetada.____ Vosmicê me causa nojo, Amanhã viajará para Portugal e lá estudará em um colégio interno,era isso que vinha lhe falar.

Daniel virou seu rosto tomando sua atenção e dr seguida disse.

____ Quer me tirar de rosa branca para impedir que eu testemunhe contra vosmicê, como disse naquele rio, pagará pela morte de Júlio e será atrás das grades, com meu testemunho e de Amadeu com certeza será condenado.

_____ Foi um acidente e Amadeu disse tais palavras a polícia, seu testemunho não será levado em conta pois você é menor de idade , para todos os efeitos, foi Júlio quem tentou me matar e caso encerrado.

_____ Quanta injustiça meu Deus, com certeza corrompeu Amadeu com ameaças e ainda por cima sujou o nome de Júlio mesmo depois de morto.

_____ Pare de falar besteiras e arrume suas coisas que está noite partirá para Portugal.

Disse Afonso e de seguida virou-se para sair daquele quarto, quando naquele momento Daniel correu em sua direção pegando seu braço o fazendo virar-se para trás.

Isso não vai ficar assim, pagará por este crime e não importa de que forma seja.

O que quer dizer com isso, por acaso isso é uma ameaça?____ indagou fuzilando-o com o olhar.

_____Entenda como quiser, papai. ____ afirmou com feição diabólica soltando bruscamente o braço de Afonso, que prontamente sentiu-se arrepiado.

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