ToryHiran está tenso ao meu lado na cama. Discutimos por uma hora inteira, pois disse que iria com ele e o homem teimoso não quer. Sei como lidar com homens, consigo distraí-los, mas o cabeça dura do meu lado não aceita.Viro de lado, bufando de raiva. Estou agitada demais para dormir, mas estou cansada demais para andar por aí. O dia cuidando de canteiros, principalmente depois do sumiço de Elira, é cansativo ao extremo.— Se não parar de se mexer nessa cama, eu vou deitar no chão! — reclama, o resmungão do Hiran.— Se você não fosse tão turrão, poderia estar relaxando sobre meu corpinho, agora — provoco e ele rosna, um rugido profundo que mexe com meu interior. — Não me provoca ou vou fazer você gritar e implorar por mim, Tory — ameaça, com a voz grossa que me deixa derretida por dentro. Estou completamente ferrada com esse homem.Hiran se mexe na cama e em um segundo seu corpo paira sobre o meu, o corpo grande e musculoso, aquele cheiro de macho que ele exala e penetra minhas nar
Hiran FuryPassei horas no lago e quando retornei, Tory dormia de lado em um sono profundo. Tinha somente algumas poucas horas até o amanhecer. Me deitei devagar ao seu lado para não acordá-la e fechei meus olhos.Com as lembranças de seu corpo quente e sonhando que estava afundado em sua carne, quando abro os olhos, a luz do sol já invade o cômodo. A luz morna, ainda fraca, me diz que está na hora de agir.Salto da cama, me visto, pego uma bolsa de coura onde colocarei os suprimentos para a viagem. Olho para Tory que ainda dorme tranquilamente e saio do quarto.Layla me ajuda a reunir alguns suprimentos e Lioren surge à porta no instante em que termino de guardar tudo.— Demorou — comenta o rapaz quando deixamos a pequena casa de Layla.Olho de soslaio para o homem ao meu lado. Sei que ele está ansioso para resgatar a irmã. Eu sei bem o que ele está sentindo, pois já estive no seu lugar.— Estava cansado — respondo simplesmente.Caminhamos a passos largos, descendo a floresta na dire
Hiran FuryCorro na sua direção para tentar impedir alguma tragédia. Nossa vantagem foi perdida, agora precisamos agir rápido.— O que você fez, seu idiota? — berro, frustrado, puxando-o pela calça.— Ela estava... — tenta falar ofegante. — Ela estava ali — sua voz sai em um fiapo, procurando a irmã com os olhos e já não a encontrando. — Onde ela foi?Ele termina de descer a grade e eu seguro pelos ombros, sacudindo o ser mais burro com quem tive que trabalhar na minha vida.— Ele a levou, seu imbecil. Por que estragou tudo? — inquiro com raiva.— Mas ela estava bem ali... ao meu alcance — sussurra e eu abrando minha voz, pois sou solidário ao seu sofrimento.— Achou que ele a deixaria sem nenhuma proteção? Vamos, precisamos nos esconder, antes que nos vejam, pois já sabem que estamos aqui.Começo a correr para a linha de árvores e o arrasto comigo. Precisamos nos esconder nas sombras o mais rápido possível, quem sabe eles possam achar que foi algum animal da floresta?Por pouco conse
O céu está coberto por nuvens pesadas, a chuva de fim de tarde ameaçando a cair, como se o próprio mundo sussurrasse para que eu não saísse. Mas não consigo mais ficar parada. Cada batida do meu coração ecoa a ausência de Hiran, uma ausência que aperta o peito com garras invisíveis.Sentada em um canto escondido do refeitório, mordi o lábio com força, sentindo a ansiedade fervilhar em meu sangue. Eles disseram para esperar. Disseram que é perigoso. Que deveria confiar. Mas como confiar quando a única pessoa que já me protegeu estava lá fora, talvez ferido, talvez... Balanço a cabeça, recusando-me a terminar aquele pensamento.— Eu não posso ficar aqui — sussurro para mim mesma, a voz trêmula. — Preciso fazer alguma coisa.O medo serpenteia em minha mente, sibilando todas as formas em que poderia falhar, em que poderia ser capturada, em que poderia atrapalhar mais do que ajudar. Abraço os joelhos e fecho os olhos com força. "Sou só uma humana" penso, sentindo-me pequena, fraca. Mas en
ToryÉ madrugada e a chuva cai forte, agora. Por sorte trouxe a capa de Hiran, que, além de me camuflar entre a escuridão da floresta, também me mantém seca e aquecida.Meus olhos monitoram a fortaleza. A distância, as torres de vigia que se erguem austeras, dentro delas não é iluminado, o que não me dá uma boa visão do soldado bruxo que está lá dentro, mas os holofotes que clareiam a construção, me permitem ver todo os arredores.Escondida atrás de uma formação de pedras e arbustos, passo horas observando, mesmo que a umidade em meus pés comecem a me incomodar.Os soldados patrulham em duplas, mas percebo que, após longas rondas, alguns voltam sozinhos para trocar de turno ou buscar suprimentos. Esse é minha chance.O cheiro de terra molhada acerta minhas narinas, a lama sob meus pés está escorregadia, conforme me levanto e me preparo para agir. Com cautela, me coloco em, uma posição favorável e observo. A cada passo de um guarda, a cada chamada abafada na noite chuvosa, o medo latej
Hiran FuryO frio úmido da cela me corrói até os ossos. O chão é de pedra bruta e a única luz que entra vem de uma única lâmpada presa do lado de fora. A fome me queima o estômago, mas pior que isso é a impotência.Não sei quantas horas se passaram desde que nos capturaram, porém é como se já tivesse passado dias.Eu falhei.Nós falhamos.E agora estamos impotentes e sem saída.Lioren está encolhido no canto oposto, com os olhos semicerrados, o rosto manchado de hematomas. O sangue seco em sua têmpora é visível na pouca iluminação. Mas ele ainda está ali. Firme, quieto, respirando. Vivo.— Os três prisioneiros que estavam aqui quando chegamos... eles os levaram não se sabe para onde — minha voz sai rouca, arranhada, como se engolisse poeira a cada palavra.Lioren não responde de imediato. Ele ergue o olhar devagar, pesado.— E nenhum voltou.Silêncio. A única resposta é o som do gotejar constante em algum ponto do teto. Pingos, muitos deles. Estaria chovendo? Cada gota parece marcar o
ToryMe encolhi atrás de uma pilastra larga, a respiração presa na garganta enquanto passos ecoam no corredor. Meus pés doem, o estômago ronca baixo, mas me forço a permanecer imóvel. Já faz horas que circulo silenciosamente pelos cantos escuros da fortaleza, estudando as rotas dos guardas, tentando memorizar a estrutura, tudo para encontrar onde haviam levado Hiran.Os últimos soldados bruxo que segui entraram em uma ala ampla, cheia de corredores e portas que não fazia ideia do que poderia ser, então começo a explorar o lugar.Vi os bruxos arrastando homens desacordados mais cedo, e o pavor gelou meus ossos. Mas também acendeu algo dentro de mim. Seja lá o que for que estão aprontando, não vou deixar Hiran morrer aqui.O som de uma porta de ferro rangendo interrompe meus pensamentos. Me esgueiro até a beirada da parede e espio com cuidado.Do outro lado do corredor, uma mulher de aparência nobre caminha com passos calmos, porém determinados. Seus cabelos grisalhos caem por um manto
ToryO alarme não tardou. As sirenes ecoam pelo corredor e os bruxos começaram a vir de todos os lugares, criando uma confusão. Enquanto estavam distraídos, procurando o foco do incêndio, saio do meu esconderijo e bato na lâmpada no centro do corredor, explodindo-a. O som chama a atenção, mas atribuem à explosão, e a escuridão formada auxiliará no meu disfarce.Permaneço escondida e vejo a porta ao lado de onde Hiran está se abrir, o bruxo sai tão desesperado que deixa a porta aberta. Antes dela se fechar, enfio o corpo pela fresta e entro, sem pensar.— Lioren! — sussurro, surpresa.Ele está preso por uma corrente que permite que ele caminhe da cadeira até um vidro. Do outro lado do vidro está Hiran, sentado em uma cadeira, olhando, de uma maneira que não consigo decifrar, para alguém a sua frente. Preciso tirá-lo de lá.— Tory...? Como...? — Os questionamentos de Lioren me despertam;— Sem tempo. Vou tirar você daqui.Encontrei a chave pendurada em um gancho na parede. O cheiro do i