A corrida até que foi suportável. Minhas pernas queimam, mas a sensação de liberdade compensa a dor. Corríamos entre as árvores, com as botas das gêmeas batendo ritmadas contra o solo seco da floresta. Quando Lyra finalmente para, com as mãos nos quadris e a respiração calma, percebo que estou completamente suada e sem fôlego. Me apoio em um tronco e tento disfarçar o cansaço.
— Nada mal para uma humana que só usava picareta — comenta Nyra, o tom neutro escondendo se é um elogio ou uma provocação.
— Ei! — Lyra a cutuca com o cotovelo, sorrindo para mim. — Foi ótimo. Ainda tem fôlego e não desmaiou, isso já é mais do que alguns dos nossos primos fizeram no primeiro dia.
— Alguns dos nossos primos são uns mimados — rebate Nyra, e suspira. — Vamos ao que interessa.
Elas me guiam até uma clareira escondida entre as árvores. No centro, havia uma área de terra batida e vários troncos cortados ao redor, como bancos improvisados. Lyra se aproxima de uma das mochilas que haviam deixado ali e p