O amanhecer trouxe consigo uma luz suave, dourada, que atravessava as cortinas e desenhava traços no quarto. Melissa despertou lentamente, ainda envolta por uma sensação agridoce. Por alguns segundos, deixou-se ficar ali, imóvel, como se o silêncio pudesse organizar os pensamentos dispersos da noite anterior.
A lembrança veio nítida — o teatro, as risadas contidas, a mão de David sobre a sua e, antes disso, os olhares desconfortáveis no bar. As expressões dos amigos dele voltavam como flashes: o espanto, as meias palavras, aquele sutil constrangimento que não soube interpretar.
Virou-se na cama e fitou o teto. O coração ainda reagia de forma confusa sempre que pensava em David. Ele era capaz de lhe despertar as emoções mais intensas — ternura, desejo, medo. Tudo ao mesmo tempo. Amá-lo parecia andar sobre um fio: bastava um passo em falso para perder o equilíbrio.
Levantou-se e caminhou até a janela. Do lado de fora, o barulho da cidade enchia o ar com ruídos de carros e motos muito ba