No dia seguinte acordo cedo e me arrumo rapidamente, olho no espelho e meu olho está bem menos inchado e a maquiagem cobriu bem, pelo menos as pessoas não ficarão olhando para mim. Yan me dá uma carona e percebo que preciso economizar um pouco mais e comprar um carro, bom com o dinheiro que vou receber pelo apartamento já irá me dar um bom adianto. Antes de ir para minha sala vou até a sala de Sebastian, bato em sua porta e recebo permissão para entrar.

— Aqui está como prometido e antes das nove horas, cinco opções de logo e com algumas sugestões de  embalagens que combinam.

Ele pega a pasta das minhas mãos e antes olha dentro dos meus olhos me deixando constrangida e rapidamente desvio meu olhar. Depois de analisar bem os conteúdos ele separa duas folhas e me entrega e assim que as vejo disfarço uma risada que não passa despercebido por ele.

— Por acaso está rindo de mim?  – Sebastian olha para mim esperando minha resposta.

Percebo que ele está irritado, e prefiro evitar uma briga,  então tento  controlar  minha risada e respiro fundo para responder.

—  Desculpe a risada, é só que você disse que não tinha gostado dos meus desenhos ontem e acabou escolhendo justo eles.

—  Não me diga que aquelas porcarias de rabiscos se transformaram nisso?

— Exatamente! Não sei se mencionei, mas sou péssima em desenhar a mão.

—  Você é péssima desenhando deveria melhorar. Bom, agora leve para a equipe de produção quero ver uma amostra amanhã sem falta. – Ele diz como se estivesse me enxotando e meu lado debochado falou mais alto.

—  Não vai me dizer nem um obrigado? – Pergunto com um sorriso debochado.

—  Você não fez nada mais que sua obrigação, então não lhe devo nada.

—  De vez em quando você poderia ser cortês com as pessoas. – Digo começando a ficar irritada.

—  Sou exatamente como devo ser agora sai que tenho mais o que fazer e não posso perder tempo com os seus lamúrios.

—  Você é tão babaca. –  Aperto os lábios me xingando mentalmente.

— O que disse? – Ele agora me fuzila com os olhos e o pior é que não está errado.

—  Nada, apenas disse que estou indo para minha sala –  Mesmo ele ouvindo o que disse não me diz nada.

— Acho bom mesmo, agora faça jus ao seu salário.

Ele fez um sinal me enxotando e saio de lá cuspindo fogo literalmente, acho que nossos encontros serão sempre assim, gosto muito de trabalhar na StarWood Cosméticos,  mas não sei até quando poderei aturar esse cara e olha que esse é o terceiro dia que trabalhamos juntos, fecho a sua porta e começo a espraguejar.

— Infeliz, babaca, idiota, nojento, ridículo, filho de uma égua, filho da p…

— Eu espero que esses insultos  não sejam direcionados  para o meu filho?

Me assustei ao ver senhor Arturo Roux olhando para mim, e agora acho que serei demitida e o pior é que justo quando preciso comprar um carro. Olho para o meu ex chefe e ele sorri com ternura para mim, bom acho que meu emprego está a salvo.

— Me desculpe, senhor Arturo é que seu filho é  difícil de se lidar, eu sei que não sou fácil mas ele me supera.

— Que tal irmos até sua sala para conversarmos um pouco? – O pai é tão diferente do filho.

Fomos caminhando para a minha sala e ao chegarmos peço para que ele se sente senhor Arturo respira fundo algumas vezes e por fim começa a dizer.

— Isis, gostaria de pedir desculpa a você pelo meu filho, ele tende a ser idiota as vezes e em partes a culpa é minha, mas acredite meu filho tem um excelente coração –  o pai dele diz sorrindo fracamente para mim.

— O senhor não tem culpa pelas ações do seu filho.

— Em partes tenho sim, mas esse é um assunto para outro momento, mas acredite quando digo que meu filho nem sempre foi frio e indiferente, ele se tornou amargo após uma série de incidentes em sua vida. Meu filho se abdicou dos amigos e passou apenas a focar todo o seu tempo e energia no trabalho.

— Eu entendo senhor Arturo, só não consigo entender o motivo do senhor está me dizendo isso. – Realmente estou confusa e ele sorri.

— Pode não parecer, mas vocês dois são iguais, desde o dia em que a entrevistei  percebi isso, ambos são decididos e dedicados ao trabalho, cabeça dura e impulsivos.

Olho para ele ainda não entendendo o motivo dele estar me dizendo essas coisas.

— Você é a filha que eu gostaria de ter tido, se Magda e eu pudéssemos ter mais filhos. – Ele sorri carinhosamente para mim. — Será que você pode ajudar um velho, sei que meu filho tende a ser um pouco enérgico as vez, mas por favor, você entende a dor dele melhor do que ninguém, eu sei que  você está passando por maus momentos.

Sorri para ele com carinho, quando cheguei a empresa era uma menina completamente crua com zero experiência, mas o senhor Arturo me acolheu e me ensinou tudo que hoje sei ele realmente me tratou como se fosse sua  filha.

— Prometo que darei o melhor, mas não garanto que um de nós nos mate no processo.

Nós dois começamos a rir  e ele diz que sempre adora meu senso de humor, Idril entra com duas xícaras de chá e bebemos em silêncio, minha caixa de e-mail pisca e assim que abro a mensagem tenho um  ataque de risos.

De: Sebastian Roux

Para: Isis Hernandez

Assunto:  ??

Senhorita Hernandez, posso saber o motivo do meu pai está enfiado na sua sala?

De: Isis Hernandez

Para: Sebastian Roux

Assunto:  ??

Senhor Roux, por favor mantenha a sutileza das palavras e outra o senhor Arturo é dono da empresa e sendo assim ele pode visitar quem quiser.

O senhor Arturo olha para  mim com curiosidade e digo a ele que seu filho não está gostando dele estar na minha sala, seu Arturo estava prestes a responder quando recebo outra mensagem.

De: Sebastian Roux

Para: Isis Hernandez

Assunto:  ARGH!

A senhorita é uma mulher irritante.

Apenas envio uma mensagem com emojis, confesso que sou uma pessoa que adora um bom deboche e ele está me dando isso de bandeja.  Senhor Arturo se retira dizendo que não irá me incomodar e me convida para ir a sua casa almoçar e digo que quando ele marcar estarei presente.