A noite na Sibéria caía silenciosa e mortal, enquanto Clara permanecia estática no mesmo lugar onde a fenda havia sido selada. O frio era implacável, mas ela mal o sentia. Sua mente estava em um redemoinho de pensamentos, dilacerada pelo sacrifício de Daniel. A ruptura havia desaparecido, mas o vazio que ele deixara era profundo demais para ser ignorado.
Com os olhos fixos no horizonte, Clara lutava para entender o que viria a seguir. O Guardião havia partido, e com ele as respostas que ela tanto buscava. O caos parecia contido, mas a presença sombria e inquietante de tudo o que havia acontecido ainda pairava no ar. E agora, ela estava sozinha.
Porém, conforme o vento uivava ao redor, algo começou a mudar. Primeiro, foi uma leve sensação de calor, uma presença que parecia contradizer o frio cortante. Depois, veio o sussurro — suave, quase inaudível, mas inconfundível.
— Clara...
Ela se virou abruptamente, seu coração disparando. A voz... era familiar demais para ser ignorada.
— Daniel