Respiro fundo, e ao abrir a porta meus olhos se arregalaram, a moça que estava diante mim era completamente diferente daquela que me lembrava. Ela havia mudado, os cabelos estavam mais longos e as curvas se seu corpo mais definidas…
— Theo, THEO! — ela me chama com um tom de voz mais alto. — Terra chamando Theodore. — ela dá uma leve risadinha.
— Desculpa, eu me distraí por um instante. Entra, fica à vontade. — dou espaço pra ela passar.
Ela entra se acomoda no sofá, nessa hora reparo que ela carregava uma mala. Franzo o cenho intrigado com esse fato, me sento ao lado dela.
— É… Obrigado por vir… Mas eu não quero atrapalhar sua viagem!
— Como? Está falando de quê? — me responde e aponto para a mala ao lado do sofá. — Eu trouxe umas coisinhas! — sorri. — Afinal vou ficar aqui por um tempo pra te ajudar com as tarefas da fazenda. — conta.
— É sério? — estava incrédulo em saber disso. — Por essa eu não esperava. — digo ainda surpreso com sua fala.
— É claro! Mas porquê você não esperava que eu viesse? — ela parecia confusa.
— Bem… — fico meio sem graça, mas acabo falando, mesmo estando envergonhado. — Eu achei que você ainda estivesse zangada comigo, por causa do seu sistema solar. — nesse momento a garota começou a rir. — Do que você está rindo?
— Estou rindo de você! Como pôde achar que, depois de todo esse tempo, eu ainda estaria brava? — ela termina a frase rindo novamente.
— Você não pode me culpar! — digo num tom um pouco ofendido. — Os t***s que você me deu naquele dia, deixaram as marcas dos seus dedos no meu braço, ficou até roxo, sabia? — lhe conto.
— Não exagera, Theo! — ela revira os olhos.
— Não é exagero, naquela noite eu não pude dormir virado para o lado esquerdo da dor que sentia no braço. — ela continuou rindo por mais um tempo até que me levanto. — Bem é melhor eu preparar o jantar, está com fome?
— Você sabe cozinhar? — me olha surpresa.
— Claro! — digo todo orgulhoso. — Eu faço um macarrão instantâneo que é lamber os beiços! — lambo os lábios.
— É claro, só podia mesmo. — fala levantando-se do sofá e revirando os olhos. — Acho que vou ter que te dar umas aulas de culinária também. — suspira.
— Eu me viro bem tá. — digo me sentindo ofendido com seu comentário.
Ela achava que eu era o quê? Algum inútil que não saberia se virar sozinho?
— Imagino! — fala com ar sarcástico. — Você deveria se virar bem mal em Nova Iorque. — começa a remexer no armário pegando algumas panelas e colocando em cima do fogão.
— Para a sua informação eu nunca passei fome. — conto cheio de orgulho, eu me sentia um adulto exemplar.
— Gostaria de saber como isso não aconteceu. — falou em um tom mais baixo, provavelmente eu não deveria ter ouvido, porém ouvi assim mesmo.
— A palavra ENTREGA te diz alguma coisa? — perguntei, ela também tinha estudado em uma metrópole, onde era tudo mais prático. Como poderia ter esquecido desse detalhe crucial?
— Ah! Então você é magro de ruim mesmo. — conclui me olhando de cima a baixo. — E eu achando que você era do tipo fitness. — seu tom era debochado.
— Não entendi por que o tom de deboche. — cruzo os braços a encarando sério.
— Comendo fast food todos os dias por todo esse tempo você deveria estar pesando uns 300 kg agora. — me encarando séria.
— Só se eu fosse sedentário, mas eu faço exercícios! — retruco.
— Sabe que levantamento de garfo não conta como exercício não é? — arqueia as sobrancelhas antes de se virar para o fogão.
— Levantamento de garfo? Acha que eu passo o tempo todo comendo? — falo indignado.
— Foi você que disse não eu. — ela não se contém e dá uma pequena risada ao terminar a frase, ela já havia colocado uma panela com água no fogo.
— Eu faço caminhadas periódicas. — digo com orgulho.
— Mesmo? Aonde? — questiona surpresa, virando-se para mim.
— Pelo campus. — ao ouvir minha resposta, Jéssica cai na gargalhada — Para de rir. — fecho a cara.
— Desculpa, mas não tem como. Você acha mesmo que ir de um prédio a outro no campus da faculdade pode ser considerado caminhada? — mantenho a carta irritada. Qual era a dela pra ficar rindo de mim? — Desculpe, de verdade, não queria te deixar chateado. — coça a nuca envergonhada a notar que seu comentário foi desnecessário. — Mas agora vem cá e me ajuda, corta esses temperos, bem finos, ok?
Sem dizer uma palavra me aproximando do balcão, pego uma faca na primeira gaveta da pia, logo começando a picar ou poucos temperos que tínhamos para hoje. Havia aprendido algumas técnicas de cortes com Dean, que era o "cozinheiro oficial" do grupo. E assim preparamos juntos o jantar conversando sobre coisas aleatórias, às vezes relembrando histórias de infância.
Quando nossa refeição estava quase pronta eu coloquei os pratos e talheres à mesa, Jéssica realmente fazia mágica! Não tinha muita coisa para fazer de última hora, mas mesmo assim nenhum de nós iria dormir com fome. Continuamos a relembrar os velhos tempos durante o jantar.
— Agora vamos ao que interessa. — falo assim que terminamos de lavar a louça. — Dá uma olhada nessa lista, como vamos dividir tudo isso pelo mês? — digo lhe entregando o papel.
— Sua mãe já deixou tudo separado por dia. — me diz, analisando a lista em suas mãos.
— Hummm… Mais por onde a gente começa? — estava perdido.
— Bem, tem essas tarefas aqui. — ela vai apontando uma a uma no papel. — Que temos que fazer todos os dias, sem exceção. — conta.
— Okay, o que mais?
Ficamos ali na cozinha, planejando como realizar as tarefas até que Jéssica se dá conta de que já está bem tarde, e que no outro dia precisaríamos levantar cedo.
— Está bem, vamos dormir — me levanto, indo em direção aos quartos.
— Espera! — Jéssica segura meu braço. — Aonde eu vou dormir?
Tínhamos somente dois quartos na casa, o dos meus pais e o meu.
— Hummm, você pode ficar no quarto dos meus pais. É por aqui. — ela assente, lhe mostro o cômodo, ela sorri passando pela porta. — Boa noite Jéssica até amanhã.
Ela me responde com um "Até" e então fecha a porta. Eu segui até meu antigo quarto estava tudo igual a quando eu saí daqui rumo a Nova Iorque, deito em minha velha cama.
"Tomara que ela durma bem!" penso, porém não fico muito tempo acordado, estava tão cansado que logo peguei no sono.